Denúncia Moraes diz que Do Val recusou-se a formalizar denúncia Do Val negou que Moraes tenha pedido para ele formalizar o relato da reunião com Bolsonaro e Silveira EM TEMPO - 03/02/2023 às 16:5503/02/2023 às 16:59 Brasília (DF) – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou nesta sexta-feira ter tido uma conversa com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) na qual o parlamentar lhe relatou ter participado de reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro onde lhe foi proposto que gravasse o magistrado. Mas Moraes disse que o parlamentar se recusou a formalizar em depoimento a denúncia de que teria recebido durante o encontro uma proposta para participar de um eventual plano golpista. “Eu indaguei ao senador se ele reafirmaria isso e colocaria no papel, que eu tomaria imediatamente o depoimento dele. O senador me disse que isso era uma questão de inteligência e que infelizmente não poderia confirmar. Então eu levantei, me despedi do senador, agradeci a presença, até porque o que não é oficial, para mim não existe”, disse o ministro durante participação por videoconferência em conferência de negócios do Grupo Lide realizada em Lisboa. “A ideia genial que tiveram foi colocar uma escuta no senador para que o senador, que não tem nenhuma intimidade comigo –conversei exatamente três vezes na vida com esse senador–, pudesse me gravar e, a partir dessa gravação –e aí é até onde chegou ao senador–, pudesse solicitar a minha retirada da presidência dos inquéritos”, acrescentou. Do Val negou que Moraes tenha pedido para ele formalizar o relato da reunião com Bolsonaro e Silveira. Disse também que pedirá à Procuradoria-Geral da República (PGR) para afastar o ministro do Supremo da relatoria do inquérito dos atos antidemocráticos, que investiga Bolsonaro e aliados. “Não são verídicas as recentes declarações do ministro Alexandre de Moraes quando diz que me orientou para que as informações sobre a reunião com Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro fossem formalizadas”, disse o senador, lendo uma nota, que disse que irá divulgar em suas redes sociais. “Em nenhum momento recebi orientações do ministro para fazer a referida formalização. Portanto, não fui orientado para formalizar absoluta nada, nem por respostas a mensagens que enviei, e nem pessoalmente durante o encontro que tivemos”, acrescentou. Do Val disse ainda que ira apresentar uma “solicitação para a PGR afastar o ministro Alexandre de Moraes da relatoria referente aos atos antidemocráticos”. A revista Veja publicou reportagem afirmando ter tido acesso a mensagens que comprovariam um encontro em dezembro de Do Val com Bolsonaro e com o então deputado federal Daniel Silveira no Palácio da Alvorada, no qual Bolsonaro teria proposto a Do Val, segundo o próprio senador, que ele gravasse uma conversa com Moraes sem o conhecimento do ministro, na tentativa de que o magistrado dissesse algo comprometedor que pudesse levar a uma tentativa de prendê-lo e anular a eleição presidencial de outubro. Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Moraes comandou o processo eleitoral de outubro. Segundo a revista, Do Val relatou o episódio a Moraes e, posteriormente, recusou a proposta de gravar o ministro. Também na quinta, Do Val confirmou ter se reunido com Bolsonaro e Silveira, mas disse que a proposta de gravar Moraes partiu do então deputado federal, e que Bolsonaro apenas a ouviu em silêncio. A Veja, no entanto, divulgou o que afirma ser áudio de uma entrevista com Do Val na qual ele relata que ouviu os detalhes da trama diretamente da boca do ex-presidente. O senador também disse ter se reunido com Moraes antes do encontro com Bolsonaro e Silveira para dizer que havia sido chamado a conversar com ambos e que o ministro o teria encorajado a ir à reunião para colher informações. Indagado sobre este suposto primeiro encontro com Do Val, Moraes negou que ele tenha ocorrido. “A conversa que eu tive com ele foi a que eu anteriormente transcrevi”, disse Moraes. Depoimento Em depoimento que prestou à PF na quinta-feira por ordem de Moraes, Do Val repetiu a trama segundo a qual Silveira usaria o material da gravação da fala de Moraes para tentar anular a eleição, manter Bolsonaro no cargo e buscar a prisão de Moraes. O senador disse que, em nenhum momento, o ex-presidente negou o plano ou mostrou contrariedade ao plano, mantendo-se em silêncio, segundo o depoimento. *Com informações do Istoé Leia mais: Alexandre de Moraes aceita mais seis pedidos da PGR para apurar atos golpistas no DF Moraes mantém prisão de Roberto Jefferson Moraes encaminha à PGR pedido para suspender posse de deputados envolvidos em atos golpistas Entre na nossa comunidade no Whatsapp!