As Forças de Defesa de Israel seguem com bombardeios e operações terrestres na Cidade de Gaza, nesta quarta-feira (1º), e agora impedem que palestinos que vivem ou se deslocaram ao sul da Faixa de Gaza retornem ao norte do território.

A nova diretriz amplia o cerco militar em torno da região, enquanto o grupo Hamas avalia o plano de paz proposto pelo presidente americano Donald Trump para encerrar o conflito.

O Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, justificou a medida como parte da estratégia para derrotar o Hamas.

“Esta é a última oportunidade para os residentes de Gaza que desejam se deslocar para o sul e deixar os membros do Hamas isolados na própria Cidade de Gaza diante das operações em grande escala contínuas das Forças de Defesa de Israel”, disse Katz.

Ele afirmou que qualquer pessoa que tente se deslocar para o sul passará por triagem do Exército israelense.

As forças israelenses também bloquearam o uso da estrada costeira para deslocamentos do sul para o norte. Segundo o Exército, o trajeto segue aberto apenas para quem foge rumo ao sul.

Testemunhas relataram que tanques israelenses começaram a avançar em direção à estrada costeira, vindos do leste, mas ainda não haviam chegado ao local até o momento do relato.

Bombardeios deixam dezenas de mortos em Gaza

Segundo moradores da Cidade de Gaza, aviões e tanques de Israel bombardearam bairros residenciais durante toda a noite de terça-feira (30). De acordo com as autoridades de saúde locais, ligadas ao Hamas, ao menos 35 pessoas morreram nesta quarta, a maioria na Cidade de Gaza.

Entre os ataques registrados:

  • Sete pessoas morreram em um bombardeio à cidade velha de Gaza
  • Seis pessoas foram mortas dentro de uma escola onde estavam abrigadas

O Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, afirmou ainda que dois palestinos, incluindo uma criança, morreram por desnutrição e fome nas últimas 24 horas, elevando o número de mortes por essas causas para 455 pessoas, sendo 151 crianças, desde o início da guerra.

Hamas analisa proposta de Trump para encerrar guerra

Enquanto o cerco militar se intensifica, o grupo Hamas analisa o plano de paz apresentado por Donald Trump, segundo uma fonte próxima ao grupo ouvida pela agência Reuters.

A proposta foi lançada por Trump ao lado do primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu. Na terça-feira (30), Trump deu ao Hamas “três ou quatro dias” para responder ao plano.

Um funcionário palestino ouvido pela Reuters chamou a proposta de “desastre”, mas reconheceu que rejeitá-la também seria problemático. Segundo ele, o plano “era de Netanyahu e articulado por Trump”.

O que diz o plano de paz de Trump?

A proposta apresentada por Trump contém 20 pontos e exige:

  • A libertação dos reféns restantes
  • A entrega das armas pelo Hamas
  • A exclusão do grupo de qualquer papel futuro na administração de Gaza

O plano não estabelece um caminho claro para a criação de um Estado palestino, demanda central do Hamas e de países árabes e muçulmanos. Também prevê a retirada de Israel de Gaza em fases, sem prazo definido.

O Hamas ainda não comentou oficialmente o conteúdo da proposta.

Facções palestinas menores rejeitam plano

Três facções terroristas palestinas menores, incluindo duas aliadas do Hamas, já rejeitaram publicamente o plano, alegando que ele “destruiria a causa palestina” e daria a Israel controle legítimo sobre Gaza com aval internacional.

Apesar disso, muitos líderes mundiais, inclusive da Europa e do mundo árabe, manifestaram apoio à proposta. Diversos elementos do plano já foram incluídos em outras tentativas de cessar-fogo anteriores, apoiadas pelos Estados Unidos e rejeitadas em diferentes momentos por Israel e Hamas.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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