Brasil – A percepção de inflação chegou aos lares brasileiros, tirando alimentos da mesa e mantendo pouca expectativa de mudanças na situação econômica do país no curto prazo. A maioria dos entrevistados (93%) afirma que o preço dos produtos aumentou muito em relação ao início do ano. Da mesma forma, oito em cada dez entrevistados (78%) apontam que o consumo de alimentos e outros itens do abastecimento doméstico é o item que mais tem sido impactado pela inflação.
A recuperação econômica ainda está longe do horizonte dos brasileiros. Metade dos entrevistados (51%) acredita que a sua vida financeira e familiar só irá se recuperar após 2022 ou isso sequer acontecerá. Quando pensam na recuperação da economia do país, é mais elevado o contingente de pessimistas (77%). Alinhados com esse sentimento, 66% têm expectativa negativa também no que se refere ao crescimento do país.
Esses dados são revelados pela mais nova rodada da pesquisa Radar Febraban, realizada com 3 mil pessoas, entre os dias 21 de maio a 2 de junho, nas cinco regiões do país.
“A inflação é o inimigo número um do Brasil. É um fenômeno mais sério aqui porque, há 9 meses consecutivos, anualizada, vem ultrapassando a faixa dos dois dígitos. Além disso, está bastante disseminada e vem atingindo sobretudo as classes menos favorecidas. É mais sério também porque a inflação tem fatores estruturais, que estão entre nós, como o quadro fiscal débil que, vez por outra, volta a inspirar cuidados”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban.
“Nesta mais recente rodada da pesquisa RADAR FEBRABAN reverbera os desafios da retomada econômica em uma conjuntura desfavorável de inflação alta, aumento do preço do petróleo e desdobramentos do impacto da guerra na Ucrânia”, aponta o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), responsável pela pesquisa.
Essa sexta edição do RADAR Febraban avaliou a evolução da expectativa dos brasileiros sobre os seguintes temas e apresenta ainda um recorte regional.
Considerando um horizonte mais favorável, em que haja disponibilidade de recursos extras no orçamento doméstico, as preferências dos entrevistados recaem na compra ou reforma de imóvel – 31% disseram que comprariam um imóvel e 16% que reformariam a casa – e por investimentos bancários – 20% aplicariam o dinheiro na poupança e 18% em outros investimentos bancários.
A indicação de investimentos bancários como destino de eventuais recursos financeiros excedentes converge com o elevado grau de confiança no setor (57% confiam nos bancos). O entendimento preponderante é o de que os bancos têm dado uma contribuição positiva para o desenvolvimento da economia (54%), o enfrentamento da pandemia (50%), a geração de empregos (46%), a melhora da qualidade de vida das pessoas (45%), e os negócios e atividades profissionais dos entrevistados (44%).
Cresceu também o percentual daqueles que já foram vítimas de golpes e fraudes envolvendo instituições bancárias, chegando a um terço dos respondentes. Mas a grande maioria (68%) declarou não ter sido vítima de golpes ou fraudes. Dentre os crimes mais frequentes, a clonagem ou troca de cartão é citado por 64%.
Ainda sobre o tema, 52% dizem já ter recebido comunicação do banco instruindo sobre golpes e 90% apontam a importância de tais materiais como alerta e prevenção.
Recuperação da economia
A maior parte dos brasileiros (51%) acredita que a situação financeira familiar só irá se recuperar depois de 2022 (47%) ou nem irá se recuperar (4%). Uma parcela de 25% dos entrevistados acredita que a recomposição financeira da família irá ocorrer ainda em 2022. E mais 8% afirmam já ter havido uma melhora financeira em 2021, perfazendo 33% que já se recuperaram; além de 10% que afirmam não terem sido afetados.
Saindo do campo das finanças pessoais para a visão sobre a economia do país, os entrevistados se mostram mais cautelosos e 68% afirmam que só haverá recuperação após 2022. Esse percentual é o mesmo das rodadas de junho e setembro de 2021, quando também se imaginava que a retomada econômica somente ocorreria no ano seguinte.
Hoje, os mais pessimistas quanto à recuperação da economia somam 9% e são principalmente os menos escolarizados (12%) e com menor renda (11%).
A pesquisa incorporou a pergunta sobre a expectativa de crescimento do país. Quase seis em cada dez respondentes (59%) acreditam que esse se dará depois de 2022. Os percentuais aumentam um pouco entre o público feminino (61%) e os que têm ensino médio (62%).
67% dos brasileiros vislumbram o aumento da taxa de juros esse ano; 68% dos entrevistados apostam no aumento da inflação e aumento do custo de vida; 46% dos brasileiros acreditam em queda no poder de compra (contra 50% que creem em aumento ou estabilidade); 40% sinalizam que haverá crescimento do desemprego (contra 56% que acreditam em diminuição ou manutenção do nível atual); 26% afirmam que o acesso de pessoas e empresas ao crédito irá diminuir (contra 68% que acham que ficará como está ou irá aumentar).
Inflação
É quase uma unanimidade (93%) a percepção de que a inflação e o preço dos produtos aumentaram ou aumentaram muito do início do ano para cá. Em todos os estratos, esse percentual fica igual ou acima de 90%, chegando a 96% entre os que ganham acima de 5 salários mensais.
O consumo de alimentos e de outros itens do abastecimento doméstico é o item que mais impacta no orçamento das famílias hoje em dia (78%), representando aumento de 9 pontos em relação ao levantamento de dezembro passado. Atualmente, esse percentual chega a 82% entre as mulheres.
Repete-se em junho de 2022, o mesmo percentual de 42% de dezembro de 2021 dos entrevistados preocupados com o preço do combustível. Esse impacto no custo de vida é citado sobretudo pelos homens (45%), quem está na faixa de 25 a 44 anos (46%), tem renda familiar entre 2 a 5 salários mensais (48%) e ensino superior (48%).
O peso do valor dos serviços de saúde ou remédios é mencionado por 17% do total da amostra, mas já foi um pouco maior em dezembro de 2021 (19%). Como esperado, o impacto deste item, hoje, é maior entre os de 60 anos ou mais (25%). Os demais itens avaliados pontuaram abaixo de 10%.
Consumo
Em um cenário de recuperação econômica em que as pessoas tenham recursos excedentes no orçamento familiar, a compra de um imóvel seria é o principal desejo de 31% dos entrevistados, especialmente de quem tem entre 25 a 44 anos (35%). Se somada a intenção de reformar a casa (16%), esse item relacionado ao imóvel chega a 47%.
Em segundo lugar, como destino dos recursos extras, comparecem os investimentos bancários, seja poupança (20%) – citada com mais frequência pelas mulheres, aqueles acima de 60 anos, com ensino médio e que ganham entre 2 a 5 salários mensais – ou outros tipos de investimentos (18%) – mais citados nos segmentos de maior escolaridade e renda.
Outras opções mencionadas para aplicar as sobras eventuais do orçamento foram: cursos e educação da família (15%); viagens (12%); fazer ou melhorar o plano de saúde (10%). Os itens menos citados são: comprar carro (8%); comprar eletrodomésticos/ eletrônicos (4%); comprar moto (4%); fazer seguro de carro, casa, vida ou outros (2%).
Avaliação dos bancos
Entre os brasileiros, a confiança nas instituições financeiras, bem como nas empresas privadas fica acima de 50%, com registro de leve recuo em relação a medições anteriores (2021).
Os bancos contam hoje com 57% de confiança dos brasileiros, assim como as fintechs (55%). Já as empresas privadas desfrutam de 50% de confiança.
Permanece positiva a avaliação a respeito da contribuição do setor bancário para o país e a sociedade. Essa percepção favorável é maior quanto à contribuição para o desenvolvimento da economia brasileira (54%) e a ajuda no enfrentamento do coronavírus (50%) – esta última com maior recuo comparativamente ao final do ano passado na medida em que diminui a preocupação com o tema.
Golpes e tentativas de fraude
O levantamento também mostrou que o percentual de pessoas que já foi vítima de golpes ou tentativas de golpe vem aumentando gradativamente. Em 2021, eram 21% em setembro, 22% em dezembro e crescendo agora para 31%.
Os que se declaram mais atingidos são homens (33%), os que ganham mais de 5 SM (41%), têm nível superior (38%) e quem está na faixa etária acima de 60 anos (35%).
O golpe mais comum continua sendo o da clonagem de cartão, que dessa vez chegou a atingir 64% dos entrevistados. Subiu 16 pontos em relação a dezembro/2021 (48%), em questão de múltipla resposta.
As demais menções tiveram variações em torno de 2 pontos em relação a dezembro passado. As referências ao golpe da central falsa caíram para de 28% para 26%.
Já as citações ao golpe do WhatsApp vêm crescendo gradualmente: 21% em setembro/2021, 24% em dezembro/2021 e agora 25%.
Também aumentou um pouco o percentual referente ao golpe do leilão ou da loja virtual (de 5% em dezembro do ano passado para 7% nesse levantamento).
Com informações do IG*
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