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Falsa alegação

Associação yanomami Urihi não foi condenada por desvio de R$ 33 milhões; entenda

A falsa alegação acumulava mais de 5 mil compartilhamentos no Twitter e 2 mil compartilhamentos no Facebook

Indígena Yanomami Foto: Ricardo Stuckert/ PR

Brasil — A agência de checagem de notícias Aos Fatos publicou uma matéria desmentindo acusação contra a Associação Uhiri Yanomami, do Júnior Yanomami. Conforme investigação, é mentiroso o texto publicado pelo Poder DF que acusa a organização yanomami Urihi de ter desviado, em 2016, R$ 33 milhões de verbas públicas que seriam destinadas à saúde dos povos indígenas.

O processo citado na publicação é referente a outra associação, que atualmente está inapta na Receita Federal, e possui sócios e CNPJ diferentes da organização presidida por Júnior Hekurari Yanomami, acusado pelo site Poder DF, enganosamente, com base em informações do Tribunal de Contas da União (TCU). A Urihi Associação Yanomami foi criada em 2016, após o TCU ter verificado a irregularidade contábil envolvendo a outra associação.

A falsa alegação acumulava ao menos 5.000 compartilhamentos no Twitter e 2.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde de sexta-feira (27).

 Falsa alegação acumulava muitas compartilhamentos no Facebook e Twitter Foto: Divulgação

Uma associação condenada pelo TCU por desviar R$ 33 milhões em recursos públicos de convênios, celebrados nos anos 1990 e 2000, tem o mesmo nome e vem sendo citada por publicações na internet para acusar a organização yanomami Urihi, fundada por Júnior Hekurari Yanomami em 2016. O líder indígena e a organização foram alguns dos responsáveis por denunciar a omissão do governo de Jair Bolsonaro (PL) e a crise que os povos da Terra Yanomami estão vivendo.

Em 2016, o TCU condenou a ONG Urihi — Saúde Yanomami, inscrita no CNPJ 03.272.540/0001-12, por contas irregulares envolvendo desvios de verbas que seriam destinadas às áreas de saúde e alimentação. Essa organização atualmente está inapta, segundo a Receita Federal, e não tem relação com a Urihi — Associação Yanomami, cujo CNPJ é 24.292.140/0001-49.

Conforme pode ser verificado no site da Receita, a Urihi — Associação Yanomami possuía o nome Hapyr (Hwenama Associação dos Povos Yanomami de Roraima) quando foi criada. Nem a ONG, tampouco seu sócio-fundador, aparecem no relatório do TCU sobre o desvio de dinheiro público (veja abaixo).

Condenados. Urihi — Associação Yanomami e Júnior Hekurari Yanomami não constam na lista de responsáveis citados no processo do TCU Foto: Reprodução

A Urihi — Associação Yanomami também negou a informação no Instagram: “Nossa associação foi fundada em 2016 e não tem ligação com a ONG Urihi que prestou serviços nos anos 2000, portanto qualquer meio de comunicação ou pessoas que veicularem inverdades utilizando a nossa imagem e dos nossos diretores será processado por calúnia e difamação”.

O texto ainda afirma, de maneira enganosa, que a idosa fotografada em estado grave de desnutrição seria venezuelana e que “neste teatro da esquerda, nem sequer um nome brasileiro ganhou, pois na grande imprensa é tratada apenas como ‘idosa yanomami’”. Além de desrespeitar a cultura yanomami, que não pronuncia o nome da pessoa depois de morta, ainda vai contra a informação divulgada pela imprensa, a indígena vivia em Kataroa, localizada em Roraima.

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