Manaus (AM) – Imagens polêmicas, vídeos, prints de publicações antigas são um dos exemplos de milhares de artifícios usados nas redes sociais para difamar ou desmoralizar uma figura pública. Esses métodos têm sido usados também como estratégia de campanha eleitoral contra os adversários nestas eleições, tanto no âmbito nacional quanto no Amazonas, inclusive, potencializados pelo uso de fake News.
Um caso que ganhou grande repercussão nesta semana foi o vídeo do presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma maçonaria. As cenas da gravação, compartilhadas em diversos sites e nas redes sociais, principalmente nesta terça-feira (4), são antigas, registradas no ano de 2017. No entanto, voltaram a ser amplamente postadas na internet.
As postagens iniciaram pouco tempo depois da largada das campanhas para o segundo turno, marcado para acontecer no dia 30 de outubro.
Grupos opositores ao Bolsonaro apostam em impactos negativos para a imagem de Bolsonaro com a divulgação do vídeo, visto que uma parcela significativa dos eleitores do chefe do executivo é composta por evangélicos, os quais rejeitam a maçonaria.
No entanto, há uma parte da oposição que também faz compartilhamentos da gravação de Bolsonaro na Maçonaria com associações ao satanismo. A pratica se configura como uma Fake News, visto que a maçonaria não tem vínculo com rituais satânicos.
O ex-presidente Lula (PT) também é alvo de postagens que relacionam sua figura ao satanismo, principalmente pelo compartilhamento de um vídeo em que um homem identificado com satanismo declarou voto ao petista.
Apoiadores de Bolsonaro tem compartilhado a gravação como uma forma de minar a campanha de Lula. Em resposta, a defesa do ex-presidente apresentou, nesta terça-feira (4), uma ação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contra a postagem.
Fake News no Amazonas
Assim como no restante do país, o fenômeno das fake News atinge diversas pessoas no Amazonas, inclusive parlamentares. O deputado federal Zé Ricardo (PT) foi uma das vítimas de mentiras falsas publicadas na internet.
“A fake news é um grande problema nas redes sociais e nos grupos do WhatsApp. As pessoas vão se informando por mentiras que são levadas adiante como se fossem verdades. Muita gente acredita e acaba prejudicando a imagem e prejudicando a vida de muita gente”,
contou.
Nas redes sociais, foi compartilhado um print de uma matéria de um veículo de comunicação a qual atribuía ao deputado Zé Ricardo sua autoria a um suposto Projeto de Lei (PL) para proibir os jogos de sinuca por ser uma atividade racista. No site da Câmara dos Deputados não consta esse projeto.
“Como como parlamentar, também fui vítima. Tivemos uma situação onde falava que eu era autor de um projeto que proibia o jogo de sinuca, falando que é racista e tratava da questão da bola branca e preta. Então, a fake news montada, inclusive, usando a imagem em nome de um veículo de comunicação, tudo mentira. A gente teve muito trabalho para desmentir, e depois as entidades que avaliam as fake news também desmentiram tudo”,
afirmou o deputado.
A consequência dessa fake News, conforme o deputado, ainda é sentida até hoje. Para ele, é importante combater as mentiras que circulam nas redes sociais com uma legislação mais rigorosa.
“Não podemos aceitar isso. Temos uma legislação que trata e difamação, injúria e tantas outras situações, como preconceitos, e discriminações. Nós temos que também ver instrumentos para combater fake news com mais eficiência, porque senão nós vamos estar vivendo um mundo de mentiras e isso influencia a política e com certeza está sendo muito utilizado no processo eleitoral desse ano contra candidaturas de esquerda principalmente”, observou.
A mulher mais votada para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), Joana Darc (União Brasil) também foi alvo de notícias falsas no decorrer de sua campanha. A parlamentar afirmou que as agressões nas redes sociais miravam ela e membros de sua família.
“Durante toda a minha campanha eu incomodei muitas pessoas. O tempo todo fui atacada com Fake News. Não só eu, mas toda a minha família, sem dó, nem piedade, porque até o meu filho, que é um bebê foi alvo desses criminosos. Tentaram a todo custo, nos calar e impedir nosso trabalho no Facebook e no Instagram, com ataques hackers para diminuir o engajamento durante uma Live que fiz”,
ressaltou Joana Darc.
Entre as mentiras sobre joana, houve uma fake News em que as irmãs da parlamentar foram pegas com mala de dinheiro para compra de votos. Nas redes sociais, também criticaram a participação do filho de Joana Darc na campanha.
“Tentaram de tudo, mas não conseguiram nos derrubar, porque enquanto eles atacavam, eu trabalhava e a resposta para cada um deles foi o resultado das urnas, com a confiança e apoio de milhares de pessoas que me reelegeram com 87.182 votos, sendo a mulher mais votada na história do Amazonas e alcançando o segundo lugar no pleito geral”, destacou.
A deputada estadual reeleita, Alessandra Campêlo (PSC), informou ao Em Tempo que também foi alvo de fake News durante toda a sua carreira na política. Em razão disso, há processo na justiça pela propagação de notícias falsas contra ela, assim como injúrias, calúnias e difamações.
Na campanha deste ano, a parlamentar também sofreu uma fake News. Ao ser questionada pela equipe de reportagem sobre o ocorrido, a deputada disse não se sentir confortável em falar sobre o caso.
“Agora na campanha eu registrei uma ocorrência, mas é um caso que eu ainda não tenho retorno, eu ainda estou esperando o retorno para entender direito o que foi que aconteceu”,
contou.
Em 2020, a deputada foi alvo de mentiras, juntamente com outros parlamentares da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), sobre a votação de projetos contra os servidores públicos. Na época, Campêlo publicou um vídeo desmentindo os boatos. A parlamentar também criticou o ataque intenso contra as mulheres.
“Nós parlamentares, mas em especial nós mulheres, sofremos muito com calúnias e ofensas, às vezes, até de cunho muito baixo do ponto de vista pessoal, de mexer com a nossa dignidade, e com nosso caráter. É bem complicado para a mulher”,
pontuou.
A ex-senadora e candidata a deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB) também já teve seu nome vinculado a uma série de notícias falsas, como por votar contra o aumento do salário mínimo, ser a favor da reforma da previdência ou por não ser cristã.
“É sempre muito difícil o combate, porque a maioria ocorre em grupos fechados, muitas vezes, de difícil monitoramento, além disso, a verdade não se propaga na mesma proporção que uma notícia falsa fazendo com que o estrago na imagem da vítima, às vezes, seja irreversível”, disse.
Prejudicial para a democracia
O cientista político Carlos Santiago aponta a fake News como um grande problema para o processo democrático, pois ela manipula o eleitor a votar com base em uma concepção falsa, seja criando noções negativas sobre uma figura, ou ampliando artificialmente aspectos positivos sobre alguém.
“A democracia pressupõe que o eleitor deva votar com consciência na veracidade e com muita responsabilidade. A medida que o leitor é conduzido ao erro pode ser muito danoso porque ele pode estar elegendo um péssimo legislativo e um péssimo membro do poder executivo, e quem vai sofrer essas consequências é a própria sociedade. Por isso é importante o combate à fake news.
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