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Cinema

Programa Cine Total entrevista editor do site Cine Set

O Programa é um espaço para conversar com os profissionais amazonenses que atuam ou tem relação com o cinema

O Cine Total, programa da Web Tv Em Tempo, entrevistou o editor-chefe do site Cine Set, Caio Pimenta, a fim de saber a história do projeto e o trabalho que tem desenvolvido com reportagens e críticas sobre o que acontece no cinema mundial, brasileiro e amazonense. O editor é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas e especializado em jornalismo cultural pela Faculdade Casper Líbero de São Paulo.

O Programa é um espaço para conversar com os profissionais amazonenses que atuam ou tem relação com o cinema, que é considerado a sétima arte do mundo. Além de conhecer as novidades do segmento tanto no cenário amazonense quanto no nacional.

Caio, primeiro explica um pouco sobre como você conheceu o Cine Set. Como que você começou a trabalhar no Cite Set? E também o que levou você a se interessar por esse universo do cinema?

Bem, paixão, uma cinefilia, essa coisa de querer ir ao cinema todo final de semana iniciou noventa e oito, primeiro dia de exibição de Titanic aqui em Manaus lá no Amazonas Shopping, quem é mais velho, né? Eh sabe que depois aquela assim, eu fui na primeira sessão, não teve fila, depois da segunda sessão foi fila por seis meses e eu encarei duas dessas para rever o filme. A partir dali, de noventa e oito para cá, meio que virou obrigação, sabe? Todo final de semana eu tenho que ir pro cinema, eu tenho que dar o meu jeito de assistir um filme. E foi assim, em 2006 eu entro na Universidade Federal do Amazonas, fazendo curso de jornalismo encontro uma galera lá que até hoje faz cinema, virou diretor, premiado, ganhou prêmio nacional, internacional por aí e a gente se reúne e fala, pô, vamos fazer um programa de televisão? Unir o útil ao agradável, cinema e jornalismo.

E nisso surge o Set Ufam, que é um era um programa na TV UFAM programa que começou em dois mil e sete, dezembro de dois mil e sete. Saí da universidade em dois mil e dez, o programa acabou junto comigo saindo da universidade. Mas nesse período a gente falou, pô vamos ampliar mais isso, vamos fazer um que vá além da TV e aí os blogs estavam começando naquela época e formamos um blog do Set Ufam, ficamos lá fazendo críticas e tudo mais e depois surgiu eu comecei a trabalhar em redação. E aí surgiu um convite de um portal local que falou olha vem pra cá, mas vai ter que mudar o nome porque não são mais da Ufam e tal. Então vem o nome Cine Set. E a gente fica nesse portal de 2011 a 2014 e aí a gente fala aquele momento de botar na hora da casa própria né? A gente precisa ter um localzinho nosso, bonitinho e criamos o site cineset.com.br que está aí hoje. O principal site de críticas de cinema daqui da região norte do Brasil.

Hoje nós temos mais de cem mil visualizações por mês. É um número pra um site independente do Amazonas que tem todas as dificuldades de acesso à produções, a estreia, cabines e festivais. Mas que a gente consegue mantê-lo. Tem o canal no YouTube que a gente faz cobertura do Oscar, fala de Oscar o ano inteiro. Temos três integrantes nossos na Abraccine (Associação de Críticos de Cinema do Brasil) já participamos de Festival de Cannes, de Berlim, Gramado enfim, o Cine Set, ele a cada ano a gente busca crescer mais e também dando sempre um espaço pro cinema amazonense. Você vai encontrar críticas de filmes amazonenses o que você não vai em lugar nenhum só lá no Cine Sete. Então é um projeto que todo ano a gente está se reinventando buscando fazer coisas novas de uma maneira totalmente independente.

E no dia vinte e sete nós vamos ter a premiação mais aguardada do ano que é o Oscar. Então Caio, como que você está vendo a premiação desse ano? Você acha que temos novidades boas, como “Ataques Dos Cães” que foi indicado em doze categorias e “Duna” que foi indicado em dez ou você acha que a academia ainda está naquela postura um pouco mais reservada, um pouco mais tímida em relação a esses filmes novos que tão saindo?

