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Crueldade

Feminicídio: Relembre casos de assassinatos de grávidas que chocaram o Amazonas

Mesmo grávidas, mulheres foram executadas a sangue-frio e tiveram os corpos jogados em área de mata, igarapé, cova rasa e matagal

Manaus (AM) – Nesta terça-feira (21), Victor de Souza Rocha, de 21 anos, foi preso por ser apontado como o autor da morte de sua ex-namorada, Karine Sevalho Lima, que tinha 19 anos. A vítima estava grávida de sete meses quando foi morta.

Infelizmente, Karine não foi a única vítima desse tipo de violência que chocou a população amazonense nos últimos anos. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou que os feminicídios cresceram 87,5% no Amazonas durante o primeiro semestre de 2023, em comparação a 2022. 

Karine, Mirian, Débora, Karoline. As mulheres amazonenses vítimas de violência fazem parte registro de feminicídios, representando índices, que, conforme os órgãos de segurança pública, crescem a cada ano.

Feminicídio e racismo

Karine Lima foi morta com 7 meses de gravidez Foto: Divulgação

O caso da morte de Karine Lima revoltou a população, pois a jovem estava grávida de 7 meses quando foi assassinada.

O delegado Ricardo Cunha, titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), contou que a vítima foi encontrada morta no dia 26 de maio de 2022, em uma região de mata, atrás do Conjunto Viver Melhor, com perfurações de arma branca pelo corpo e face desfigurada.

“A Karine foi encontrada com a face toda desfigurada, vítima de agressões e torturas, ela foi encontrada com várias perfurações de arma branca pelo seu corpo e estava grávida de sete meses. Desde o início das investigações, o Victor já era apontado como principal suspeito. O suspeito era seu namorado na época, que passou sete meses ali de gravidez, importunando a vítima para que ela fizesse um aborto”,

declarou Ricardo Cunha.

No dia do crime, o delegado relata que a vítima foi até o suspeito contar, que não realizaria o aborto e ela e sua família cuidariam do bebê.

“No dia do último encontro deles, ela foi para se encontrar com o Vitor, para informar que toda a sua família já estava ciente, que ela estava grávida dele e não iria realizar esse aborto. Ela iria, por ela mesma e com a ajuda de sua família, criar essa criança. As investigações apontam que houve ali um desentendimento entre o Victor, que ficou revoltado com essa notícia e acabou ali assassinando essa jovem.”

O delegado relata que a Polícia Civil (PC), tentou efetuar a prisão do suspeito diversas vezes, mas ele continuava foragido, até a manhã desta terça-feira. Um dos agravantes no caso foi a declaração de pessoas próximas à vítima, que informaram que o Victor afirmava para as pessoas que jamais teria um filho com características negras.

“Um fato ainda que entendemos de maior gravidade, é que os amigos, pessoas próximas da Karine, informaram que o Victor declarava para todo mundo que ele jamais teria um filho com características negras. A Karine era uma jovem morena, com traços da raça negra, e ele disse que não teria filhos com esse tipo de característica. Então, é um crime ótimo relacionado também a racismo”,

afirmou o delegado.

“Ele falava isso abertamente, que ele não teria um filho negro, não era filho dele. Ele, inclusive, negou aos pais que tivessem tido algum tipo de relacionamento com ela. Ele nega que tenha tido qualquer tipo de relacionamento com ela, mas, era um relacionamento público e notório”, completou.

Sobre a possibilidade de envolvimento externo no crime, Ricardo Cunha declarou que não descarta a opção. “Não descartamos a possibilidade de ter a ajuda de mais alguém, mas a pessoa principal que queria a sua morte está presa.”

No momento da prisão, Victor de Souza Rocha, de 21 anos, preferiu se manter em silêncio e esteve acompanhado de advogado.

Caso extraconjugal

Miriam de Souza estava grávida de quatro meses quando foi morta Foto: Divulgação

Adrya Polyanne Aragão dos Santos, de 28 anos, e Roberto Marinho Brito, de 29 anos, foram presos em outubro de 2022, apontados como os autores da morte brutal da jovem Miriam de Souza, de 21 anos, que estava grávida de quatro meses no dia do crime.

Miriam foi morta a golpes de arma branca no dia 16 de janeiro de 2020, o crime aconteceu no bairro Tancredo Neves, Zona Leste de Manaus.

O delegado Ricardo Cunha, titular da especializada, informou que a gestação da vítima foi a motivação do assassinato.

