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Disputa

Eleições na Argentina: Massa surpreende e sai na frente de Milei para 2º turno

Peronismo demonstra força diante de ultraliberal, mas tem sua pior votação em 40 anos de democracia

Buenos Aires – A Argentina fez jus às suas eleições mais incertas das últimas décadas e terminou em uma nova surpresa neste domingo (22). Mesmo liderando uma grave crise econômica, o atual ministro da área, Sergio Massa, superou o favoritismo do ultraliberal Javier Milei, com quem disputará o segundo turno em 19 de novembro.

Com mais de 90% das urnas apuradas, o candidato peronista acumulou 36,4% dos votos válidos nas urnas, contra 30,1% do libertário, que aparecia na frente na maioria das pesquisas e frustrou a expectativa de seus apoiadores de vitória no primeiro turno. Já a macrista Patricia Bullrich somou 23,8% dos eleitores e está fora da corrida.

Apesar de ter saído na frente e demonstrado a força de sua máquina ideológica e partidária, o peronismo registrou sua pior votação em 40 anos de democracia. A coalizão Juntos pela Mudança, por sua vez, sofreu uma derrocada e está fora de um segundo turno pela primeira vez nos últimos oito anos.

A partir de agora, o eleitor argentino terá que escolher entre dois modelos de país essencialmente diferentes: o primeiro com certo grau de continuidade pela esquerda —apesar de Massa estar mais ao centro do que o governo do presidente Alberto Fernández— e o segundo de profunda ruptura liberal de direita.

Após o resultado, Massa fez um discurso em que se contrapôs a Milei, sem citar o adversário. O peronista falou em fazer um governo de unidade nacional e acenou aos candidatos Juan Schiaretti e Myriam Bregman (com cerca de 7% e 3% dos votos, respectivamente).

Também se dirigiu a eleitores que querem um país sem incertezas, dizendo que fará esforços para ganhar a confiança deles e contrapondo políticas de Estado, como fortalecimento da educação pública, a propostas liberais, como o oferecimento de vouchers.

“Estou convencido de que esse não é um país de merda como têm dito, mas que esse é um grande país”, disse.

Milei, por sua vez, tentou se mostrar feliz e esperançoso, embora o QG de sua coalizão não mostrasse a euforia vista nas primárias. “Não deixemos de ter a real magnitude do evento histórico frente ao qual estamos. Em dois anos, viemos disputar o poder com o mais nefasto poder da história da democracia moderna”, disse.

Ele também indicou que buscará uma aliança para o segundo turno: “Hoje eu dou por terminado esse processo de agressões e ataques e estou disposto a fazer tábula rasa para terminar com o kirchnerismo”.

Para o analista político Gustavo Córdoba, diretor da empresa de pesquisas Zurban Córdoba, a atuação de governadores e militantes peronistas espalhados pelo país pode ter pesado. “A territorialidade ainda tem um valor importante na Argentina”, afirma ele, que, apesar disso, vê os resultados do primeiro turno com cautela.

“Todo segundo turno é uma eleição completamente diferente. Em 2015, Mauricio Macri [PRO] ficou em segundo, mas terminou triunfando por três pontos. Agora é preciso ver como se reconfigura o cenário da representação política do país, o que vai acontecer com o Juntos pela Mudança e os eleitores de Bullrich”, opina.

Já Nayet Kademián, cientista política da Universidade Nacional de San Martín, diz que imperou o temor das propostas radicais de Milei, impulsionado pela campanha de Massa. “As pessoas levaram Milei a sério, o medo aumentou. Além disso, o aumento da participação eleitoral em relação às primárias parece ter favorecido Massa.”

*Com informações da Folha

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