×
Discurso de ódio

Movimentos extremistas avançam e ameaçam a democracia brasileira

Diante dos ataques, a população brasileira vive em meio ao discurso de ódio e a proteção de minorias sociais

Apoiadores de Jair Bolsonaro em 30 de setembro de 2018 em Porto Alegre, Brasil. Foto: Editorial J / Flickr

Nos últimos anos, é notável o crescimento de grupos com ideais extremistas no território brasileiro. Através da internet, pessoas com o mesmo tipo de pensamento se comunicam e ajudam a difundir mensagens que ameaçam o bem-estar da população, e principalmente, evidenciam alvos para futuros ataques.

Resquício da Segunda Guerra Mundial, um dos movimentos extremistas que mais cresceram no país, nos últimos anos, é o nazismo. De acordo com a antropóloga Adriana Dias, o ódio por minorias impulsiona ataques de pessoas que se acham superiores às outras.

“Eles começam sempre com o masculinismo, ou seja, eles têm um ódio ao feminino e por isso uma masculinidade tóxica. Eles têm antissemitismo, eles têm ódio a negro, eles têm ódio a LGBTQIAP+, ódio a nordestinos, ódio a imigrantes, negação do holocausto”,

disse a antropóloga durante uma entrevista.

Infelizmente, esse não foi o único movimento considerado extremista que cresceu no país nos últimos tempos. Impulsionado pelo discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, muitas pessoas passaram a destilar ódio e violência contra àqueles que não compactuavam com o pensamento da figura política. Tendo como base a fé, o ex-presidente teve grande apoio através da visibilidade que igreja evangélica proporcionou, sempre realizando discursos que ameaçavam a vida de minorias brasileiras.

Entre tantos discursos violentos, está a democracia brasileira. Após mais de 20 anos de ditadura militar, o povo brasileiro teve a oportunidade de escolher democraticamente seu primeiro presidente no ano de 1985. A nova Constituição Federal de 1988 afirma que “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Nazismo

Durante a Segunda Guerra Mundial, a ideologia do nazismo fez milhares de vítimas pelo mundo. Centrado na figura de Adolf Hitler, o movimento torturou e matou, principalmente, judeus, crianças, pessoas com deficiências, ciganos, homossexuais, negros, entre outros. Com a derrota do partido nazista no fim da guerra, pessoas que participaram das torturas fugiram da Europa e se espalharam pelo mundo. Apesar do fracasso do partido, muitos grupos ainda seguem os pensamentos perpetuados pelo nazismo, inclusive no Brasil.

Segundo o mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, cédulas de grupos neonazistas cresceram 270,6% no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021. Ainda de acordo com a profissional, existem aproximadamente 530 núcleos extremistas, que podem conter cerca de 10 mil pessoas ativas, operando no país atualmente.

Na opinião do Defensor Público Federal, André Naves, um conjunto de situações ocasionou o crescimento dessas cédulas no território brasileiro.

“Infelizmente, tivemos um discurso presidencial, e de seus aliados, muito simpáticos a essas causas nefastas. Isso arrastou várias pessoas para este tipo de crime. De 2019 a 2021, tivemos uma ampliação das mazelas sociais, aprofundadas pela pandemia e sua falta de administração. Tudo isso, aliado a um discurso de ódio, ampliou estas cédulas de grupos neonazistas”

Recentemente, um dos casos que chamou a atenção nacional foi quando um adolescente de 14 anos foi apreendido por ato análogo ao terrorismo, no Rio Grande do Sul. Após uma revista em sua residência, a Polícia Civil encontrou símbolos nazistas, como bandeiras, desenhos e até mesmo, um quadro de Hitler, em seus pertences.

Após um intenso trabalho de investigação, os policiais militares acabaram descobrindo que a bandeira nazista havia sido dada de presente de pai para filho. Os pais do adolescente foram presos por apologia ao nazismo. Uma vez que os pais são responsáveis pela criação moral de seus dependentes, nos perguntamos o quão forte essas influências terão no futuro dos cidadãos brasileiros.

