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Luta feminina

Dia da Mulher: Amazonas tem 500 mil pessoas atrás de dignidade menstrual

Em celebração Dia Internacional da Mulher, o EM TEMPO lembra a luta feminina por uma sociedade mais justa e igualitária

Manaus (AM) — O dia 8 de março é marcado pelo Dia Internacional da Mulher, uma data que celebra o reconhecimento e fortalecimento do feminismo — e, portanto, da luta por uma sociedade mais justa e igualitária. Em 2024, a data também marca o primeiro ano do Programa Dignidade Menstrual, que atua para promover a saúde e bem-estar de quem menstrua e dar oportunidade para acessarem espaços sem restrições.

No Amazonas, a população em situação de vulnerabilidade pode retirar absorventes gratuitos em 69 farmácias em 16 municípios. A estimativa é que o programa alcance 517 mil mulheres no Estado.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que uma em cada dez meninas falta à escola durante a menstruação. Além disso,  48%, isto é, quase metade destas, tentou esconder que o motivo foi a falta de absorventes. 

Conforme especialistas, o combate a pobreza menstrual tem impactos diretos na vida das mulheres e meninas, especialmente, no que diz respeito à educação e ao emprego.

Saúde pública

“Quando a mulher precisa escolher entre comer, alimentar os seus filhos, ou comprar um item de higiene pessoal, é óbvio que ela irá optar pela alimentação. A distribuição de absorventes gratuitamente iria reduzir significativamente o impacto na saúde pública, visto que muitas mulheres acabam sendo internadas por causa de problemas decorrentes da pobreza menstrual”,

explica a ginecologista endócrina, doutora Maíra Marques.

Segundo a médica, a distribuição dos absorventes por meio do Programa de Dignidade Menstrual pode reduzir o impacto na saúde pública, por promover mecanismos para a mulher atuar na sociedade livremente.

“A pobreza menstrual também afeta a saúde mental das pacientes. E muitas delas acabam sofrendo algum tipo de discriminação também”, relata a especialista. 

Ciclo de pobreza

A médica ginecologista, especialista em estética genital, Elis Akamy, aponta que a deficiência no acesso aos produtos de higiene, pode causar, não apenas, um risco à saúde da mulher — em caso de infecções urinárias e vaginais, como também existe um impacto socioeconômico, aumentando o índice de evasão escolar.

“Além de impacto socioeconômico, pois aumenta a evasão escolar, com isso perpetuando o ciclo da pobreza, pois vai impactar na possibilidade de emprego. Menos estudo e menores oportunidades de emprego”,

explica a ginecologista. 

A falta de acesso aos produtos de higiene pessoal, como absorventes íntimos ou coletores menstruais, pode induzir mulheres a recorrem a materiais nocivos à saúde. 

“As consequências de não se ter acesso aos produtos de higiene pessoal, tais como absorventes íntimos ou coletores, é que as mulheres podem recorrer a materiais não adequados tais como jornais, miolo de pão ou reutilizar os absorventes”, comenta. 

Impacto no Amazonas

Em Manaus, o gerente da Drogaria Pajé Farma, João Machado, participante do Programa da Dignidade Menstrual, considera a ação muito importante, pois, segundo ele, promove saúde para as pessoas de baixa renda, pessoas em situação de rua, bem-estar, conscientização das pessoas, principalmente das mulheres.

“No meu entender, o Governo Federal está promovendo saúde para as pessoas de baixa renda, pessoas de rua, bem-estar, conscientização das pessoas, principalmente das mulheres, e vão ganhar gratuitamente absorventes e higiênicos. Então, para a dignidade da pessoa, da mulher, isso é muito importante”,

defende Machado. 

De acordo com o gerente, apenas na Drogaria Pajé, cerca de 2 mil mulheres já foram atendidas. Ele explica ainda que, apesar da farmácia ser localizada no bairro Santo Antônio, Zona Oeste de Manaus, pessoas de outras regiões procuram o estabelecimento.

“Teve muita procura nessa faixa etária de idade [10 a 49 anos]. A gente não deixa faltar esse item, sendo de grande importância para as mulheres”, completa o gerente.

Pobreza menstrual

A pobreza menstrual pode ser entendida e interpretada a partir de diversas óticas. O termo define uma deficiência no acesso aos serviços e itens essenciais para a garantia de uma saúde menstrual. 

De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e  Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a pobreza menstrual é identificada a partir de alguns pilares: falta de acesso a produtos adequados para o cuidado da higiene menstrual,  ausência de banheiros seguros e, até mesmo, questões envolvendo saneamento básico e carência de serviços médicos.

Em 2021, a UNFPA e a Unicef, publicaram um estudo onde foram apurados dados alarmantes sobre a dignidade menstrual e a disparidade de algumas realidades sociais presentes no Brasil. Segundo a pesquisa, cerca de 713 mil meninas (4,61% do total) não possuíam acesso aos banheiros em seus domicílios e 88,7% delas, mais de 632 mil meninas, vivem sem acesso a sequer um banheiro de uso comum no terreno ou propriedade. Ainda segundo o estudo, as chances das meninas do Norte de não terem um banheiro de uso exclusivo dos moradores é de 33 vezes em relação à região Sudeste.

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