Uma onda de bandeiras israelenses inundou os jardins e as ruas próximas ao Knesset (Parlamento de Israel) nesta segunda-feira (20). Segundo jornalistas da AFP, os manifestantes consideram um projeto de reforma judicial, sendo votado neste momento, uma ameaça à democracia. A polícia bloqueou os acessos ao prédio.
Vários meios de comunicação israelenses informaram que havia mais de 40 mil pessoas presentes na manifestação. A polícia não forneceu projeções.
Os manifestantes rejeitam a reforma judicial que o novo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que assumiu o poder no final de dezembro, quer aprovar. O premiê lidera a coalizão de partidos judeus de direita, extrema direita e ultraortodoxos do Parlamento, considerado o mais à direita na história do país.
O projeto busca reduzir a influência do poder judicial ao introduzir uma cláusula que permite que o Parlamento anule algumas decisões da Suprema Corte por maioria simples. Também propõe mudanças na nomeação dos juízes da Suprema Corte e uma redução dos poderes de assessores jurídicos dentro dos ministérios. “O Estado está em perigo (…) é uma tentativa de golpe de Estado para transformar Israel em uma ditadura”, disse à AFP Dvir Bar, um manifestante presente no ato.
“Crise interna”
Em alguns cartazes, lia-se mensagens como “Fascismo não vai passar” e “Farto dos corruptos”. Os manifestantes repetiam máximas como “Israel não é uma ditadura!” e “Democracia é diálogo”. Apesar do forte dispositivo policial, alguns manifestantes entraram no prédio do Parlamento israelense, embora não tenham chegado ao plenário em uma incursão muito incomum em Israel. Agentes de segurança do Knesset conseguiram retirá-los e a manifestação se dispersou durante a tarde, quando os tensos debates parlamentares recomeçaram.
A polêmica reforma está programada para ser votada em primeira leitura na noite desta segunda-feira. A medida, proposta no início de janeiro, provocou forte rejeição da opinião pública, que a vê como uma ameça à democracia.
O presidente israelense, Isaac Herzog, que tem um papel essencialmente protocolar, alertou no domingo (19) sobre as fraturas que o projeto pode causar na sociedade. Desde que o premiê assumiu o poder no final do ano passado, dezenas de milhares de pessoas têm protestado todos os sábados em Tel Aviv contra a reforma.
“Em uma democracia, a população vota nas eleições e os representantes do povo votam aqui no Knesset”, respondeu Netanyahu aos manifestantes do plenário. “Lamentavelmente, os líderes do protesto atropelam a democracia. Não respeitam o resultado das eleições, não respeitam a decisão da maioria”, criticou.
Para Netanyahu e seu ministro da Justiça, Yariv Levin, o projeto é necessário para reequilibrar as relações de força entre os deputados e a Corte perante um tribunal que consideram politizado. Já para seus opositores, a reforma ameaça o caráter democrático do Estado de Israel.
“Essa é a pior crise interna que o Estado de Israel conheceu (…) não nos renderemos”, disse o líder da oposição de centro, Yair Lapid. Para o ex-ministro da Defesa, Benny Gantz, outra figura da oposição centrista, “A História não os perdoará e os julgará”, profetizou.
Algumas figuras da direita também rejeitam a reforma, como a ex-chefe do Shin Beth (Agência de Segurança de Israel), Yoram Cohen. É “impossível mudar a natureza do Estado no nível judicial sem um amplo acordo”, declarou nesta segunda-feira na rádio militar.
*Com informações do IstoÉ
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