Apesar do pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que os ataques sejam interrompidos, o Exército israelense anunciou neste sábado (4) que continuará suas operações na Cidade de Gaza. A população foi orientada a não retornar à região, que segue sob forte risco.

De acordo com o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Avichay Adraee, tropas continuam ativas tanto no norte quanto no sul da Faixa de Gaza. “É extremamente perigoso regressar. Para a sua segurança, evitem se aproximar das áreas de atuação militar”, declarou em publicação na rede social X.

A declaração foi feita poucas horas após veículos israelenses divulgarem que as operações militares foram convertidas para um caráter “defensivo”, conforme decisão do governo de Israel. A medida, no entanto, não significou uma pausa nos ataques.

Ataques e mortes nas últimas 24 horas

Durante a madrugada deste sábado, bombardeios atingiram diferentes pontos da Faixa de Gaza, resultando em pelo menos nove mortes, incluindo três crianças, e diversos feridos. Mais tarde, um novo balanço elevou o número de vítimas para 29, segundo hospitais locais.

Na Cidade de Gaza, 22 pessoas morreram após três ataques israelenses registrados nesta manhã. Outras vítimas foram contabilizadas nos hospitais Al Awda, Al Aqsa e Nasser.

Fontes militares israelenses informaram que, embora a operação de invasão tenha sido interrompida, tropas permanecem em posição estratégica, utilizando fogo defensivo.

Pressão internacional e plano de paz

Os ataques ocorreram em meio às negociações para implementar um plano de paz proposto por Donald Trump. O projeto, apresentado no início da semana, prevê o fim imediato da guerra, a libertação dos reféns e a criação de um governo de transição supervisionado pelo ex-presidente dos EUA e pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. A proposta também inclui a desmilitarização da Faixa de Gaza.

Após o Hamas declarar que está disposto a libertar todos os reféns e iniciar negociações “imediatas”, Trump apelou publicamente a Israel para cessar os bombardeios.

Um dirigente do Hamas confirmou à AFP que o movimento islâmico está pronto para negociar “todas as questões” do plano, incluindo trocas de prisioneiros e condições no território. A Jihad Islâmica Palestina também manifestou apoio à resposta do Hamas, ressaltando que participou das consultas que levaram à decisão.

Guerra prolongada e números da crise

O conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque inédito em território israelense, matando cerca de 1.200 pessoas, em sua maioria civis. Israel respondeu com uma ofensiva militar de larga escala para “erradicar” o grupo.

Desde então, mais de 65 mil palestinos foram mortos na Faixa de Gaza, segundo dados do Hamas considerados confiáveis pela ONU. A maioria das vítimas são civis.

Leia mais:

Trump anuncia cessar-fogo entre Israel e Irã