“A Miriam e o Roberto tinha um relacionamento extraconjugal. O Roberto era casado com a Adrya Polyanna, e a Miriam acabou ficando grávida desse relacionamento. Constantemente a vítima estava sendo ameaçada. Estava sendo exigido para que ela tirasse essa criança, praticasse um aborto, porém, ela recusou. Então essa é a motivação do crime”,

explicou Ricardo Cunha.

Após matar a jovem, Adrya e Roberto jogaram o corpo da vítima em um igarapé na avenida José Romão, no bairro São José, na mesma zona da cidade.

“Na ocasião do crime, o Roberto liga para vítima, marca um encontro e ao chegar no local ela é assassinada com nove facadas pelo corpo, principalmente na região da barriga. Então a gente consegue aferir que ela foi morta por pessoas que estavam com muita raiva pelo fato de ela estar grávida. Após isso eles jogaram o corpo dela no igarapé e desde o dia do crime o casal não foi mais visto”, informou a autoridade.

Conforme o titular da DEHS, desde a data do crime as equipes estavam investigando o paradeiro dos autores do feminicídio que chocou a sociedade devido aos requintes de crueldade contra Miriam.

O casal foi localizado na estrada de Maués-Mirim, zona rural de Maués. “Nas últimas semanas soubemos que eles estavam escondidos em Maués, constatamos a veracidade dessas informações, então solicitamos o apoio da delegacia de Maués que prontamente realizou as buscas e prisão desse casal”, disse.

Conforme a autoridade, Roberto está sendo transferido para Manaus, onde irá passar pela audiência de custódia. Adrya atualmente está grávida de nove meses, portanto ela permanece custodiada em Maués, pois devido ao fim da gestação, a acusada só poderá ser encaminhada para a capital após o nascimento da criança.

O casal está à disposição da Justiça onde irão responder pelo crime de feminicídio e coautoria.

Caso Débora

Debora da Silva Alves estava grávida de 8 meses quando foi assassinada Foto: Divulgação

A jovem grávida Debora da Silva Alves, de 18 anos, desapareceu no dia 29 de julho após ir ao encontro do pai da criança, identificado como Gil Romero Machado Batista. O corpo da jovem foi encontrado no dia 3 de agosto, em uma cova rasa, na comunidade Parque Mauá, bairro Mauazinho, Zona Leste de Manaus.

Gil foi preso no dia 8 de agosto no Estado do Pará e confessou que matou a jovem, ele cometeu o crime com a ajuda de um comparsa identificado como José Nilson Azevedo da Silva, conhecido como ‘Nego’ que foi preso no dia 3 de agosto de 2023.

A polícia informou que Gil Romero contou que Debora “já estava demais”, que ele tinha pagado R$ 500 para ela e a jovem continuava pedindo que ele assumisse a paternidade. Gil então agrediu a vítima e depois chamou “Nego” perguntando se ele garantia matar a vítima.

No interrogatório, Gil confessou que assassinou Débora, tirou o bebê de 8 meses da barriga da vítima com uma faca de pão e o jogou, enrolado em um saco, no Rio Negro, próximo ao Careiro. O corpo do pequeno Arthur Vinicius foi colocado dentro de um saco junto com diversos pedaços de ferro e o corpo foi jogado no meio do rio Negro.

Bebê retirado da barriga

Karoline do Canto Silva foi morta com sete meses de gravidez Foto: Divulgação

Karoline do Canto Silva foi assassinada em 2017, no município de São Sebastião do Uatumã (distante 246 km de Manaus). A jovem, que na época tinha 20 anos, estava grávida de sete meses quando foi emboscada, teve a barriga cortada e o bebê retirado por um casal.

A Justiça do Amazonas condenou Alex da Silva Carvalho a 21 anos e três meses de prisão a ser cumprida em regime fechado. Joelma Leila Santana da Silva foi condenada a 23 anos e oito meses de prisão em regime fechado. Ambos estão presos em Manaus e as penas juntas somam 45 anos de cadeia. A sentença foi dada outubro de 2021.

Segundo a denúncia do Ministério Público do Amazonas (MPAM), o objetivo do crime era obter uma criança para ser filho de Joelma. Ela teria contratado Alex para encontrar uma mulher que estivesse grávida.

O homem teria convidado a vítima para um lanche, quando deu a ela uma bebida batizada. Dopada, Karoline foi levada a um matagal, esganada, teve a barriga cortada para retirar o bebê e depois foi abandonada para morrer.

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