Autoridades do Hamas estão no Egito nesta segunda-feira (6) para iniciar negociações com Israel e Estados Unidos sobre o plano apresentado por Donald Trump há uma semana, que visa encerrar a guerra na Faixa de Gaza. O território segue sob bombardeios de Tel Aviv.
Os principais tópicos ainda em aberto na proposta do ex-presidente americano incluem:
- O desarmamento do grupo Hamas
- O afastamento da facção do governo local
- A retirada das forças israelenses do território palestino
Ambas as partes demonstraram abertura à proposta, que prevê o fim dos combates e a libertação de reféns em troca de palestinos detidos em Israel.
Delegações no Egito e no Qatar
A delegação do Hamas conta com Khalil Al-Hayya, negociador-chefe e sobrevivente de um ataque israelense em Doha que matou cinco membros do grupo no mês passado. Ele se reúne com mediadores egípcios e do Qatar nesta segunda-feira, segundo fonte da própria facção.
Negociadores israelenses devem chegar à cidade de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, ainda nesta segunda. A equipe inclui membros da inteligência israelense, o conselheiro de política externa do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, Ophir Falk, e o coordenador de reféns, Gal Hirsch.
O principal negociador de Israel, o ministro de Assuntos Estratégicos Ron Dermer, deve se juntar ao grupo ao longo da semana, dependendo do avanço das negociações, conforme revelaram três autoridades israelenses à agência Reuters.
Conflito já dura dois anos
As conversas ocorrem às vésperas do segundo aniversário da guerra, nesta terça-feira (7). O conflito já deixou a maioria dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza desabrigados e famintos, vivendo entre escombros.
Segundo autoridades de saúde locais, mais de 67 mil palestinos morreram em ataques israelenses durante o período — número considerado confiável pela ONU.
Apesar de ambos os lados aceitarem os princípios do plano americano, vários detalhes ainda precisam ser resolvidos. Um dos pontos mais delicados é a exigência de que o Hamas entregue suas armas. De acordo com uma fonte da facção à Reuters, isso só ocorrerá se Israel encerrar a ocupação e permitir a criação de um Estado palestino.
Netanyahu, por sua vez, rejeita a possibilidade de um Estado palestino. A posição do premiê israelense vai contra a de países como França, Reino Unido e Canadá, que recentemente reconheceram a independência palestina em resposta à devastação causada pela guerra.
Expectativa por avanços
Uma fonte próxima às negociações afirmou que a rodada de conversas pode durar vários dias. Um acordo rápido é improvável, pois o objetivo é fechar um pacto abrangente, com todos os pontos definidos antes da implementação de um cessar-fogo.
Trump, no entanto, demonstrou otimismo:
“Fui informado de que a primeira fase deve ser concluída esta semana, e estou pedindo a todos que AJAM RÁPIDO”, escreveu o ex-presidente em uma rede social neste domingo (5).
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, também pediu que Israel suspendesse os bombardeios.
“Reféns não podem ser libertados em meio a ataques”, declarou Rubio. Apesar do apelo, imagens da AFP registraram novas explosões em Gaza nesta segunda-feira.
Situação em Gaza continua crítica
Um palestino ligado ao Hamas afirmou que o grupo só encerrará suas ações militares após o fim dos bombardeios e a retirada das tropas israelenses da Cidade de Gaza.
“Houve uma clara redução no número de bombardeios aéreos. Tanques e veículos militares recuaram um pouco, mas acho que se trata de uma manobra tática, não de uma retirada”, disse Muin Abu Rajab, 40, morador da região, à Reuters.
Mesmo com a redução parcial dos ataques, a Defesa Civil informou que ao menos 20 pessoas morreram no domingo, sendo 13 delas na Cidade de Gaza.
(*) Com informações da Folha de S.Paulo
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