O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao afirmar que ele “escolheu o candidato errado” para as eleições deste ano. A declaração foi feita em referência a Capitão Alberto Neto (PL), seu adversário no segundo turno, marcado para 27 de outubro.
Em entrevista a um veículo de notícias, Almeida classificou Alberto Neto como “radical” e “extremista”. O prefeito expressou preocupação de que o candidato apoiado por Bolsonaro poderia “cancelar” a construção de imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida em Manaus, uma das principais iniciativas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar das críticas direcionadas ao seu adversário, Almeida adotou um tom mais conciliador ao mencionar Jair Bolsonaro. O prefeito havia apoiado a candidatura do então presidente em 2022 e se define como um “democrata-cristão, conservador e de direita”. Ele também questiona a hegemonia do PL entre os eleitores desse espectro político.
“É inegável que o Bolsonaro tem uma grande aceitação em Manaus, teve mais de 60% dos votos em 2022. A gente divide muito o voto da direita, já que eu sou de uma ala cristã. Eu só não sou filiado ao partido dele, mas não é porque alguém que está filiado ao partido do Bolsonaro que vai receber todos os votos de alguém que pensa e comunga dos princípios pregados pela direita atualmente”, disse.
Direita em Manaus
Ao Em Tempo, o cientista político Helso Ribeiro, analisa que diferente perfis de eleitores podem ser influenciados pela vinda de Bolsonaro a Manaus e que cada um já deve ter seu candidato pre-estabelecido.
“Aquele eleitor bolsonarista raiz, um eleitor mais voltado, por vezes para uma extrema direita, ele já participou dessa eleição e vai repetir o voto no segundo turno no capitão Alberto Neto, que sempre foi muito fiel aos ditames do ex-presidente Bolsonaro e aquele bolsonarista, o liberal de direita, também é uma boa maioria, que não segue cegamente o ex-presidente Bolsonaro, esse eu acho que ele vai ponderar, vai tentar ver o que é bom ou o que é ruim na proposta dos dois. Eu diria que uma parte segue com o Capitão Alberto Neto, outra parte segue com o prefeito David Almeida”, analisa.
“O prefeito David Almeida também na eleição passada apesar de ter apoiado o candidato do Avante, ele declarou no segundo turno voto ao ex-presidente Bolsonaro, vejo que os dois candidatos tanto o David quanto Alberto Neto, os dois são candidatos de direita, os dois conservadores”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a Manaus na terça-feira (15) de outubro, e foi recebido por manifestantes que exibiam placas de apoio ao prefeito David Almeida, rival de Alberto Neto (PL), que conta com o apoio de Bolsonaro.
Em vídeos compartilhados nas redes sociais, mensagens como “Sou de direita e voto David Almeida” chamaram a atenção. No Aeroporto Internacional de Manaus, eleitores aguardavam a chegada do ex-presidente, segurando suas placas em apoio a Almeida.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP), e a senadora Damares Alves (Republicanos) também desembarcaram em Manaus para apoiar a candidatura de Alberto Neto.
“Eu vejo esse bolsonarista raiz, assim uns trinta por cento do eleitorado do ex-presidente, a outra parte são pessoas de direita, que não gostavam de outras opções, do PT principalmente, o que não é o caso agora. Eu já tenho visto o capitão Alberto Neto, tentar dizer que a verdadeira direita está com Bolsonaro, isso faz parte de uma narrativa e o David Almeida vai permanecer tentando mostrar que ele também é de direita, conservador. O que eu observo isso aí é cíclico, hoje em dia nós estamos vivendo um uma espécie de uso inflacionado da palavra direita, quem não é de direita parece que é mal visto, algo nesse sentido. Então os dois vão com esse discurso, vamos ver como é que vai se comportar o eleitor no dia vinte e sete”, analisou o cientista político, Helso Ribeiro.
David Almeida mencionou em outros momentos que mantém uma boa relação com o governo federal, devido a uma aproximação que ocorreu por meio dos senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM), aliados tanto de Almeida quanto de Lula.
Na entrevista, ele enfatizou que a relação é institucional e visa trazer recursos federais para a cidade, que enfrenta um estado de emergência devido à seca histórica na região. No entanto, destacou que isso não significa apoio ou alinhamento político.
“Não posso punir a população por uma escolha pessoal e particular. Conseguimos 4.700 moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida, totalizando mais de R$ 1 bilhão em investimentos”, afirmou.
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