O ex-secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, morreu na quarta-feira (29), aos 100 anos, em sua casa no Connecticut. A informação foi confirmada em comunicado de sua empresa de consultoria Kissinger Associates Inc. Não foi divulgada a causa da morte.
A nota informa que o sepultamento ocorrerá em cerimônia privada da família, seguida de uma solenidade pública em Nova York.
Figura de destaque na diplomacia mundial, Kissinger foi conselheiro de Segurança Nacional e secretário de Estado.Ele esteve ativo até o fim da vida, participando de reuniões na Casa Branca, publicando um livro sobre estilos de liderança e testemunhando perante uma comissões do Senado sobre a ameaça nuclear da Coreia do Norte.
Em julho de 2023, fez uma visita surpresa a Pequim para se encontrar com o presidente chinês Xi Jinping, que o chamou de “velho amigo” e, durante um longo jantar, disse a ele que “as relações entre Pequim e Washington estarão para sempre ligadas ao nome ‘Kissinger'”.
Foi um movimento calculado. Xi estava deixando claro que queria voltar à proximidade que cercou a abertura do presidente Richard Nixon a Pequim no início dos anos 1970, engendrada por Kissinger em intercâmbios secretos e uma notável viagem também secreta à China. E a visita de julho ajudou a preparar a cúpula de Xi com o presidente Joe Biden, a poucos quilômetros San Francisco, neste mês.
Na mesma viagem, Kissinger foi celebrado na embaixada dos Estados Unidos, onde Nicholas Burns, o atual embaixador, mora em uma casa em que o ex-secretário de Estado ajudou a construir quando Washington tinha um representante na China, mas o reconhecimento diplomático completo ainda não havia acontecido.
Kissinger se encontrou com a vasta equipe da embaixada, falando sobre como foi o processo de abertura do relacionamento —em uma época em que parecia inconcebível que a China se tornasse a segunda maior economia do mundo.
As conversas de Kissinger com secretários de Estado e presidentes não se limitaram a navegar na espiral descendente das relações com Pequim. Ele estava envolvido em discussões estratégicas sobre a Rússia, com quem negociou o Salt-1, um importante tratado de controle de armas. Também opinou sobre inteligência artificial, uma de suas paixões nos últimos anos e um assunto sobre o qual escreveu extensivamente, muitas vezes com Eric Schmidt, ex-CEO do Google que se aproximou do ex-secretário de Estado.
Para muitos críticos de Kissinger, esse fervor em permanecer envolvido, décadas depois de se aposentar, mostrava uma sede de poder ou um esforço para melhorar sua reputação, que ele sabia estar manchada por acusações de ter perdoado massacres, bombardeios e a morte de milhares quando isso servia a seus propósitos diplomáticos.
Mas a razão pela qual seu conselho era procurado vai à profundidade de sua experiência: quando Kissinger morreu na quarta-feira (29), Blinken estava a caminho de Israel na tentativa de obter uma pausa mais longa em um conflito sangrento. Kissinger havia voado pelo mesmo caminho, em novembro de 1973, exatamente 50 anos atrás, durante sua famosa diplomacia de vaivém.
*Com informações da Folha de S.Paulo
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