Os políticos da direita amazonense usaram as redes sociais para convocar a população para participar de manifestação que vai ocorrer na avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ato é para que o ex-presidente “possa se defender” das acusações sobre uma investigação da Polícia Federal (PF), que apontam a atuação do ex-mandatário no planejamento de um golpe de Estado para se manter no poder.
Bolsonaro gravou um vídeo chamando apoiadores para o ato e a mensagem começou a ser espalhada por aliados na segunda (12) e quinta-feira (15). No vídeo, ex-presidente pede aos apoiadores que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de “estado democrático de direito”. “Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses”, afirmou.
O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), que esteve na casa de Bolsonaro por vários dias antes do recesso parlamentar, compartilhou o vídeo de Bolsonaro em suas redes sociais, na sexta-feira (16).
“Apelo importante do nosso Presidente Bolsonaro aos patriotas de todo o Brasil. Nos vemos na Av. Paulista, dia 25/02 às 15h00”, publicou.
“Vamos fazer o maior movimento da história desse país, não só em prol da defesa do presidente Bolsonaro, mas, principalmente, em defesa da democracia brasileira, que não pode jamais ser relativizada”, completou o deputado em outra publicação em apoio ao ex-presidente.
Na quinta-feira (15), Alberto Neto (PL-AM) esteve ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), do deputado Luciano Zucco (PL-RS), do pastor Silas Malafaia e outros apoiadores da direita, em Brasília para organizar o ato democrático do próximo dia 25 na Avenida Paulista, em São Paulo.
“Vamos fazer o maior movimento da história desse país, não só em prol da defesa do presidente Bolsonaro, mas, principalmente, em defesa da democracia brasileira, que não pode jamais ser relativizada”, destacou o deputado Alberto Neto.
“O Brasil é uma democracia e seu povo sempre será livre”, enfatizou o deputado, ressaltando a importância da união da direita para preservar os valores democráticos.
A deputada estadual Débora Menezes (PL) e seu pai, Coronel Menezes (PL), também compartilharam o vídeo de convocação em suas redes sociais.
“Dia 25, evento na Paulista, apenas. Grato pela compreensão. Jair Bolsonaro”, compartilharam em suas redes.
Delegado Péricles, também, deputado estadual e vice-presidente da Executiva estadual no Amazonas, não deixou de incentivar seus seguidores a participarem da manifestação.
“Evento do dia 25 de fevereiro será apenas na Avenida Paulista. Deus, Pátria, Família e Liberdade!”
Além dos deputados, o vereador Capitão Carpê (Republicanos), publicou o vídeo de Bolsonaro e questionou os seguidores para saber se eles iriam para o ato se houvesse manifestação em Manaus.
“Você iria para uma manifestação de apoio ao ex-presidente Bolsonaro? Contra toda a perseguição que a direita vem sofrendo pelo Brasil, o ex-presidente Bolsonaro decidiu convocar uma manifestação na Avenida Paulista dia 25 de fevereiro. A intenção é combater as mentiras e expor as perseguições que estão acontecendo no Brasil, principalmente pra tentar calar a direita. Se tivesse essa manifestação em Manaus, você iria?”
Nos comentários alguns seguidores responderam que sim, no entanto, outros afirmaram que não. “O cara botou a Abin pra monitorar os adversários e quer fazer manifestação a favor da democracia kkkkkk”, comentou um dos internautas.
A manifestação está marcada para acontecer no dia 25 de fevereiro e será transmitida ao vivo pelas redes sociais do ex-presidente às 15h.
Polarização política
A última década tem evidenciado uma polarização política nas eleições, e esse contraste também se reflete no Amazonas. Com a aproximação da disputa para a Prefeitura e Câmara Municipal, os partidos de esquerda estão alinhando candidaturas para se posicionar como oposição e ser uma saída alternativa para os eleitores.
Na capital e no interior do Amazonas há uma disparidade entre o apoio aos candidatos nas eleições. Em 2022, ano da última eleição presidencial, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva (PT) venceu em mais da metade dos municípios do Estado, alcançando 51,1% contra 48,90% de Jair Bolsonaro (PL).
Na terra do boi-bumbá, Lula conseguiu 82,56%, outros municípios também ultrapassaram 80% de votos favoráveis ao presidente petista. Dos 62 municípios do Amazonas, Bolsonaro venceu em apenas quatro. A capital amazonense é considerada também uma capital bolsonarista, devido à adesão da população pela política de Jair Bolsonaro.
Apesar desse cenário para as eleições para Presidência, o analista político Carlos Santiago afirmou que os partidos de esquerda no Amazonas estão enfraquecidos, em comparação a potência que tinham anos atrás. A ausência de militância e agenda para administrar as cidades também marcam as siglas, assim como a falta de consenso para escolher um nome para a disputa.
“Os partidos de esquerda de hoje não são nem 1/3 da força política que já tiveram no Amazonas, quando tinham mandados de senador, deputado estadual e federal, e na Prefeitura. O que temos hoje são lideranças antigas, não há renovação de quadros e as siglas apresentam uma dificuldade enorme para chegar em consenso e indicar um nome”,
declarou.
De acordo com Santiago, para as eleições deste ano, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) demonstra uma aproximação para apoiar o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) e deputado estadual, Roberto Cidade, pré-candidato pelo União Brasil. O Partido dos Trabalhadores (PT) também caminha para o apoio em candidatos de fora da legenda. Já o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Rede, no ponto de vista de expressão política, são considerados “nanicos” no Amazonas.
Investigação
A Polícia Federal afirmou em relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) que dados reunidos na investigação “comprovam” que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “analisou e alterou” uma minuta de decreto que previa um golpe de Estado. Mensagens rastreadas durante a apuração sobre a tentativa de golpe de Estado mostram que o ex-presidente, em dezembro de 2022, recebeu o texto e fez alterações nele. De acordo com o inquérito, o ex-mandatário manteve no texto a determinação de prisão do ministro Alexandre de Moraes, da Corte.
Em nota, a defesa de Bolsonaro negou que ele tenha participado da “elaboração de qualquer decreto que visasse alterar de forma ilegal o Estado Democrático de Direito”.
“Quaisquer divagações a esse respeito não refletem a expressão da verdade, sendo da sabença de todos que o ex-presidente jamais estimulou qualquer movimento nessa direção, inclusive manifestando-se publicamente em suas redes sociais contra os atos de vandalismo havidos no dia 08/01”,
informaram, em nota, os advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser.
O documento propunha a instauração de um estado de sítio no país. A medida, prevista pela Constituição Federal, é para situações de “comoção grave de repercussão nacional” ou de “declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira”. A solicitação é apresentada pelo presidente da República, mas depende de aprovação do Congresso Nacional.
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