A primeira Copa do Mundo no Oriente Médio começa neste domingo, 20 de junho, com duelo entre o anfitrião Catar e o Equador. Mas pouco se fala sobre jogar em um país-sede da Copa do Mundo com as maiores reservas de petróleo do mundo e a terceira maior reserva de gás natural. Horas antes de a bola rolar, a discussão se voltou para as críticas às denúncias de violações de direitos humanos do Catar e questionamentos dos torcedores sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas nos estádios. As informações são do Estadão
Os torcedores estão ansiosos para que o torneio aconteça nas ruas de Doha, capital do Catar, um pequeno país na costa do Golfo Pérsico, mas a Fifa e a Comissão Suprema de Entrega e Patrimônio têm lidado com críticas dias antes do início do mundial
Há denúncias relacionadas à situação precária dos trabalhadores migrantes no trabalho da Mundial, bem como denúncias de que o Estado está violando os direitos humanos e restringindo os direitos das mulheres e da população LGBT+.
O código penal do país muçulmano, que se tornou uma potência econômica após a descoberta do petróleo em 1940, proíbe o casamento e as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, puníveis com até sete anos de prisão
As alegações levaram o presidente da FIFA, Gianni Infantino, a revidar. Para rebater as críticas, ele disse que se sentia um catarense, árabe, africano, gay, deficiente, trabalhador migrante, e disse que a pergunta não era justa.
disse Infantino.
“Fui discriminado quando criança porque era ruivo, sardento, italiano e falava um alemão ruim”,
O presidente da Fifa garantiu que as condições de trabalho dos operários, quase todos imigrantes, melhoraram desde o início das obras. “Quando cheguei em Doha, vi as moradias dos trabalhadores e disse que a situação não era boa e deveria ser mudada. Assim como a Suíça mudou, o Catar também mudou.”, destacou Infantino
Sobre a proibição de bebidas alcoólicas nos estádios Infantino zombou dizendo que os torcedores poderiam “sobreviver” sem beber cerveja durante o jogo. As bebidas alcoólicas são vendidas apenas no “Fan Fest” oficial e limitada a quatro por pessoa.
Recepção amistosa
As críticas às péssimas condições de trabalho dos funcionários que trabalharam nos oito estádios contrastam com as palavras de alguns trabalhadores, incluindo voluntários. Francisco do Quênia é um deles. Ele deixou seu país natal há oito anos e se inscreveu como voluntário durante a Copa do Mundo na esperança de ter uma vida melhor no Catar.
“Trabalhei na construção dos estádios e não tive problemas”, relatou o queniano, um dos que ajudou a erguer o Al Bayt, estádio que será palco da abertura da competição neste domingo. “Eles (organizadores) têm sido gentis comigo”.
Francisco agora é um dos voluntários destacados para trabalhar no Grand Hamad Stadium, centro de treinamento da seleção brasileira durante toda a Copa do Mundo e casa do clube Al Arabi. O local é pequeno, mas bem cuidado e as condições dos gramado são boas.
“Eu estou aqui justamente por causa do Brasil”, diz o queniano, fã da seleção brasileira, para quem torcerá no Catar, além de Gana. O clube do qual é fã é o Manchester United. “Gosto do Casemiro e do Fred”.
disse o queniano
São muitos os imigrantes no Catar. Eles vêm, no geral, de países pobres da África e da Ásia, como Nepal e Bangladesh. Trabalham como motoristas, seguranças, garçons e em outras funções similares. De Bangladesh veio o jornalista Arafat Zubaear. Ele e seu colega passaram parte da visita ao CT em que treinará a seleção brasileira entrevistando jornalistas brasileiros. “Gosto muito do Brasil. Vou torcer pela seleção brasileira”, diz ele.
É possível notar, andando pelas ruas, instalações do Mundial e outros lugares no Catar que existe um esforço da nação árabe para ser gentil e afável na recepção aos torcedores estrangeiros. A estimativa é de que mais de 1 milhão de turistas tenham viajado ao país para assistir às partidas da Copa.
Problemas nos vistos
No aeroporto, a entrada dos turistas tem sido rápida. Ainda que centenas de voos tenham chegado ao Catar, o processo é célere, uma vez que, na imigração, são poucas as perguntas. É checado o número do passaporte e do Hayya Card. Na saída do aeroporto, os funcionários das operadoras ligadas à organização do Mundial entregam um chip de celular gratuito por dois ou três dias. Depois disso, o turista tem de fazer uma recarga para continuar usando o serviço.
Um problema, no entanto, tem sido o funcionamento do Hayya Card, espécie de visto obrigatório para entrar no país. Há relatos de que o documento digital, que guarda os dados do visitante, seja torcedor, jornalista ou da organização, muitas vezes apresenta falhas e fica sob revisão.
*Com informações do Estadão
Edição Web: Hector Silva
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