Autoridades da China ordenaram a remoção de duas populares plataformas de namoro LGBTQIA+ das lojas de aplicativos do país, confirmou a Apple nesta terça-feira (11).
“Após uma ordem da Administração do Ciberespaço da China (ACC), retiramos esses dois aplicativos apenas da loja chinesa”, declarou um porta-voz da Apple. “Respeitamos as leis dos países nos quais operamos.”
Repressão à comunidade LGBTQIA+ na China
O casamento entre pessoas do mesmo sexo não é legalizado na China, e ativistas afirmam que a repressão à comunidade LGBTQIA+ tem se intensificado nos últimos anos. Eventos e publicações relacionados à comunidade são frequentemente censurados.
A ACC, órgão regulador da internet e responsável pela censura, anunciou em setembro uma campanha de dois meses contra redes sociais acusadas de difundir “uma visão negativa da vida”.
No fim de semana, usuários de redes sociais chinesas notaram que as versões completas dos aplicativos Blued e Finka, pertencentes ao mesmo grupo com sede em Hong Kong, desapareceram das lojas da Apple e Android.
“Deveriam ter sido vistos como algo positivo, uma iniciativa socialmente benéfica”, afirmou Hu Zhijun, cofundador da organização PFLAG China, que defende a comunidade LGBTQIA+.
No entanto, uma versão limitada do Blued permaneceu disponível na App Store chinesa, e alguns usuários relataram que os aplicativos ainda funcionam se já estiverem instalados em seus dispositivos.
Reações de advogados e ativistas
Zhao Hu, advogado de longa trajetória na defesa dos direitos LGBTQIA+, classificou a decisão como inesperada e sem explicação:
“Sem qualquer explicação”, disse Zhao à AFP.
Hu Zhijun destacou o impacto social dos aplicativos:
“Ajudaram homens gays a levar uma vida mais estável e a encontrar parceiros para relações íntimas.”
Alternativas internacionais
Fora da China, é possível baixar uma versão internacional do Blued chamada HeeSay, que afirma ter 54 milhões de usuários LGBTQIA+ globalmente, segundo a descrição do aplicativo na loja da Apple.
Apesar da homossexualidade ter sido descriminalizada em 1997, a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo ainda não foi implementada. Uma demanda pela Assembleia Popular Nacional em 2019 indicou o interesse da população, mas a conquista ainda parece distante.
Durante a pandemia de Covid-19, o Ministério da Educação orientou escolas a “cultivar a masculinidade dos alunos”, alegando que jovens chineses estavam se tornando muito femininos. O evento ShanghaiPride, que vinha se consolidando em Xangai, desapareceu com o início da pandemia e não voltou.
Em 2022, outro aplicativo popular de encontros gays, Grindr, foi removido das lojas chinesas como parte de uma campanha da ACC antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.
(*) Com informações da Folha de S.Paulo
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