A Rússia reagiu com cautela ao ultimato dado por Donald Trump na segunda-feira (14). O americano estipulou 50 dias para Vladimir Putin encerrar a Guerra da Ucrânia, sob risco de novas sanções.

Segundo Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, a fala de Trump “é séria e precisa de tempo para ser analisada”. Ele afirmou que sinais vindos de Bruxelas e Washington demonstram disposição para manter o conflito.

O anúncio ocorreu ao lado de Mark Rutte, secretário-geral da Otan, no Salão Oval da Casa Branca. Peskov ainda disse que Putin poderá comentar o tema diretamente e que o governo russo aguarda resposta de Kiev para uma terceira rodada de negociações.

Moscou avalia ameaça, mas rejeita negociar sob pressão

O vice-chanceler Serguei Riabkov afirmou que Moscou sempre esteve disposta a negociar, mas não aceitará “ameaças ou ultimatos”. Ele é negociador nuclear da Rússia e especialista em relações com os EUA.

A Bolsa de Moscou reagiu positivamente ao anúncio, sinalizando esperança por um possível fim do conflito. Por outro lado, políticos de linha dura criticaram a mudança de postura de Trump. O ex-presidente Dmitri Medvedev classificou o ultimato como “teatral” e disse que deve ser ignorado.

Um analista ouvido pela Folha afirmou que o prazo de 50 dias foi visto como “razoável para ajustes internos”, mas também como sinal de que mais pressão virá.

Trump pressiona aliados e endurece medidas contra Rússia

Trump prometeu tarifas de 100% sobre o comércio com a Rússia, que tem impacto limitado, e a mesma taxação para países que compram petróleo russo — como China, Índia e Turquia. A China, por exemplo, comprou 47% do petróleo cru russo em junho; a Índia, 38%.

O Brasil também pode ser atingido. Trump pretende aplicar tarifas de 50% ao país a partir de agosto, em retaliação política ligada ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida gera atrito com o governo Lula (PT).

Envolvimento da Otan e reforço militar para a Ucrânia

Trump suspendeu e depois retomou o envio de armas antiaéreas a Kiev, sinalizando contradições na política americana. Em Washington, ele fechou acordo para que países europeus ricos da Otan paguem pelos novos sistemas Patriot destinados à Ucrânia.

Há expectativa se Trump autorizará armas ofensivas para Kiev. Segundo o Financial Times, ele chegou a perguntar ao presidente Volodimir Zelenski, em ligação recente, se a Ucrânia poderia atacar Moscou caso tivesse os equipamentos.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

Leia mais: Israel amplia ataques e atinge Gaza, Líbano, Síria e Cisjordânia