O Oscar desse ano deve ser de ataque dos cães, o filme nesse último final de semana ele tinha três grandes prêmios para disputar, porque antes do Oscar acontece uma série de outras premiações que acabam sendo as prévias do Oscar, né? Quem ganha ali nesses prêmios acaba tendo, chegando muito forte no Oscar. E teve três premiações e o Ataque Dos Cães acabou com tudo, venceu o DJA que é o prêmio do Sindicato dos Diretores pra Jane Campion e ganhou o que é voltado para os críticos e ganhou o Bafita, que é o Oscar da Inglaterra. É uma espécie é o maior prêmio do cinema britânico. E ele venceu os três. Melhor filme, melhor direção todo, em todos ele ganhou esses prêmios. Então esse empenho máximo ele deve levar. A questão que está surgindo agora é se ele vai ter força pra ganhar outros prêmios. Categorias técnicas, por exemplo, melhor trilha sonora, é uma possibilidade, mas tem também Duna que está forte.

Duna deve ser o campeão das categorias técnicas.  Efeito visuais, design de produção. Esse tipo de categoria ele deve ser o ganhador. Mas vai ser algo parecido com o que aconteceu com Mad Max. Mad Max gravidade. Gravidade Mad Max, o que aconteceu? Foram filmes muito populares, deram muito dinheiro e chegaram no Oscar e ganharam um monte. O Gravidade se eu não me engano, o Mad Max 6. Porém chegou na hora do principal, né? Filé mignon, melhor filme, o Gravidade ganhou direção, mas perdeu o filme para os “Doze anos de Escravidão”. E o Mad Max não ganhou nem direção e também não ganhou nem filme. Perdeu para o Spotlight aquele filme sobre jornalismo da denúncia de pedofilia na igreja e direção perdeu pro Alejandro González, que fez o regresso que deu o Oscar pro Leonardo Dicaprio.

Então para os dois filmes, vejo isso, esse cenário favorável pro ataque dos cães ganhar os prêmios principais e o domínio técnico deve ficar com duna. Indo um pouquinho só adiantando para as categorias de atuação final de semana também foi muito definitivo praticamente. Você vai ter assim, ator Will Smith, né? Por King Richard que faz o pai da Serena e da Venus Willians, as tenistas multicampeões. Ele tem todo a o carinho da indústria, o carinho do público, que já conhece o ele lá desde os anos noventa. O Oscar está buscando audiência esse ano que é o grande dilema né? Como tornar a cerimônia mais atrativa para o público. E estão querendo trazer esse público de volta, premiar o Will Smith é o melhor dos cenários, é um ácido popular, está num filme, eu não gosto do filme, mas a atuação dele também não acho grandes coisas, mas tem quem goste. Então, paciência, ele vai ganhar. A Ariana DeBose de “Amor, Sublime Amor” e atriz coadjuvante, outra que assim como ataque dos cães a Jane Campion está ganhando tudo que é prêmio É. Passou na frente ela está ganhando. E ela foi premiada também no Critcs e no Batifa, já tinha ganhado o globo de ouro e o SEG que é o prêmio do Sindicato dos Atores. Vai levar.

E o Troy Kotsur que é do “Coda” um filme também muito querido na indústria. E ele vai se tornar o ele vai ganhar em ator coadjuvante e vai se tornar o primeiro homem surdo a ganhar um prêmio de atuação. E é curioso que a intérprete, a esposa dele no Koda, que é a Marli Metaly, venceu nos anos oitenta por filhos do silêncio, se eu não me engano é esse o nome no Brasil. Ela também é uma atriz surda e ganhou e melhor atriz nos anos oitenta. Então agora chegou a vez do primeiro homem ganhar. E fica faltando a Melhor atriz que é o grande mistério, mas a Jessica Chastain de “Os olhos de Tammy Faye” está chegando muito forte e ela ganhou o SEG na semana anterior, ganhou agora o Critcs e tem tudo para acabar sendo a vencedora. Ainda tem uma possibilidade da Nicole Kidman e também da Kristen Steward, mas tá cada vez mais caminhando mesmo pra Jessica Chastain.

