Chile — A pequena Maura tem apenas 7 anos, mas já está passando por um quadro de saúde delicado, geralmente enfrentado por mulheres adultas. Moradora de Quillota, no Chile, ela foi diagnosticada com um câncer de mama — o que é bem raro de acontecer entre crianças e adolescentes. As informações são do O Globo.
Em entrevista ao programa chileno 24horas, da Televisión Nacional de Chile (TVN), a mãe da garotinha, Patricia Muñoz, contou como notou que havia algo de errado com a filha.
“Um dia eu estava dando banho nela e, depois de secar e passar creme, notei que ela tinha um [caroço como um] feijãozinho embaixo do mamilo. Aí o médico me disse que o que a Maura tinha não era normal, que se eu esperasse muito isso iria crescer, mas ele nunca me disse que poderia chegar a isso. Isso foi em agosto e, em setembro [de 2022], descobrimos que Maura tinha câncer (de mama)”,
lembrou a mãe.
Segundo o hematologista oncologista pediátrico, Francisco Barriga, não é comum que meninas ou meninos sofram dessa patologia. “Pensei que iria morrer sem ver um câncer de mama em uma criança com menos de 10 anos”, afirmou. O presidente da Associação Chilena de Pacientes Oncológicos, Felipe Tagle, também comentou sobre o quadro de Maura. “Quando começamos a tratar o caso, muitas pessoas nos disseram: ‘Não consigo, não sei, não me atrevo’”, revelou o médico.
Para tratar a doença, a garotinha precisou fazer a retirada da mama — que mal havia se desenvolvido ainda — a fim de evitar que o tumor se alastrasse mais. “Minha filha está mutilada e essa é a dor que eu tenho, porque isso já é forte para uma pessoa adulta”, lamentou Patrícia.
“A única coisa que ela me falou quando a levei ao oncologista é que ela não queria ficar careca, mas, além disso, ela não entende que não tem a mama dela”,
desabafou a mãe. Um dos receios dela é que a filha tenha problemas de autoestima no futuro.
Após a cirurgia, Maura está sendo observada pelos médicos e esperando os resultados para saber se houve metástase. Os oncologistas do Chile também estão em contato com especialistas da Espanha, que já trataram casos semelhantes, e a família de Maura não descarta uma viagem para a Europa, para seguir o tratamento. “Se tiver que viajar, vou viajar, mas preciso dormir tranquila e saber se minha filha está bem”, ressaltou Patricia.
Câncer de mama em crianças
Apesar de extremamente raro, o câncer de mama pode, sim, ocorrer na população pediátrica. Alejandra Adriana Cardoso de Castro, oncologista pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe (no Paraná), explica que as crianças têm o tecido mamário menos desenvolvido, o que faz com que esse tipo de câncer seja menos encontrado entre meninas e meninos.
“No registro de câncer americano, em 46 anos, foram registrados apenas 91 casos de pacientes com câncer de mama entre 10 e 20 anos. No caso dos menores [dessa faixa etária], fiz uma busca na literatura e encontrei apenas dois relatos de casos de crianças abaixo de 10 anos”,
disse a médica.
Portanto, não há motivo para pânico! Mas vale ressaltar alguns fatores de risco que podem estar por trás de um diagnóstico tão precoce. A condição genética é um deles, como a síndrome Li-Fraumeni — uma condição hereditária que predispõe ao câncer e que está relacionada às mutações no gene TP53, que tem um papel importante no controle do ciclo celular. Alterações nos genes BRCA1 e BRCA2 também estão relacionadas à doença.
Outro fator importante destacado pela especialista é se a criança já passou pelo tratamento de outro tipo de câncer. Segundo Alejandra, a radioterapia na região do tórax e a quimioterapia prévia, por exemplo, podem aumentar o risco de o paciente desenvolver outros cânceres.
A oncologista alerta que um dos principais sinais da enfermidade é o aparecimento de um caroço na região da mama, mas também podem surgir sintomas inflamatórios, como a mama ficar vermelha, por exemplo. Ao notar qualquer alteração, os pais devem procurar atendimento médico imediatamente, já que o câncer de mama em crianças é bem grave e agressivo, pois, em geral, não é diagnosticado precocemente.
Quanto ao tratamento, exatamente pelo fato de não ser uma doença frequente entre os pequenos, ainda não existem protocolos específicos. Conforme a oncologista, uma cirurgia é necessária para a retirada da mama ou parte dela. Também é possível realizar a radioterapia e a quimioterapia para ajudar no controle da enfermidade.
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