O funcionamento do Polo Industrial de Manaus (PIM) depende diretamente da entrada de insumos importados e da saída de produtos acabados para abastecer o mercado nacional e internacional.

Essa engrenagem complexa enfrenta hoje um grande desafio: a mobilização dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, que intensificaram a operação-padrão, resultando em atrasos significativos na liberação de cargas e um possível colapso logístico.

A greve, iniciada em 26 de novembro, já afeta diretamente a produção. Os dois terminais portuários de Manaus recebem juntos cerca de 40 mil contêineres por mês, e a retenção dessas cargas compromete o abastecimento das fábricas instaladas no Amazonas. 

Além disso, importações que antes eram liberadas rapidamente agora ficam paradas por quase 30 dias, um tempo crítico para indústrias que dependem de insumos constantes para manter sua produção.

A crise logística nos portos e terminais

Os impactos da paralisação são visíveis nos principais terminais portuários do Amazonas. No Super Terminais, há mais de 100 contêineres aguardando descarga, sem espaço para armazenagem. No Chibatão, a situação também preocupa, ainda que em menor escala.

A paralisação não só congestionou os portos, como também aumentou o número de contêineres submetidos a vistoria física, um processo que tem causado filas e elevação de custos para as empresas.

O problema não se restringe ao Amazonas. Aeroportos como Viracopos e Guarulhos já enfrentam falta de espaço para armazenar cargas, e o atraso no desembaraço de mercadorias chega a quase dez dias. Caso a greve continue, o Brasil poderá enfrentar um efeito cascata, comprometendo cadeias produtivas inteiras.

O custo da paralisação para o setor produtivo

A imprevisibilidade no recebimento de insumos tem sido um grande desafio para a indústria, gerando impactos diretos na produtividade e na entrega de produtos. 

As empresas do PIM têm se esforçado para manter seus funcionários, mas os custos operacionais crescem a cada dia. A permanência desse cenário pode levar a medidas mais severas, incluindo redução do ritmo de produção e possível comprometimento de empregos.

Além disso, as exportações também estão sendo afetadas. Produtos destinados ao mercado externo dependem da fiscalização da Receita Federal, e os atrasos podem comprometer acordos comerciais importantes com parceiros internacionais, como China e União Europeia. Se a greve evoluir para uma paralisação total, o país pode enfrentar problemas diplomáticos e econômicos significativos.

A necessidade urgente de diálogo e soluções

A valorização dos Auditores-Fiscais é uma pauta legítima, e o reconhecimento da importância de seu trabalho não pode ser ignorado. No entanto, a falta de negociação com o governo federal está levando a um cenário que prejudica não apenas a categoria, mas toda a economia nacional.

O PIM é um dos motores da economia brasileira, e qualquer instabilidade na sua operação impacta a indústria de forma ampla.

A previsibilidade e a eficiência logística são fundamentais para manter a competitividade do Brasil, e a resolução desse impasse precisa ser tratada com urgência. O diálogo entre governo e auditores-fiscais é essencial para evitar prejuízos ainda maiores para o setor produtivo e para o país.

( * ) Nelson Azevedo é Vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas – FIEAM

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