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Dezembro Vermelho

Entenda a diferença entre HIV e Aids; veja os cuidados necessários

Especialista alerta para cuidados com as Infecções Sexualmente Transmissíveis

A campanha ‘Dezembro Vermelho’ busca conscientizar a população sobre prevenção, diagnóstico e tratamento para o HIV/Aids. Embora ainda haja um estigma em relação ao vírus e à doença, o avanço de tecnologias na medicina e os cuidados com a saúde já permitem que pessoas com essa condição levem uma vida sem maiores limitações e similar à de pessoas que não convivem com o vírus.

Uma informação importante para entender a condição, seu diagnóstico e tratamento é a diferença entre HIV e Aids. A primeira sigla é uma abreviação em inglês para ‘Vírus da Imunodeficiência Humana’ e representa o patógeno causador da Aids, segunda sigla que, em inglês, significa ‘Síndrome da Imunodeficiência Adquirida’, a doença.

O infectologista Marcelo Cordeiro, consultor médico do Sabin Diagnóstico e Saúde, explica que o tratamento para quem vive com HIV passa pelo monitoramento da carga viral, realizado por meio de exames de sangue específicos, indicados por um profissional médico.

“Um deles é o teste de carga viral, que indica a quantidade de vírus presente no sangue. Uma carga viral baixa ou indetectável sugere controle efetivo da infecção. Outro exame é a contagem de células CD4, que ajuda a avaliar a função imunológica. Números mais altos indicam um sistema imunológico mais forte”, esclarece o especialista.

O termo ‘indetectável’, citado pelo médico, é outro ponto importante no tratamento para o controle da condição. Ter esse status significa que o paciente possui uma carga viral tão baixa que não transmite o vírus, seja pela via sexual ou durante a gestação. O estágio é atingido por meio do tratamento com antirretrovirais.

Outros cuidados

Além de atenção à carga viral, quem vive com HIV precisa de outros cuidados, uma vez que o vírus pode causar inflamação no corpo, favorecendo o acúmulo de gordura nas artérias. Daí a necessidade de atenção especial aos níveis de colesterol e açúcar no sangue, que podem causar doenças cardiovasculares ou diabetes. Perigosas a qualquer pessoa, elas são ainda mais graves para quem tem HIV, pois podem afetar o sistema imunológico e a resposta ao tratamento.

“Recomenda-se que o exame de perfil lipídico, utilizado para rastrear os níveis de gordura no sangue, e de glicose [açúcar na corrente sanguínea], sejam realizados anualmente ou conforme indicado pela situação clínica de cada paciente, observada por seu médico”, orienta Cordeiro.

O especialista lembra ainda que a interação entre HIV e Papiloma Vírus Humano (HPV) aumenta a probabilidade de câncer anal. É que a imunossupressão resultante do HIV torna o organismo mais suscetível a infecções persistentes pelo HPV, aumentando a probabilidade de lesões pré-cancerígenas evoluírem para câncer. “Além disso, também é possível citar o histórico de doenças sexualmente transmissíveis, entre outras questões. Por isso, uma das grandes recomendações é a vacinação contra HPV”. O imunizante está disponível nas redes pública e particular de saúde.

Quem tem o HIV também deve cuidar da saúde mental. Estudos mostram que quadros depressivos podem ter impacto na progressão da infecção.  “O apoio psicológico é fundamental. Viver com HIV pode ser desafiador, devido ao estigma associado, questões relacionadas à adesão ao tratamento e preocupações com a saúde. O aconselhamento pode ajudar a abordar esses desafios e promover uma melhor qualidade de vida”, pontua Marcelo Cordeiro.

Dados

O Brasil tinha, em 2022, cerca de 990 mil pessoas vivendo com HIV, das quais 723 mil estavam em tratamento antirretroviral. No mesmo ano, foram registrados 40,8 mil novos casos de HIV e 35,2 mil casos de Aids. A taxa de detecção de Aids foi de 16,7 por 100 mil habitantes, sendo maior na região Sul (25,6) e menor na região Norte (9,3), conforme o boletim epidemiológico do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS).

De acordo com o Boletim Epidemiológico 2022, do Ministério da Saúde, o Amazonas registrou pelo menos 13.136 infecções por HIV no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), entre 2007 e 2022. Deste total, 943 foram apenas no ano passado. O estado tem uma taxa de detecção de HIV de 39,7 casos a cada 100 mil habitantes, a maior do país. A média nacional é 16,5 casos por 100 mil/hab. 

Prevenção

Marcelo Cordeiro explica que a melhor forma de prevenir o HIV é combinar formas de proteção. “O uso de preservativos durante relações sexuais é uma das formas mais seguras de se proteger contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, agindo como uma barreira física que impede o contato direto. Além disso, temos a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que é um medicamento diário para pessoas que não têm o HIV, mas que estão em alto risco de contrair o vírus, diminuindo drasticamente essa possibilidade”, afirma o infectologista.

Em caso de exposição inesperada para o HIV, a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) também pode ser usada. Trata-se de uma série de medicamentos tomados durante um mês, iniciados preferencialmente dentro de 72 horas após a exposição, para prevenir a infecção. “A combinação dessas medidas oferece um pacote robusto de prevenção, reduzindo significativamente as chances de aquisição do HIV”, ressalta o médico.

*Com informações da assessoria

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