Devido à seca histórica que atinge o Estado do Amazonas, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Ana) declarou, em Brasília, a situação crítica de escassez de recursos hídricos no Rio Madeira, na Amazônia. A medida foi publicada em portaria no Diário Oficial da União e vale até 30 de novembro de 2023.
Apresentando o menor nível em 56 anos, as três principais estações fluviométricas da calha, estão abaixo da cota em 95% das medições.
Entre os principais impactos causados pela estiagem, estão as mortes de peixes, a falta de água potável e o fenômeno de terras caídas. Para evitar a mesma situação que ocorreu em Beruri, onde um barranco deslizou e matou uma pessoa, o Governo do Amazonas, através da Operação Estiagem, faz um trabalho de monitoramento nos municípios da calha do Madeira.
“Estamos no Rio Madeira num trabalho de prevenção, monitoramento e planejamento de ações de mitigação da estiagem histórica que estamos enfrentando. Em Humaitá, existe um trabalho de contenção de terras caídas, realizado parte pelo Ministério da Integração e parte pela Prefeitura de Humaitá há alguns anos. É um trabalho de excelência, que pode ser inclusive um case para outros pontos do Estado”,
pontuou o vice-governador, Tadeu de Souza.
Outro problema apontado por pesquisadores é a fuga de peixes para as áreas mais profundas dos rios. Uma vez que o rio Madeira abriga 40% de todas as espécies de peixes da bacia amazônica, por conta da seca, os animais não possuem para onde ir, e muitos morrem encalhados.
“Quando a seca atinge níveis críticos, pode ocorrer a extinção das áreas mais profundas dos rios e os peixes ficam encalhados, como registrado em vários municípios do Amazonas nas últimas semanas”, alertou a bióloga e doutora na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Carolina Dória.
Usinas hidrelétricas
O rio Madeira também é berço de duas usinas hidrelétricas: as Usinas Hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio. A hidrovia do Madeira percorre 11 municípios, sendo oito no Amazonas e três em Rondônia.
Por conta do baixo nível da água, a usina de Santo Antônio parou de funcionar desde o início de outubro, impactando a vida dos ribeirinhos que dependem do fornecimento de energia.
A última vez que a hidrelétrica foi interrompida, foi no ano de 2014, mas na oportunidade, a suspensão da atividade ocorreu por conta da cheia do Madeira.
Através de nota, a Santo Antônio Energia afirmou que a suspensão foi alinhada com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o objetivo é preservar a integridade das unidades geradoras da hidrelétrica, já que a quantidade de água é muito pouca para o funcionamento das turbinas. Não há previsão de quando as operações serão retomadas.
“O rio Madeira permanecerá seguindo seu curso natural, com passagem da vazão concentrada no Vertedouro Principal da usina, sem qualquer impacto em seu fluxo natural”,
finalizou a nota.
Em contrapartida, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assegurou que a hidrelétrica de Jirau não irá paralisar suas atividades devido à seca dos rios, pois as características do empreendimento o tornam mais resiliente às condições hidrológicas desfavoráveis.
“Santo Antônio, pelas características do projeto de engenharia da hidrelétrica, ela é a usina mais suscetível a esse tipo de impacto de escassez hídrica… Jirau tem um remanso que permite uma maior capacidade de resiliência à crise hídrica”,
afirmou o ministro.
Seca
Subiu para 48 o número de municípios em situação de emergência, segundo o Boletim Estiagem da Defesa Civil do Amazonas divulgado nesta terça-feira (11). O levantamento também contabiliza 12 cidades em situação de alerta.
Houve aumento também no número de famílias afetadas, que subiu de 68 mil para 97 mil. São, no total, 392 mil pessoas atingidas.
O período da seca, com menos chuvas, também intensifica o número de queimadas no Amazonas. Segundo o relatório, de janeiro a 8 de outubro, foram registrados cerca de 17.800 focos de calor no estado.
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