É interessante também a gente notar que vários filmes que estão indicados estão em plataformas de streaming, por exemplo, Ataque Dos Cães, né? O próprio Amor, Sublime Amor da Disney Plus e Koda do ritmo do coração que também tá na Amazon Primer, você acha que isso significa que a academia já se entregou ao streaming ou você acha que na verdade isso ainda é um movimento que tá acontecendo muito lentamente?

É, havia antigamente uma resistência, a Netflix por exemplo 2019 tinha tudo para ganhar com Roma, só que aí tinha essa rusga e acabou dando o “Green Book”. Festival de Cannes tem uma treta assim com a Netflix e já antiga. Mas a pandemia, ela reconfigurou as relações. Porque o streaming acabou sendo a única a válvula de escape para a indústria. Se não são os filmes lançados no streaming não tinha cinema. Porque os cinemas estavam fechados. As salas de cinema estavam fechadas. Então essa resistência foi caindo. Tanto é que os estúdios mesmo foram diminuindo as janelas de exibição.

Você antigamente, estreava o filme no cinema, só daqui a quatro, cinco, seis meses o filme chegava no streaming, na locadora, seja lá qual for. Hoje não, por exemplo, o Batman estreou agora em início de março, daqui a quarenta e cinco dias do lançamento, ou seja, metade de abril, o filme já vai estar na HBO Max, que é o streaming que é o Warner, lança os seus projetos. Então essa relação já mudou, porque os caras entenderam que o streaming é uma forma também lucrativa, você tem muitas assinaturas, dá para ganhar dinheiro sem o intermediário, sem aquelas empresas de cinema, ficando com uma parte do dinheiro.

Ali você ganha todo para você, né? Então essas mudanças você pega por exemplo os atores mesmo você pega “Não olhe pra Cima” que é o filme que causou, do meteoro aquela confusão toda no final do ano, debate todo mundo grande virou debate do final do ano, goste ou não, odeio, enfim, mas você pega o elenco Mary Street, Leonardo Dicaprio, e o próprio ataque dos cães que é um filme da Netflix. Que é distribuído pela Netflix. É uma produção que, enfim, tem todo um elenco que já teve suas histórias importantes ali pelo mundo do cinema.

 Então é uma situação que é inevitável, então acho que essa resistência ela acaba sendo também hoje, assim algo que é superado e também tem uma coisa né? Aí já bastidores de Hollywood. A academia, que organiza o Oscar ela construiu agora um museu incrível, um dia eu vou no dia que baixar o dólar. Mas é um museu assim espetacular. A gente até fez matéria lá no canal do Cine Sete no YouTube. Quem quiser depois você pode assistir. Mas tem é um museu espetacular. Só que é caro. Museu não é barato. Quem deu grande parte da grana assim deu uns cem milhões de dólares foi Tet Sarandos que é o executivo da Netflix.

Então até esse tipo de resistência do lado financeiro porque é aquilo. Eu cubro Óscar, que eu acho o Óscar um máximo. Mas Oscar é que nem bebida alcoólica. Consuma com moderação. Não é porque ganhou como melhor filme que é o melhor filme. E não é o melhor ator porque realmente não é o melhor ator, não. Tem campanha, tem dinheiro envolvido, tem muita grana e tem as narrativas como eu falei, o Will Smith ganhando pelo conjunto da obra, mas tem esse jogo econômico. Então, até nisso ajuda um pouquinho a Netflix a diminuir as resistências e provavelmente vencer esse Oscar.

E é impossível deixar de atrelar, né? Esse grande momento de crescimento aí dos streamings à situação de pandemia que a gente passou, a situação de quarentena e tudo mais onde as pessoas não puderam mais ir pra sala de cinema e tiveram que ficar de casa assistindo filmes e as próprias produtoras não puderam colocar os seus filmes no cinema e tiveram que recorrer ao mundo do streaming. Você acha, Caio, que o cinema, ele já está cada vez mais obsoleto, as pessoas, o ato de ir ao cinema está ficando cada vez mais para trás e as pessoas tão começando a abraçar o streaming até pelo um fator econômico também?

