O período natalino expõe ações de solidariedade que vão desde cantata com o povo em situação de rua, passando por um dia inclusivo para crianças com deficiência, até a entrega de cestas básicas e brinquedo para pessoas em situação de vulnerabilidade.
Além de celebrar o nascimento de Jesus, os grupos sociais em Manaus se ajustam para espalhar a esperança, principalmente para aqueles que são invisíveis aos olhos da população.
Cantata de Natal
Em ação de solidariedade, a Arquidiocese de Manaus realizou, no domingo (22), a II Cantata de Natal com a participação do povo em situação de rua que mora nas adjacências da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, no Centro Histórico de Manaus.
A Comunidade Ágape realizou o trabalho de acolhimento, orientação e distribuição de alimentos, kits de higiene e a água, e foi a responsável pela organização do encontro especial.
A cantata de Natal apresentou a chegada de José e Maria, que buscavam um lugar seguro para Jesus nascer.
A encenação chamou atenção de quem passava pela Praça dos Remédios na manhã, pois de modo simples contou como o filho de Deus veio ao mundo como um sinal de salvação para todos. No momento de contemplar a criança que nasceu, a emoção tomou conta dos atores.
Pela segunda vez, Marlon Elvis Costa da Silva interpretou José na encenação. Emocionado, ele relatou a importância de representar o pai de Jesus.
“Para mim é muito importante porque relembra o nascimento de Jesus. Fiquei refletindo na hora da peça tudo o que aconteceu na minha vida que me fez virar um morador de rua. Toda vez reflito que Deus vai me tirar dessa vida, pois ele colocou seu único filho no mundo para eu ter vida. Essa vida de vício que estou agora não quero mais. Pedi para Ele mais uma vez, meu Pai, me tira dessa vida”, pediu o morador de rua.
Os voluntários que atuam na Comunidade Ágape fazem parte de diversas paróquias e Áreas Missionárias da Arquidiocese de Manaus.
São pessoas que doaram seu tempo e serviço para na produção dos kits de alimentação e higiene, vestuário e também veio servir no dia da apresentação fazendo parte organização, liturgia e divulgação.
Doação de cesta básica
O Comando Militar da Amazônia (CMA) também demonstrou a força de integração do Exército Brasileiro com a sociedade e realizou a entrega de cestas básicas e brinquedos para crianças em situação de vulnerabilidade em Iranduba e Manaus, nos dias 22 e 23 de dezembro.
A ação leva um pouco de alegria e esperança para as comunidades; e reforça o compromisso do Exército com o bem-estar da população amazônica.
A equipe do CMA esteve presente na Comunidade Grande Conquista, localizada no km 06 da AM 151, em Iranduba. A comunidade, que enfrenta diversas dificuldades, recebeu com entusiasmo a visita dos militares, que distribuíram cestas básicas, garantindo um Natal mais farto para as famílias, e brinquedos, que iluminaram o sorriso das crianças.
A ação proporcionou momentos de alegria e descontração, fortalecendo os laços entre o Exército e a comunidade.
Inclusão
A magia do Natal chegou para 20 crianças com deficiência. No mês de dezembro, a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) promoveu atividades rurais e de lazer com nova edição do Natal Inclusivo. A ação ocorreu na Fazenda Santa Rosa, localizada no município de Iranduba.
Participaram do Natal Inclusivo dez crianças do projeto Amazonas Eficiente, dos centros de convivência Magdalena Arce Daou e Padre Pedro Vignola, e dez do público geral, que se inscreveram na iniciativa.
Participaram do Natal Inclusivo dez crianças do projeto Amazonas Eficiente, dos centros de convivência Magdalena Arce Daou e Padre Pedro Vignola, e dez do público geral, que se inscreveram na iniciativa.
De acordo com a secretária executiva da Pessoa com Deficiência, Lêda Maia, o Natal Inclusivo faz parte de uma série de ações que o Governo do Amazonas programou para a população PcD, no mês de dezembro.
“Iniciamos [as ações] com a entrega de 200 cadeiras de rodas, no Vasco Vásquez, que faz parte de um projeto que vai tentar zerar a fila de espera do equipamento, que é distribuído pelo Governo do Estado do Amazonas”, afirmou Lêda.
Hary e o Karimã
O Natal também tem um significado importante para os povos indígenas que residem no Amazonas. Para o povo indígena Sateré-Mawé, no lugar do “bom velhinho” barbudo com roupa vermelha e branca, está um casal de idosos, a Hary e o Karimã. Já o cenário de neve, trenó e renas, dar-se lugar a floresta amazônica.
Segundo o professor e escritor Yaguarê Yamã, Hary significa “vovó” na língua sateré. Ela é a esposa de Karimã, outro nome nativo que significa “massa de mandioca” em nheengatu. Os dois, por não terem filhos, decidem fazer brinquedos e presentear as crianças em todo final do ano.
Conforme a lenda indígena, enquanto Hary costumava distribuir presentes e doces para as crianças, Karimã se ocupava fazendo cestarias para dar aos adultos.
O tempo passou e os idosos acabaram morrendo. Para homenagear o casal, as pessoas começaram a distribuir presentes e criaram uma data para celebrar o legado de Hary e Karimã. Assim nasceu o çuriçawara, conhecido como dia da felicidade.
“Quanta coincidência temos. O Çuriçawara foi esquecido para dar lugar ao Natal dos jesuítas. Todos os povos têm sua cultura ancestral. Cultura o Brasil tem demais. O que falta é conhecimento de si”, afirma Yaguarê.
Autor de 40 livros, o escritor indígena busca apresentar a riqueza cultural dos povos originários, em uma espécie de “resgate da brasilidade”.
“Eu sou ativista e minha literatura é toda de ativismo. Essa riqueza toda que nós temos tem que estar junto com o nosso coração e com a nossa consciência. Essa brasilidade permite que a gente procure histórias e informações que a maioria desconhece”, finaliza Yaguarê ao Correio.
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