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Investigação

Resultado do laudo de exumação do corpo de indigenista aponta falhas na investigação do caso em 2019

O objetivo da investigação era identificar qual o tipo de arma foi usado para matar Maxciel Pereira e se havia alguma relação com o assassinato de Bruno e Dom

Foto: Reprodução

Manaus (AM) – A Polícia Federal afirmou por meio de nota, nesta quinta-feira (27), que houve falhas na investigação sobre o caso do indigenista Maxciel Pereira, morto em setembro de 2019, no município de Tabatinga (distante a 1107 quilômetros de Manaus). A descoberta foi possível depois que o corpo do indigenista foi exumado e passou por perícia cadavérica a pedido da família da vítima.

“Foram constatadas algumas negligências na perícia então realizada. Foi solicitado aos Peritos Criminais Federais a realização de novo exame pericial, a fim de sanar as falhas verificadas. Esse novo trabalho pericial foi feito a partir da exumação dos remanescentes humanos de Maxciel”,

informa um trecho da nota.

O objetivo da investigação era identificar qual o tipo de arma foi usado no crime e se havia alguma relação com o assassinato de Bruno e Dom.

A exumação dos restos mortais aconteceu no dia 4 de outubro, onde foi realizado exame de imagem (tomografia computadorizada). Também foi feito, complementarmente, e a ser concluído em momento posterior, exame antropológico forense. As conclusões deste deverão ser expostas em laudo próprio ainda a ser emitido (sem previsão).

Após a exumação, as amostras foram enviadas à Brasília e constatado que o crânio da vítima fora atingido por um único disparo e não dois (como informado anteriormente nas investigações feitas pela Polícia Civil do Amazonas), que atingiu a região têmporo-parietal. A causa da morte, segundo a PF, aconteceu devido ao traumatismo cranioencefálico decorrente do disparo de projétil de arma de fogo.

“No entanto, a partir da documentação apresentada e do próprio croqui disponibilizados a partir do trabalho pericial realizado em 2019, não se pode descartar taxativamente que tenha ocorrido outro disparo, conforme narrado pela esposa da vítima (que estava presente no momento do ocorrido). Um outro possível disparo pode tenha atingido somente tecidos moles da vítima, não sendo viável a constatação no exame realizado no início deste mês, visto que fragmentos ósseos foram objeto de análise”,

afirma a nota.

O Globo News conseguiu informações com exclusividade sobre o caso e, segundo Alexandre Pavan, chefe de medicina legal da PF, a hipótese é que a arma utilizada no crime é de baixa energia (pistola, revólver ou semelhante). Já o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Alexandre Fontes, declarou que há uma possível relação entre os assassinatos.

“É uma linha de investigação que a gente não descarta, se existe ou não uma conexão entre os casos. Mas só ao final dos trabalhos é que vamos poder confirmar”,

afirmou o superintendente.

Depoimento da família

Como ninguém foi preso até hoje, a família de Maxciel Pereira fez uma investigação própria encontrando falhas nas investigações realizadas pela PC-AM na época. Com os resultados, os próprios familiares remeteram o caso ao Ministério Público Federal (MPF), solicitando outra investigação depois do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, em junho deste ano, que ganhou repercussão global.

A família afirmou à época que Maxciel teria sido morto após ameaças que vinha sofrendo e, possivelmente, o crime teria acontecido devido à atuação contra crimes ambientais na região do Vale do Javari, localidade onde Bruno e Dom também foram mortos. Os três profissionais trabalhavam para a Fundação Nacional do Índio (Funai).

A Polícia Civil não se posicionou quanto à equipe que fez a investigação sobre o caso em 2019. Procurados pelo Em Tempo, nem a família da vítima e nem a Funai se manifestaram em relação ao primeiro resultado da exumação dos restos mortais de Maxciel Pereira.

Caso semelhante: Dom e Bruno

Na última sexta-feira (21), Rubens Villar Coelho, o “Colômbia”, suspeito de mandar matar o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, deixou a prisão após pagar fiança de R$ 15 mil reais. Em 6 de outubro, a Justiça Federal no Amazonas já havia concedido liberdade ao suposto mandante do crime.

Ele segue em prisão domiciliar e usando tornozeleira eletrônica, além de estar proibido de viajar para fora do país. No dia 24 de outubro, Rubens Villar estava previsto para passar por audiência de custódia. Ele também responde por outros crimes de envolvimento com organização criminosa armada além de crimes ambientais.

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