Manaus (AM) – Com uma plateia de mais de 40 pessoas, neste sábado, 5/8, a Prefeitura de Manaus, via Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), realizou o lançamento das atividades do programa “Vivendo o Nosso Centro”, com a palestra sobre “Arqueologia Urbana”, no Casarão da Inovação Cassina.
A palestra foi realizada pelo arqueólogo e doutor em Sociedade e Cultura na Amazônia, Carlos Augusto da Silva. O evento marcou o início das ações de educação patrimonial “Vivendo o Nosso Centro”, dentro do programa “Nosso Centro”, lançado pelo prefeito David Almeida.
Durante quase três horas, Carlos Augusto, conhecido como “Tijolo”, falou sobre as artes da Amazônia antiga e as tão famosas urnas funerárias encontradas desde Manaus até o interior do Estado; tratou da formação do solo antropogênico e das características da população humana que aqui habitou; navegou sobre o ambiente da terra firme e várzea, a cultura da mandioca e da indústria de canoas, fechando com a cronologia de complexos cerâmicos e as paisagens amazônicas contemporânea e antiga.
“Nesse abraço dos rios Negro e Solimões, no caso de Manaus, ele é emblemático. A área do centro de Manaus foi um grande útero dessa história, desse passado, dessas populações que viveram aqui. E essa renovação proposta, a revitalização, vai trazer dados importantes dessa memória. E essa memória traz as digitais dos povos que viveram aqui. Os monumentos moldados foram para atender um tempo dessa história, desse povo. E, hoje, os arquitetos do tempo atual estão voltando exatamente essa história para o presente. É importante ter a sustentabilidade como caminho”, comentou o palestrante.
O “Vivendo o Nosso Centro” é parte da dinâmica das obras realizadas pela prefeitura, com recursos próprios para a reabilitação do território. “É a vida que começa a entrar no processo do ‘Nosso Centro’, que tem três eixos: o ‘Mais Vida’, o ‘Mais Negócios’ e o ‘Mais História’. Hoje, na palestra, estamos fazendo o link entre o ‘Mais Vida’ e o ‘Mais História’, falando de arqueologia urbana na Amazônia”, disse o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente.
Para Valente, a história se faz no presente, uma vez que, daqui a 40 anos, 60 ou cem anos, o que se está construindo e projetando hoje, para a cidade, será história. Mas, hoje, é o cotidiano da cidade.
“A gente espera que seja uma história evolutiva, construtiva e próspera, com a gestão do prefeito David Almeida. Temos aqui um grande evento, onde a historicidade e a dinâmica da vida se integram às obras em execução, ao mirante Lúcia Almeida, casarão Thiago de Mello e ao largo de São Vicente”, acrescentou.
O vice-presidente do instituto, o arquiteto e urbanista Claudemir Andrade, acredita que o processo do “Nosso Centro” envolve aspectos de pré-obra, intervenção e pós-obra. “Sempre enxergo a obra como a parte mais fácil dentro do processo de regeneração e revitalização do centro histórico, mas o pós tem uma importância fundamental, porque é ele que vai construir, a longo prazo, a vivência e a ocupação, trazendo a população para perto dessa construção. Trazer os profissionais, os técnicos, a sociedade, para que entendam o processo de transformação proposto pelo ‘Nosso Centro’ e também que passem a somar com essa reabilitação”, disse Andrade.
A palestra vai se somar a outros eventos, incluindo os de visitação in loco ao território e aos locais de obras. “E que se possa criar uma envergadura para que a população compre, de fato, e adote o Centro, resgate o Centro, passe a visitar o Centro, volte para o Centro de maneira que se tenha essa vida novamente, de qualidade, de história, de cultura, para que a gente alcance um resgate urbanístico e de vivência do espaço público”, completou.
O “Vivendo o Nosso Centro” vai promover vivências, experiências de imersão na cidade e de educação patrimonial, que seguirá com um circuito de visita in loco na área da ilha de São Vicente, no centro antigo, zona Sul, onde a Prefeitura de Manaus faz uma série de intervenções de reabilitação urbana. A primeira visita em campo acontecerá no próximo dia 12 de agosto.
A estudante, guia de turismo regional e técnica em Meio Ambiente, Ana Cristina de Assis, participou da palestra e ficou feliz com iniciativas do tipo, especialmente para o setor turístico. “Estamos ao lado de um sítio histórico, que é o da praça Dom Pedro II, e é fundamental ele ser visitado todos os dias. A revitalização do Centro é necessária para a sociedade e todos os segmentos que giram em torno de sua estrutura”, disse.
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