A obesidade é uma das doenças que mais avançam no país, afetando milhões de brasileiros e elevando os riscos de doenças cardíacas, diabetes e outras complicações. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), mais de 9 milhões de pessoas enfrentaram a obesidade em 2024.

Protocolos personalizados são mais eficazes

Diante desse cenário, a endocrinologista Milene Guirado defende o uso de protocolos de emagrecimento individualizados, que, segundo ela, oferecem resultados superiores às dietas genéricas.

“Para que o tratamento seja eficaz, a avaliação inicial precisa ser detalhada e individualizada. O paciente é avaliado com exame físico, anamnese e exames laboratoriais e de imagem, quando necessários. A Bioimpedância nos ajuda a planejar a perda de peso de forma eficaz. As estratégias dependem do objetivo do paciente, comorbidades, histórico familiar, deficiências vitamínicas, composição corporal, rotina, entre outros”, explica Milene.

Exames detalhados ajudam a identificar obstáculos

A médica destaca que exames laboratoriais completos são essenciais para diagnosticar causas que dificultam o emagrecimento, como alterações hormonais e inflamatórias.

“A Tireóide desregulada, Síndrome dos Ovários Policísticos, resistência insulínica, estresse crônico, hipogonadismo masculino e menopausa podem interferir no processo. Alterações hormonais nem sempre aparecem claramente nos exames, por isso a interpretação deve ser cautelosa”, alerta.

Mudança de hábitos é parte essencial do tratamento

Milene afirma que, embora o uso de medicamentos possa ser indicado, eles devem sempre estar associados à mudança de estilo de vida. “Obesidade é crônica e multifatorial, e deve ser tratada com todo o arsenal disponível”, diz.

“O acompanhamento médico contínuo é outro diferencial importante. No modelo antigo, o paciente recebia orientação e só retornava semanas depois, muitas vezes perdendo motivação. No protocolo personalizado, o médico acompanha em tempo real, corrige rapidamente e mantém o paciente confiante e motivado”, explica a profissional.

Frequência de retorno e adaptação do plano

A frequência dos retornos varia conforme a fase do tratamento. “Na fase inicial, geralmente semanal, depois espaçando conforme evolução. Alguns pacientes precisam de acompanhamento contínuo, outros completam o processo em 4 a 6 meses. Pacientes resistentes exigem foco na redução do risco cardiovascular”.

Quando o paciente atinge o chamado efeito platô, o protocolo é ajustado. “Para prevenir o efeito sanfona, é fundamental aliar medicação, alimentação adequada e atividade física. Atividade física regular e dieta adequada são indispensáveis. Nutricionista e educador físico são fundamentais nesse processo”, alerta.

Fatores externos também interferem nos resultados

A endocrinologista chama a atenção para influências externas e internas que afetam o processo de emagrecimento, como sono ruim, estresse crônico, baixa ingestão de água, alterações hormonais não tratadas, deficiências nutricionais e disfunções na microbiota intestinal.

“A medicação é apenas uma ferramenta”, orienta.

Peso ideal não é o único objetivo

Segundo Milene Guirado, o tempo necessário para atingir o peso ideal depende de múltiplos fatores — e o peso, por si só, não deve ser o único parâmetro.

“O tempo depende de vários fatores: grau de obesidade, genética, tentativas anteriores, comorbidades, adesão ao tratamento e empenho na alimentação e atividade física. Muitas pessoas não veem resultados porque não seguem orientação adequada. Se a pessoa deseja realmente emagrecer, precisa mudar a rotina. Atividade física deve ser de segunda a sexta, com treino orientado. Fingir que está treinando só faz perder tempo e dinheiro”, finaliza a especialista.

(*) Com informações da assessoria

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