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Insatisfação

Moradores denunciam falta de energia elétrica de qualidade no interior do Amazonas

Falta de energia afeta o cotidiano de moradores dos municípios amazonenses

Reprodução: Internet

O verão amazônico é conhecido pelas altas temperaturas e chuvas abaixo da média, atingido toda a região entre os meses de julho a dezembro. Com a sensação térmica elevada, os amazonenses buscam várias alternativas para se refrescar, e neste momento, vale tudo, desde banho de rio até ligar o ar-condicionado. Mas, devido às constantes falhas da concessionária Amazonas Energia, os moradores dos municípios de Manacapuru, Codajás e Lábrea não conseguem aproveitar 100% os eletrodomésticos, pois quando precisam, não há energia elétrica nas cidades.

A falta de fornecimento de energia prejudica não só o cotidiano dos moradores, mas também, a economia dos municípios. Diversas atividades são paralisadas pelas constantes falhas, mesmo que os moradores continuem pagando, todo mês, as cobranças feitas pela empresa.

A revolta da população cresceu após as constantes interrupções do fornecimento de energia sem aviso prévio. Relatos de moradores apontam que, muitas vezes, os municípios ficam mais de três dias seguidos sem o serviço de eletricidade disponível.

Insatisfação em Manacapuru

No município de Manacapuru, a preocupação dos moradores gira em torno da realização do Festival de Cirandas, que ocorre nos dias 1, 2 e 3 de setembro, no Parque do Ingá. Recebendo grande concentração de turistas, a falta de energia elétrica preocupa os comerciantes que estarão trabalhando diretamente com o público, pois grande parte deles corre o risco de perder a venda por conta deste problema.

Apesar de não ser o único município do Amazonas que sofre com a constante queda de energia, os moradores de Manacapuru estão cansados da situação e decidiram reivindicar seus direitos junto à concessionária.

Havia sido divulgado que na sexta-feira (1), iria ocorrer uma manifestação em frente à sede da Amazonas Energia no município, mas no último momento, o ato foi cancelado.

Segundo os munícipes, a cidade de Manacapuru passou quatro noites consecutivas sem o fornecimento de energia elétrica, o que acarretou diversos problemas, como eletrodomésticos queimados, comércios e escolas com funcionamento prejudicado, além da falta de água, pois os poços deixaram de funcionar.

Em uma rede social, um morador denunciou o descaso da concessionária com o município e publicou: “Viemos apelar a quem tem direito, providências urgentes no sentido de resolver, em caráter de urgência, o grave problema de fornecimento de energia em nosso município. São incontáveis prejuízos que afetam a economia, social, saúde, educação, trabalho e lazer. Sem contar que pagamos uma das tarifas mais caras do país por este péssimo serviço”,

comentou o residente de Manacapuru.

Outra internauta também usou as redes sociais para reclamar das constantes quedas de energia. “Aqui na minha rua houve uma queda de energia ontem; ela veio chegar quase 00h, quando foi 2h da madrugada, faltou [novamente]. Situação horrível”,

lamentou a moradora.

Um terceiro reclamante salientou para a situação dos ramais do município, onde segundo ele, a situação é mais precária ainda. “Nas estradas e ramais é bem pior a situação, são inúmeras interrupções, várias vezes ao dia. Pagamos uma tarifa muito alta, por um serviço de péssima qualidade e que só piora”, afirmou o popular.

Ação judicial em Codajás

Devido a constante suspensão do fornecimento de energia elétrica, sem aviso prévio no município de Codajás, a Justiça determinou que Amazonas Energia adeque o serviço no município de maneira eficiente, contínua, sem oscilações e interrupções não programadas.

“Após os relatos da população, decidimos ajuizar a ação civil pública a fim de regularizar o fornecimento de energia na cidade. Dentre os pontos que podem ser destacados estão a imposição de multa, bem como a realização de uma audiência pública para discutir esse problema que perdura há mais de uma década”,

disse o defensor público Thiago Cordeiro, coordenador do Polo de Coari.

Além de fornecer energia elétrica em Codajás de forma adequada, sem oscilações e interrupções não programadas, a Amazonas Energia terá que realizar todas as diligências e reparos necessários para o correto fornecimento do serviço.

Se a empresa não cumprir a decisão, ela terá que pagar multa diária que varia R$ 30 mil a R$ 500 mil, conforme o tempo em que o município fica sem o abastecimento, não podendo ultrapassar o patamar máximo de R$ 50 milhões. A Justiça determinou ainda que a Secretaria de Administração e Planejamento de Codajás será responsável pelo registro das interrupções e, caso não haja justificativa no prazo de 5 dias, haverá a possibilidade de bloqueio de verbas.

Comunidades ribeirinhas de Lábrea ficam no escuro

Já no dia 8 de março deste ano, moradores de 13 comunidades ribeirinhas do município de Lábrea tiveram o fornecimento de energia interrompidos por problemas na estrutura que distribuía energia à localidade.

O Polo do Purus da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), em conjunto com a Procuradoria-Geral do Município de Lábrea entraram com uma ação civil pública contra a concessionária e solicitaram uma indenização de R$ 6,5 milhões por danos morais coletivos.

A Defensoria chegou a enviar uma solicitação questionando sobre quais providências estão sendo tomadas pela instituição para resolver o problema, mas o órgão não teve resposta. Segundo a DPE-AM, em maio, a Amazonas Energia enviou um emissário e recebeu apoio do Poder Público Municipal de Lábrea para construir novas instalações elétricas, mas o trabalho não foi concretizado e as comunidades permaneceram sem energia e com prejuízos incalculáveis.

“O fornecimento de energia é serviço essencial e a falta dele vem impossibilitando o funcionamento, inclusive, de escolas e órgãos públicos, como posto médico, não havendo sequer uma previsão de instalação de nova rede de energia elétrica”,

concluiu a coordenadora do Polo do Purus da DPE-AM, Rachel Marinho.

Resposta da Amazonas Energia

A equipe da Em Tempo entrou em contato com a assessoria da Amazonas Energia para saber sobre a procedência das denúncias feitas por moradores de Manacapuru, que alegam a falta de energia há pelo menos quatro dias e a resposta do órgão foi que houve aumento no número de ocorrências atendidas pela concessionária.

“A demanda fora do padrão prospectado pela Amazonas Energia tem gerado recordes de ocorrências. Na última quarta-feira (23), dia de maior consumo de energia registrado em todos os anos, a concessionária atendeu 681 ocorrências. Neste mês de agosto, o aumento foi de 18% em relação ao mesmo período do ano passado”,

disse a empresa.

Com relação ao fornecimento de energia em Codajás, a concessionária afirma que a produção de energia não é de sua responsabilidade, somente a distribuição.

“A Amazonas Energia informa que as interrupções não programadas de energia elétrica, que estão ocorrendo no município de Codajás, são de responsabilidade da Eletrobras Eletronorte, empresa responsável pela usina geradora instalada na localidade. A concessionária Amazonas Energia cuida da distribuição da energia neste município, não tendo qualquer relação com a produção”,

escreveu.

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