Manaus (AM)- A principal inspiração do grafiteiro Raiz pode ser atribuída à Vila do Pitinga e à Reserva Indígena Waimirim Atroari, na Floresta Amazônica. Nascido na Bahia, com nome de batismo Raí Campos, ele se mudou para o Amazonas com apenas três meses. O traço tão específico do artista faz parte do conceito visual da 64ª edição do Prêmio Jabuti.
Além de Raiz, representante do Norte do país, cinco outros artistas foram convidados para imprimir suas marcas na identidade visual da premiação, de maneira a representar todas as regiões geográficas do Brasil: Ciro Schu, de São Paulo (Sudeste); Marcelo Pax, do Rio Grande do Sul (Sul), Rafael Jonnier, de Cuiabá (Centro-Oeste) e Tereza de Quinta e Robézio, do Acidum Project, do Ceará (Nordeste).
O convite para participar do conceito visual surpreendeu o grafiteiro, que ficou muito feliz com a novidade.
“Conheço o Prêmio Jabuti e reconheço a importância da premiação. O convite para participar e representar o Norte do país me deixou sensibilizado, porque lança um olhar para a região, uma visibilidade maior. E eu luto por esta visibilidade, mostrando que estou no caminho certo”, revela Raiz.
O artista conta que escolheu para o Prêmio Jabuti uma pintura exposta no começo deste ano na mostra coletiva Cheia das Artes, realizada em Manaus.
“Eu quis homenagear e valorizar as mães indígenas na obra, num estilo que batizei de psicoamazônico, que reúne as duas coisas que mais amo — o grafite e a cultura amazônica”, explica.
A arte de Raiz carrega a sua história e o artista acredita que o Norte já absorve muita coisa de fora e precisa valorizar mais o que é brasileiro e da Região. Quando Raiz se mudou para Manaus, observou que as pessoas estavam muito desconectadas do lugar em que moravam e também não conheciam os povos que habitam a região, absorvendo na verdade os costumes do eixo Rio-São Paulo, apesar de existir uma cultura regional do Norte muito forte que valoriza a espiritualidade, sabedoria, ciência e tecnologia. Ele conta um fato ocorrido em 2016, quando pintava um viaduto, em Manaus, que ilustra suas ideias.
“Um descendente indígena perguntou quem estava pintando o elevado porque ficou muito feliz, uma vez que não se enxergava nas novelas, nas seleções brasileiras de futebol ou vôlei e nas propagandas. Com o mural pintado na capital do Amazonas finalmente se enxergava e se reconhecia dentro da sociedade brasileira”, complementa o artista.
Conceito visual da 64ª edição do Prêmio Jabuti
Ao celebrar o centenário da Semana da Arte Moderna de 1922, a CBL e a organização do Prêmio Jabuti relembram os vínculos da premiação com o modernismo e o nacionalismo, valorizando a cultura popular brasileira e o reconhecimento de todas as raízes, com destaque para as heranças indígenas e africanas.
O conceito da 64ª edição, produzido pela agência Via Impressa, reconhece o lugar da arte do grafite como uma atitude antropofágica capaz de mover o pensamento e as artes. É o estabelecimento do grafite como expressão cultural e artística de valor transformador da contemporaneidade, capaz de evocar, mirando o futuro, a inclusão e a interação como parte de seu posicionamento de “prêmio de todas e todos para todos e todas!”.
*com informações da assessoria
Edição Web: Bruna Oliveira
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