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Espírito Santo

Três casos de gripe aviária em aves marinhas são registrados no Brasil

Ministério da Agricultura e produtores estão em alerta com confirmação do vírus H5N1 em aves silvestres

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta segunda-feira (15) três casos de gripe aviária em aves silvestres no litoral do Espírito Santo.

O vírus H5N1 foi detectado em aves marinhas da espécie Thalasseus acuflavidus, conhecida popularmente como Trinta-réis-de-bando, uma no município de Marataízes, uma na capital, Vitória, e uma terceira, também no litoral.

São os três primeiros casos registrados no Brasil de Influenza Aviária de Alta Patogenicida (IAAP) de subtipo H5N1 – até então, o país não havia tido nenhuma ocorrência do tipo. A confirmação veio depois da análise de amostras biológicas feitas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP), unidade de referência da Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA).

De acordo com o Mapa, porém, a IAAP em aves silvestres não afeta a condição do Brasil como país livre da doença. Desta forma, os demais países membros da OMSA não devem impor proibições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros.

Em entrevista à revista Globo Rural, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, disse que “o Brasil era o único grande produtor a não registrar essa doença” e que não há receio de embargo das exportações.

Estado de alerta

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, declarou estado de alerta de emergência, com o objetivo de aumentar a mobilização do setor privado e de todo o serviço veterinário oficial para incrementar a preparação nacional, aumentando a vigilância sobre a pandemia de IAAP.

De acordo com o Mapa, dependendo da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas sanitárias poderão ser adotadas no Brasil para proteger a avicultura nacional.

O que é a gripe aviária

A gripe aviária é uma doença viral altamente contagiosa que afeta, principalmente, aves silvestres e domésticas. Atualmente, o mundo enfrenta uma pandemia de IAAP e a maioria dos casos está relacionada ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção ou aves silvestres locais.

A nova variante do vírus chamada gripe aviária A (H5N1) surgiu em 2020. Desde então, tem atingido não apenas aves selvagens, mas também algumas espécies de mamíferos, como visons, texugos, porcos e ursos.

Aves frequentemente contraem gripe, mas a variante H5N1 tem sido especialmente mortal. Pesquisadores estimam que mais de 60 milhões de aves selvagens morreram devido ao vírus ou a abates no ano passado – quando uma única ave contrai o vírus, os criadores são obrigados a matar a criação inteira.

Transmissão para humanos

No final de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que alterações no vírus H5N1 da gripe aviária encontrado em animais da América do Sul parecem indicar que esse patógeno está se adaptando melhor aos mamíferos. No entanto, segundo a OMS, os casos humanos ainda são esporádicos e “não há motivos para pânico”.

Em duas décadas foram registrados cerca de 900 casos de gripe aviária H5N1 em seres humanos, com um índice de mortalidade de mais de 50%, principalmente no leste da Ásia e no Oriente Médio. A taxa é maior do que a de outros vírus que causaram recentes epidemias de gripe, como a gripe suína H1N1, em 2009.

Segundo a OMS, o período de incubação após uma infecção com a gripe aviária A (H5N1) é de dois a cinco dias, em média, mas os sintomas podem demorar até 17 dias para aparecer.

O Mapa também alerta que infecções humanas pela gripe aviária podem ser adquiridas, principalmente, por meio do contato com aves infectadas (vivas ou mortas). Por essa razão, pessoas que avistarem aves doentes devem acionar as autoridades sanitárias locais ou realizar a notificação por meio do e-Sisbravet (Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinária). Não se deve tocar e nem recolher aves doentes.

A gripe aviária não é transmitida pelo consumo de carne de frango ou ovos.

“ABPA [Associação Brasileira de Proteína Animal] ressalta que é totalmente seguro o consumo da carne de aves e ovos, segundo informações cientificamente respaldadas pela OMSA, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e outros órgãos reconhecidos internacionalmente”, aponta nota da associação, que representa avicultores.

Como se prevenir

De acordo com Richard Pebody, chefe do Grupo de Patógenos de Alta Ameaça da Organização Mundial de Saúde (OMS) da Europa, todas as pessoas que testaram positivo para essa nova variante da gripe aviária tiveram contato próximo com aves selvagens.

“Essas pessoas trabalham com avicultura e se envolveram no abate [de aves] ou tiveram contato com bandos em uma área externa”, resume Pebody.

Para quem não trabalha em contato direto com aves, a melhor maneira de se proteger, segundo Peabody, é evitar pegar pássaros na rua. Ainda assim, conforme o especialista, o risco é baixo.

“É importante destacar que milhões de aves morreram e estamos vendo apenas um pequeno número de casos em humanos. Portanto, no momento, o risco continua relativamente baixo. Mas há um risco”, afirma Pebody.

Ele acrescenta que quem trabalha com avicultura ou têm galinhas ou galos em seus quintais deve usar equipamento de proteção ao lidar com os animais.

Se você teve contato com aves mortas ou doentes e desenvolver sintomas respiratórios, entre em contato com seu médico e com as autoridades sanitárias locais, faça exames e busque orientação sobre o tratamento antiviral.

*Com informações da IstoÉ

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