Ao longo de décadas, as mulheres vêm conquistando seus direitos, mas ainda sofrem nos ambientes onde deveriam receber proteção. Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM) apontam que cerca de 64% dos crimes de violência contra as mulheres registrados no Amazonas, em 2023, foram praticados dentro do próprio lar. As estatísticas mostram, ainda, que 42% das vítimas tinham idade entre 34 a 64 anos.
Ainda conforme dados da SSP-AM, os casos de lesões corporais contra mulheres mais que dobraram nos últimos três anos. Os números saltaram de 2040 casos, em 2021, para 4387 casos, no ano passado.
No entanto, elas também têm reconhecido o poder que elas exercem na sociedade e estão denunciando com mais frequência os agressores.
Em entrevista ao Jornal EM TEMPO, a delegada Débora Mafra, titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DEECM), informou que o crescente número de Boletins de Ocorrências registrados no estado, apesar de ser assustador, tem um olhar positivo porque mais mulheres estão denunciando.
“A gente percebe que esses índices estão altos, porém estamos tendo denúncias e continuando na luta a favor das mulheres e essas mulheres que antes foram vítimas de violência doméstica e tiveram coragem de anunciar, saíram do ciclo, elas são exemplo de superação para muitas outras, fazendo com que outras venham denunciar também”, disse delegada.
Em 2023, de acordo com os dados do Centro Integrado de Estatística (Ciesp) SSP-AM, essa violência vitimou 11% mais mulheres em todo o Estado. Do total de 35.985 crimes registrados em todas as delegacias Especializadas em Crimes Contra Mulher do Amazonas, 15.386 foram em vítimas com idades entre 34 a 64 anos.
Logo em seguida, os crimes foram praticados contra mulheres de 18 a 24 anos (6.745). Além disso, outras 6.429 vítimas tinham idade entre 30 a 34 anos; 924 acima de 65 anos e 727 tinham entre 12 e 17 anos.
As agressões em sua maioria ocorrem dentro de casa, mas cada vez mais as vítimas estão confiando nas ações realizadas pela rede de proteção e com isso, a mulher está tendo mais coragem em denunciar.
Os números analisados pelo Centro Integrado de Estatística (Ciesp) SSP-AM, mostram que do total geral de ocorrências, 64% foram praticadas dentro da casa onde a vítima residia.
Em seguida aparecem crimes praticados contra as vítimas na rua, na zona urbana, em estabelecimentos comerciais, em outros locais, em área rural, em via pública, na internet e em estabelecimentos de ensino.
Os dados da SSP-AM mostram, ainda, a faixa etária das vítimas. Conforme a delegada, o trabalho das equipes que atuam em defesa dos direitos e no combate à violência contra a mulher está surtindo efeito e alcançando as mulheres que eram mais vítimas, principalmente as que estão acima dos 34 anos.
“O que estamos vendo é uma mudança de paradigma e aquelas que sofriam caladas estão denunciando porque as maiores vítimas sempre foram as mulheres de 18 a 24 anos. A gente vê que teve uma virada. Isso quer dizer que as mulheres mais maduras começaram a procurar também, quebrando os tabus que muitas vezes a mulher mais velha tem esses tabus de não querer denunciar”, comentou Mafra.
Em dezembro de 2023, um homem de 29 anos foi preso por ameaçar e descumprir medida protetiva concedida em favor da ex-companheira, uma mulher de 33 anos. A prisão ocorreu na avenida Açaí, bairro Distrito Industrial 1, Zona Sul de Manaus. Na época, a vítima chegou a fazer nove Boletins de Ocorrências contra o suspeito.
“Antes as mulheres não tinham coragem de denunciar, a Lei Maria da Penha está há quase 17 anos surtindo efeito e a gente percebe que os cada ano foram aumentando as denúncias pela confiança que a mulher começou a depositar na lei, no julgamento, na polícia. Elas também começaram a se entender por informações de que ela é vítima de violência doméstica e precisa sair desse ciclo”, destacou a delegada.
Denúncias
As vítimas de violência doméstica podem procurar qualquer um dos Distritos Integrados de Polícia (DIPs) na capital e interior. Em Manaus, existem três unidades especializadas no atendimento de violência doméstica.
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