O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (15) que a combinação entre o esforço coletivo do governo e a qualidade da produção nacional foi decisiva para abrir mais de 500 mercados internacionais para produtos agropecuários brasileiros entre 2023 e 2025.

“O acerto das coisas que estão acontecendo no Brasil se deve ao aprendizado que nós tivemos ao longo de muitos anos”, afirmou.

O anúncio ocorreu durante a inauguração da sede própria da ApexBrasil, em Brasília, agência responsável pela promoção comercial do país no exterior.

Além disso, o evento celebrou a entrada de 500 novos mercados internacionais, que já resultaram em exportações de US$ 3,4 bilhões.

Ministérios e setor privado impulsionam a internacionalização

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) lidera a expansão comercial em parceria com a ApexBrasil, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Ministério da Indústria, Comércio e Serviços, contando ainda com o engajamento do setor privado.

“O que acontece no Brasil hoje: a gente produz para atender o mercado interno e a gente produz tão bem que a gente consegue atender as necessidades do mercado externo. Essa é a coisa mais perfeita que poderia acontecer”, destacou Lula.

O presidente também elogiou ministros e autoridades envolvidas na internacionalização do país e adiantou planos de expansão.

Em 2026, participará da Feira de Hannover, na Alemanha, um dos principais eventos mundiais de inovação e tecnologia industrial. Conforme Lula, a indústria nacional já possui competitividade e identidade próprias.

“Nós já não precisamos do que eles precisam. Agora, quem tem que falar isso somos nós. Então, nessa feira, a gente vai ver se leva a maior quantidade de empresário que nós já levamos, porque chega do Brasil se apresentar como se fosse um coitadinho”, disse.

Ademais, Lula viajará à Coreia do Sul em busca de parcerias no setor de cosméticos e à Índia, país em que vê potencial para cooperação em defesa, fármacos e tecnologias agrícolas.

Potencial de exportação dos 500 novos mercados

Os 500 novos mercados, distribuídos por mais de 80 países, têm potencial anual de exportação superior a US$ 37,5 bilhões, de acordo com estimativas do Mapa. Cada país oferece oportunidades para variados produtos, como carnes, algodão, frutas e pescados.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, classificou a expansão como um “feito histórico”, resultado da diplomacia brasileira e da capacidade produtiva nacional. Ele lembrou que, em 2025, o Brasil conquistou a certificação de país livre de febre aftosa.

“Por 72 anos, o Brasil lutou contra essa doença. E o mundo agora reconhece a sanidade dos produtos brasileiros, capacidade de produzir cada vez mais com garantia das qualidades. Para isso, para ganhar força de trabalho, saímos de 29 adidos [representantes do país no exterior] para 40 novos adidos percorrendo os países, interagindo com os empresários. Enfim, uma força tarefa sempre precedente”, explicou Fávaro.

Segundo o ministro, os 500 novos mercados se transformarão gradualmente em oportunidades concretas de negócios.

“O empresário do outro lado compra um produto, faz o primeiro container, vê que o produto é bom, vê que chega na hora certa, que tem demanda e o Brasil aguenta suprir essa demanda, ele vai ampliar. O fruto desses 500 mercados, o Brasil vai entender nos próximos anos, a odisseia e a grande oportunidade”, acrescentou.

Ações internacionais da ApexBrasil

A ApexBrasil informou que, entre 2023 e 2025, a parceria com o Mapa e o MRE resultou em mais de 170 ações internacionais em 42 países, com negócios projetados de US$ 18 bilhões, beneficiando mais de três mil empresas brasileiras.

Nesse período, ocorreram 19 missões presidenciais e cinco vice-presidenciais. O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou a importância do envolvimento do setor privado.

“A Apex tem 52 convênios com 52 setores da economia do Brasil [para participação em eventos no exterior]. Convênios meio a meio, a Apex põe a metade do dinheiro e as organizações põe a metade do dinheiro. Para quê? Para o Brasil estar presente no mundo inteiro. São mil eventos por ano”, afirmou.

Criada oficialmente em 2003, durante o primeiro mandato de Lula, a ApexBrasil apoiou até outubro de 2025, 20.754 empresas. 66% delas são micro, pequenas e médias, com foco nas regiões Norte e Nordeste, dentro de uma estratégia de descentralização da promoção comercial.

Expectativa de recorde nas exportações

O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil deve alcançar recorde de exportações ainda este ano.

“Mesmo com o mundo crescendo menos e preço menor, nós devemos bater um recorde de US$ 345 bilhões de exportação, e US$ 629 bilhões de corrente de comércio. Até o panetone aumentou a exportação, aumentou 4% da exportação de panetone esse ano”, disse.

“Não há país do mundo que tenha um crescimento mais forte e sustentável que não se abriu ao mundo, que não priorizou o comércio exterior, que não conquistou o mercado”, completou Alckmin.

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