“Bolsonarismo”

Crescente desde a eleição de Jair Bolsonaro no ano de 2018, o movimento “bolsonarista” mudou o comportamento da população brasileira em toda sua esfera nacional.  Tendo como lema “Deus, Pátria, Família”, Bolsonaro usou a mesma frase do integralismo brasileiro, o maior movimento de extrema-direita fora da Europa nas décadas de 1930 e 1940, que se inspirava no fascismo italiano.

Após concorrer à reeleição no ano de 2022 e perder para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a onda de violência incentivada pelo ex-presidente do Brasil evidenciou para todos a ameaça da extrema-direita à democracia nacional.

No dia 8 de janeiro de 2023, milhares de pessoas, vindas dos mais variados cantos do país, invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, depredando os prédios públicos, fundados no discurso de violência. O ataque claro aos três poderes reproduziu a invasão que apoiadores do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fizeram a eleição de 2021 no país americano.

Os ataques de 8 de janeiro não foram feitos de qualquer maneira, houveram pessoas que organizaram e influenciaram as ações antidemocráticas, como explica o defensor André Naves.

O próprio silêncio presidencial, muitas vezes causou um efeito de um discurso por não ter desmentido boatos fantasiosos. Nem ele, nem as Forças Armadas, nem seus aliados fizeram algo para combater isso”, disse.

Não apenas atacar a estrutura dos prédios, mas muitos manifestantes decidiram depredar obras de arte, esculturas e até mesmo, exemplares da constituição. A constituição que protege a democracia foi alvo de violência de vândalos que participaram do ataque de 8 de janeiro.

“Queriam passar uma mensagem, quase uma metonímia simbólica. Eles emporcalharam valiosíssimos patrimônios da nossa República e de nossa democracia. A depredação, os atos de vandalismo e barbárie eram atos que tentavam acabar com a democracia. Em última análise, queriam acabar com os direitos humanos”,

comentou Naves.

Proteção à democracia

Diante dos constantes ataques à vontade da maioria, a população brasileira vive em meio ao discurso de ódio e a proteção de minorias sociais. Nas últimas eleições presidenciais, o ex-presidente Bolsonaro fez ataques públicos às urnas eletrônicas e ao sistema de votação brasileiro, mesmo sem ter provas.

Em mais de 20 anos de uso do sistema, não existiu um só caso de fraude nas urnas eletrônicas no país, mas, mesmo assim, o discurso foi mantido pelo então candidato durante os dias que antecederam as eleições. Com falas e discursos diretos de pessoas em evidência, é necessário mudar o comportamento da sociedade para proteger a democracia, respeitando a decisão do povo.

“O processo de preservação da democracia no Brasil é um processo de aprofundamento dos direitos humanos. Precisamos também de segurança pública, mas acima de tudo, de segurança alimentar, sanitária, educacional, segurança social”,

pontuou o defensor Naves.

O nazismo e o bolsonarismo são exemplos claros de ataques às minorias brasileiras, uma vez que usam a violência para propagar seus ideais. Ainda que não sejam os únicos movimentos do país, é preciso frear o aumento de grupos opressores na sociedade brasileira.

Leia mais:

Três dos cinco mortos em rebelião no Acre foram decapitados, diz Polícia Civil

Entenda o que muda nas compras de até US$ 50 do exterior a partir de agosto

Greenpeace recebe inscrições em projeto sobre mudanças climáticas

Comentários:

  1. A falta de vergonha de vocês da mídia suja da até náuseas, temos o maior corrupto da história da república e quadrilha arrombando os cofres públicos, censurando, recebendo narcoditadores assassinos como chefes de Estado, fazendo turismo de luxo, calando, perseguindoe prendendo, opositores através do judiciário aparelhado e corrompido que estupra a CF, viola o devido processo legal, ordenamento jurídico, subverte a lei para beneficiar e livrar criminosos, quem são os antidemocráticos? Criem vergonha nas vossas caras porcas, vendidos, mercenários, as putas tem mais dignidade que voces

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *