O titular da 65ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Carauari, no interior do Amazonas, delegado Régis Celeghini, foi preso nesta quinta-feira (8) dois dias após ter denunciado o juiz da comarca da cidade, Jânio Tutomo Takeda, por crimes de corrupção. A decisão é do próprio magistrado envolvido no caso. Veja vídeo do delegando sendo conduzido por policiais civis e militares:
Delegado é preso após chamar juiz de ‘elemento de corrupção’ no AM. pic.twitter.com/1IVnSbAe9F
— Portal Em Tempo (@emtempofb) February 9, 2024
Na quarta-feira (7), Jânio Takeda foi chamado pelo delegado de “um dos maiores elementos de corrupção da cidade” durante uma inspeção na unidade policial. A acusação feita por Régis aconteceu após ele ter protocolado uma denúncia contra o juiz no Ministério Público do Amazonas (MPAM).
Ao ser constrangido pelo delegado, o magistrado decretou voz de prisão, mas a determinação não foi cumprida de imediato. Somente na quinta-feira (8) foi expedido o mandado de prisão em flagrante contra Régis Celeghini, que assumiu o comando da 65ª DIP há menos de um mês.
A decisão assinada pelo próprio Takeda imputa seis crimes ao delegado: injúria, desacato, denunciação caluniosa, desobediência à ordem judicial, abolição violenta do estado democrático de direito e obstrução ao livre exercício da atividade judiciária.
O delegado foi levado para carceragem da 65ª DIP e deve ser transferido para Manaus ainda nesta sexta-feira (9).
Denúncia do delegado
A denúncia citada protocolada pelo delegado no Ministério Público tem como base uma inspeção feita por ele ao assumir a delegacia em janeiro deste ano.
Segundo Régis, várias irregularidades foram encontradas na unidade policial, uma delas foi de um preso já condenado pela justiça, que está encarcerado há seis anos e usava livremente um celular na cela. Ainda conforme o delegado, o aparelho era utilizado pelo detento para falar diretamente com o juiz Takeda.
Regis também filmou o depoimento do preso confessando sobre as regalias dadas pelo magistrado. Na gravação, o detento afirma que o Takeda tinha conhecimento sobre o uso do aparelho, uma vez que ele prestava serviço ao juiz.
Manifestações
A Associação dos Delegados de Polícia do Brasil – Adepol, entidade de representação dos Delegados de Polícia de Carreira no âmbito nacional, manifestou repúdio às condutas praticadas pelo magistrado e considerou o caso como um “cenário absurdo”.
“A Adepol do Brasil manifesta pleno apoio ao referido delegado, e, serena e legalmente, adotará todas as providências cabíveis no ordenamento jurídico perante os atos praticados pelo magistrado”, diz trecho da nota da associação.
A Associação dos Magistrados do Amazonas (Amazon) classificou as atitudes do delegado como desrespeitosas, em prejulgamento ao juiz. E pontua que as acusações contra Takeda não tem apuração oficial e o magistrado não teve oportunidade para os esclarecimentos dos fatos.
“O delegado viola o direito à ampla defesa e ao contraditório processual a que todo cidadão faz jus. Importante observar as diferenças entre o fato e a versão do fato”, diz a nota da Amazon.
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