A construção de uma sociedade moderna é extremamente complexa. Os acertos não duram na mesma proporção das demandas que se renovam, e seus erros impactam profundamente no seu desenvolvimento e crescimento. Chegar ao equilíbrio sociocultural, político e econômico satisfatório, é atingir a maioridade como sociedade. É tarefa difícil para todos nós!
Instituições privadas, públicas, governos, escolas, famílias e outros entes, deveriam dar as mãos e fazerem profunda reflexão. Após análise, expor seus erros e apontar caminhos para solucionar os graves problemas que atrasam seu desenvolvimento. Devem refletir, dialogar, propor e agir em benefício de todos. Caso contrário, acarretará profunda desesperança no seio da sociedade!
Com o retorno às aulas, quero dar um sinal de alerta para algo gravíssimo que acontece dentro das escolas, templo importantíssimo para o desenvolvimento do país – A indisciplina de nossos alunos! Que começa lá nos anos iniciais, e pode afetar todo seu processo de desenvolvimento durante sua vida escolar.
Ao olhar para o cotidiano da escola, percebemos um ambiente cada vez mais “hostil da comunidade escolar”, composta por: colaboradores, direção, professores, alunos, pais e o entorno da escola. A indisciplina causa profundos impactos na qualidade das aulas, prejuízos imediatos para os alunos e futuros para a sociedade.
Nossas crianças chegam a escola cada vez menos disciplinados. Estudos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), apontam que a indisciplina provoca perdas em torno de 20% das aulas. Além da perda de conteúdo, cria-se um ambiente desfavorável, adverso e muitas vezes agressivo (sem generalizar, claro).
É consenso nas reuniões pedagógicas que temos que fazer algo com urgência. “Trabalhar valores”, não pode ser restrito somente ao espaço da escola – “As famílias têm que entender de uma vez por todas que a educação é responsabilidade dos pais”.
Contextualizo com ótima fala do educador e filósofo, Cortella: “Muita gente confunde educação com escolarização!” Educação é a formação de uma pessoa, escolarização é um pedaço da educação. Educar é tarefa da família! Há uma inversão de alguns pais, que ainda não conseguem entender – “A escola ajuda a família na educação de seus filhos e não o contrário”.
Portanto, cabe a família a maior fatia deste bolo chamado educação. Lógico com apoio da escola, governos e sociedade. Não me refiro à educação como direito social, ou como um serviço público, tratamos aqui da “educação doméstica, do lar”, que cabe aos pais ou cuidadores. Nossos alunos não podem chegar “tão crus e rudes”, afinal temos mais acesso a informação do que em qualquer momento da história à disposição da família.
Contribuir para a diminuição da indisciplina, é dever de toda comunidade escolar. Preparar um ambiente adequado aos professores, alunos e colaboradores (banheiros, refeitório, sala de aula, biblioteca, etc.), e estruturar um bom currículo é fundamental. Os mestres são os grandes protagonistas deste projeto, portanto: “- devem ter condições para ministrar suas melhores aulas e utilizar estratégias que as torne desafiadoras e inovadoras. Não basta ensinar, é preciso ensinar bem!”
São alarmantes os relatos de colegas e pais, quanto a indisciplina. Observamos algumas birras, destemperos e gritos de algumas crianças com o seu familiar já na recepção da escola, e com os professores em sala. Pais contam que perderam o controle e não sabem como agir em casa (a maioria passa muito tempo fora trabalhando).
Outros nos dizem, que não conseguem controlar o tempo de uso do celular de seus filhos, passam a madrugada com o celular. Muitos chegam na escola como zumbis. É inadmissível alunos agirem assim na escola, são crianças! Alguém tem que impor limites, não acham?
Por fim, novamente empresto fala de Cortella.“- Uma criança não pode decidir pelos adultos!”. Ela não terá noção de tempos, das fases de maturação e vai cair numa armadilha. Esse tempo de maturação é o que permite que se consiga dar os primeiros passos nas próximas etapas. “Há famílias que se acovardam em relação aos filhos, não colocam limites na disciplina do dia a dia. Onde isso estoura? Dentro da escola!”
Nessa perspectiva, se algo não for feito na base, nos primeiros anos, a tendência é que esta transgressão em forma de indisciplina, continue por todo o processo de escolarização dos alunos. Tornando-os candidatos em potencial ao fracasso escolar.
Precisarmos ajudar os pais neste processo, mas é imprescindível fazerem à sua parte. Juntos devemos tratá-las como: “- o maior patrimônio da sociedade brasileira”, e que merecem cuidados. A elas todo nossos esforços, dedicação e prioridade. Nossas crianças precisam ser conduzidas e clamam por amparo!
Disciplina já! Em casa, na escola e na sociedade!
* Artigo de opinião de Ricardo Onety
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