O ex-primeiro-ministro israelense Ehud Olmert classificou como “campo de concentração” a proposta do governo de Israel de criar uma “cidade humanitária” dentro da Faixa de Gaza. O projeto pretende reassentar centenas de milhares de palestinos em uma área construída sobre as ruínas da cidade de Rafah, no sul do território.
“É um campo de concentração. Sinto muito”, disse Olmert ao jornal britânico The Guardian neste domingo (13).
“Se eles (palestinos) forem deportados para a nova ‘cidade humanitária’, então pode-se dizer que isso faz parte de uma limpeza étnica.”
Área cercada e sem direito de saída
De acordo com o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, a população de Gaza que entrar na “cidade humanitária” não poderá sair. Katz também anunciou planos para promover a emigração de palestinos do território.
Os planos foram discutidos em reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, mas reportagens da imprensa israelense indicaram que a construção da área demandaria meses e bilhões de dólares. Após isso, Netanyahu pediu ajustes para reduzir custos e prazos.
Reações internas em Israel
As críticas de Olmert vão além do esperado no debate público de Israel, especialmente ao comparar a proposta a campos de concentração nazistas — algo considerado tabu no país. O ex-premiê já havia criticado a atuação militar de Israel em Gaza e, em maio, declarou que não podia mais defender o país contra acusações de crimes de guerra.
“Quando eles constroem um acampamento onde planejam ‘limpar’ mais da metade de Gaza, a compreensão inevitável da estratégia disso não é salvar (os palestinos). É deportá-los, expulsá-los e expulsá-los”, afirmou Olmert.
O líder da oposição, Yair Lapid, também criticou o plano, chamando-o de “fantasia extrema” para agradar a ala ultradireitista do governo e pediu foco no fim da guerra e na libertação dos reféns.
Especialistas alertam para crimes de guerra
O advogado de direitos humanos Michael Sfard afirmou que a proposta de reassentamento forçado pode configurar crime de guerra e, se for feita em larga escala, até crime contra a humanidade.
Segundo o Ministério da Saúde palestino, mais de 58 mil pessoas morreram em Gaza desde o início da guerra, em outubro de 2023.
(*) Com informações da CNN Brasil
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