O Catar, principal mediador do conflito entre Israel e Hamas, afirmou nesta terça-feira (8) que não houve “nenhum avanço até o momento” nas negociações por um cessar-fogo em Gaza. Segundo Majed al-Ansari, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, as conversas “precisam de tempo” para amadurecer.
“O que está acontecendo agora é que ambas as delegações estão em Doha. Estamos conversando com elas separadamente sobre uma estrutura para as negociações. Portanto, as negociações ainda não aconteceram, mas estamos conversando com ambas as partes sobre essa estrutura”, explicou.
Trump e Israel demonstram otimismo
Apesar da declaração do Catar, Steve Witkoff, enviado especial de Donald Trump para o Oriente Médio, disse acreditar que um cessar-fogo temporário pode ser alcançado até o fim desta semana. “Estamos esperançosos de que, até o final desta semana, tenhamos um acordo que nos leve a um cessar-fogo de 60 dias”, afirmou.
Autoridades israelenses também demonstraram confiança. Ze’ev Elkin, membro do gabinete de segurança, declarou que há “uma chance substancial” de um acordo, embora reconheça que o Hamas busca mudar pontos centrais do entendimento.
Trump ainda se reuniu com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, defendendo-o das acusações de corrupção e descrevendo a situação como uma “tragédia”.
Proposta prevê troca de reféns e retirada parcial de tropas
A proposta atual, construída com apoio dos Estados Unidos, inclui:
- Cessar-fogo inicial de 60 dias
- Libertação gradual de 28 reféns pelo Hamas
- Libertação de palestinos presos em Israel
- Retirada parcial de tropas israelenses de Gaza
- Ampliação do acesso a ajuda humanitária
O Hamas, porém, quer garantias firmes de que Israel não retomará os ataques após a pausa.
Conflito deixa milhares de mortos e ameaça novos deslocamentos
Enquanto as negociações avançam, ataques israelenses continuam. Nesta terça, bombardeios mataram ao menos dez pessoas e feriram 72 em Nuseirat, segundo o hospital al-Awda.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, apresentou um plano polêmico para deslocar toda a população de Gaza para Rafah e criar uma “cidade humanitária” — medida que especialistas consideram um crime contra a humanidade.
A guerra, que começou após um ataque do Hamas ao sul de Israel em outubro de 2023, já matou mais de 57 mil palestinos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza.
(*) Com informações do VEJA
Leia mais: Hamas e Israel retomam diálogo por cessar-fogo em Gaza