Eu acho que o Homem-Aranha e o Batman eles trazem uma característica que a gente já vinha acompanhando antes da pandemia e que a pandemia é profunda que é as salas de cinema ficando para essas produções gigantescas. Faz muito tempo que eu não vejo uma comédia romântica explodir como explodia lá no final dos anos noventa com “Noting Hill” ou no início dos anos 2000 como “Simplesmente Amor”. Bem pontuais às vezes podres de rico é um filme que até conseguia um pouco de sucesso, mas não é aquilo aquela coisa retumbante e tal. Não tem mais isso. Policial mesmo. Filme policial. É aquele tipo de filme que também o pessoal fala, eu vou para o cinema? Ou então eu espero chegar em casa? Sabe? A gente tem visto muito isso. Dramas, até mesmo os filmes do Oscar. Por que que tem tantos filmes do Oscar no streaming? As pessoas quando vão ao cinema elas estão cada vez mais buscando uma que elas não vão ter em casa, ou seja, aquele espetáculo visual de uma imagem assim de efeitos visuais, um som extraordinário.

É lógico, isso depende muito do público. Por exemplo, tem um filme que eu acho que tá indicado até eh direção de fotografia no Oscar, que a “Tragédia de MacBeth”. Eu fico imaginando esse filme no cinema, eu não tive a oportunidade porque aqui em Manaus infelizmente não chegou. Mas esse filme no cinema é lindo, mas eu acho que para a esmagadora maioria do público, não. ‘Esse filme eu assisto em casa’, tem outros tantos filmes. E as pessoas guardam. Porque hoje ir ao também está caro. A gente está num processo inflacionário e está tudo caro. Você sai de casa, a gasolina está sete e vinte e nove. Pega, vai pegar o trânsito, o trânsito de cidades grandes. Manaus, São Paulo, Nova Iorque é o trânsito infernal. Então você fala, pô eu vou gastar minha gasolina para ir no cinema. Aí eu vou chegar no shopping. Está quanto o ticket? Dez reais? Mas você não vai no cinema ficar lá só assistindo filme muita gente quer comprar o balde, a pipoca, o refrigerante aí não compra um né? Compra dois, três quanto é que sai a brincadeira no final? Trezentos, quatrocentos reais? Os cinemas vão enfrentando dificuldades e você está vendo isso aqui em Manaus, né? A gente viu o fechamento do PlayArt no Manauara Shopping, agora o Cinemark no Studio 5, que é também uma questão desse processo inflacionário que eu falei, o produto assim você manter aquela estrutura pagando aluguel pagando profissional que trabalha ali toda a luz, que hoje está cara você vai mantendo isso e com as salas não podendo receber o público total.  Hoje em dia você abre a sala podendo abrir cinquenta, setenta e cinco por cento. As pessoas ainda evitam tirar a máscara dentro da sala, então elas não vão comprar a pipoca e o refrigerante que é uma parcela importante para os para o cinema se manter.

Então, enfim, o cinema está cada vez mais dependente desses fenômenos, só que também e eles não estão aí todo tempo. Você não vai ter a cada semana um Batman. As pessoas também não vão ter como pagar toda semana um Batman para assistir, e mesmo se tivesse. Então o streaming acaba sendo uma opção. Está ali tem vários filmes também a gente tem que dizer né? Que tem muita porcaria. A Netflix e a Amazon eles lançam dez filmes num final de semana. Se um prestar você dá graças a Deus. Mas é isso. Então o streaming está se acostumando ao cinema, está se adaptando e a gente até vê também uma coisa que é muito legal e que acaba passando batido, que aconteceu nesse último final de semana que foi o show do BTS, que é aquela banda deque talvez a maioria das pessoas não gostem ou não dão muita atenção, mas que lotou as salas no mundo inteiro, Manaus também teve oito sessões todas esgotadas em questão de minutos. Foi um fenômeno maior até proporcionalmente que o Batman por exemplo que foi impressionante. A sessão abria e já esgotava, mas são essas alternativas que os cinemas estão tentando encontrar para sobreviver.

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