Manaus (AM) — Neste dia 1º de maio é comemorado o Dia do Trabalhador, classe responsável por mover a economia do país. Em Manaus, um importante polo que emprega parte da população está concentrado na Zona Franca de Manaus (ZFM), lar de aproximadamente 500 indústrias de alta tecnologia, que gera mais de meio milhão de empregos, diretos e indiretos. Muitas famílias dependem da ZFM, muitos trabalhadores precisam dessa ocupação para sustentar as famílias e muitos deles possuem orgulho de celebrar este dia em grande estilo.
Industriário há 17 anos, o operador especializado da Honda, Júlio Tello, contou ao Em Tempo, que devido ao seu emprego, conseguiu concluir uma graduação, o que para ele, foi a realização de um sonho.
“Através dele [emprego], eu consegui concluir a minha faculdade e pós-graduação, comprar meu carro e meu apartamento. Hoje consigo ter uma estabilidade financeira, pois além do salário, eu também recebo vários benefícios”,
detalhou o profissional.
Trabalhando no terceiro turno, Tello tem consciência de que é parte de um grupo responsável por impulsionar a indústria no cenário amazonense.
“Eu entrei por indicação. Temos um ambiente climatizado; sei que meu trabalho e função são essenciais porque tudo é um processo, sendo que todos têm reserva em caso de ausência”,
destacou o trabalhador da Honda.
Quem também possui uma rotina voltada ao Polo Industrial de Manaus (PIM) é André Ricardo, que trabalha na empresa Panasonic há aproximadamente 18 anos. Contratado durante o período que prestou serviço com uma empresa de despacho com liberação de materiais junto à Receita Federal, o manauara exerce atualmente a função de planejador de materiais Sênior.
“Quem trabalha com compra de materiais para atendimento de produção, a rotina e bem puxada e de acompanhamento diário, mas devido minha posição, hoje preciso gerenciar muitas outras atividades e entregas de relatórios. Isso torna uma rotina puxada, mas o meu trabalho me abriu muitas oportunidades para minha vida e da minha família, por isso sou grato”,
enfatizou o trabalhador.
Assim como Júlio, André destaca que graças aos benefícios da ZFM, hoje é possível ter uma estabilidade financeira, além de ter controle sobre suas competências dentro da empresa.
“Eu vejo meu trabalho como essencial, não só do setor, mas da empresa como um todo, uma vez que compramos material para montagem e produção dos produtos, resultante em vendas, pagamentos; por isso é essencial, pois movimenta toda a empresa”,
acentuou.
Assim como os dois industriários acima, Railton Gomes é outro trabalhador que atua na ZFM. O assistente de materiais da Foxconn contou ao Em Tempo realista em relação à participação na empresa.
“Através desse emprego que corro atrás de concretizar meus objetivos [família, casa, estudos] e a minha estabilidade financeira. Sinto que sou essencial para o time, pois sou muito profissional e me dedico para entregar um bom trabalho por aquilo que me cobram. Mas tenho consciência que se eu sair, irá vir outro para o meu lugar porque ninguém é insubstituível”,
disse Gomes.
A Zona Franca de Manaus reúne muitas histórias de vida, onde cada trabalhador contribui diretamente com a economia local. Peça fundamental da indústria, os profissionais ajudam o parque industrial a continuar relevante no meio nacional, entrando em conflito outros mercados.
Competitividade da ZFM
E para manter a economia local funcionando, é preciso que as empresas tornem-se atrativas e competitivas aos olhos do consumidor final. Para a economista Denise Kassama, os constantes ataques ao modelo Zona Franca de Manaus trazem certa instabilidade ao setor, principalmente após as discussões envolvendo a Reforma Tributária.
“A defesa política tem que ser constante, ainda não está sacramentado o quanto a reforma tributária vai conseguir preservar os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus. Quantos ataques a ZFM já sofreu ao longo das décadas, eu sou consultora aqui há quase 30 anos e realmente, foram muitos ataques, temos políticos e técnicos bem competentes atuando na defesa da Zona Franca, mais técnicos do que políticos. Estamos num momento político onde o governo federal enxerga a relevância da Zona Franca”,
pontuou Kassama.
Na visão da economista, a ZFM faz o possível para manter essa competitividade ativa, mesmo localizada no meio da floresta amazônica.
“A questão da atualização é importante para se manter competitiva, não só na tecnologia de produtos, mas de processos, com o objetivo de reduzir custos e manter um preço competitivo. Então, na medida possível, a Zona Franca tenta se manter nesse parâmetro, dentro das próprias exigências que os processos produtivos impõem, de não poder importar subconjuntos para poder fabricar e gerar empregos aqui, por exemplo”,
citou.
Empregando milhares de trabalhadores, a ZFM possibilita que o consumo de produtos atenda ao volume de produção, além do envio para os demais estados, gerando uma cadeia econômica rentável do Amazonas.
“Quando você consome o estímulo do comércio, o mercado demanda mais da indústria e a indústria cresce para fornecer para o comércio, que cresce para fornecer para a demanda do consumidor final, então é extremamente importante para a economia, seja movimentando a roda da economia, seja na questão da arrecadação”,
ressaltou.
Fortalecimento da indústria
Em entrevista ao Em Tempo, o presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (FIEAM), Antônio Silva, destacou que preservar o atual modelo é também a preservar e valorizar os colaboradores, pois uma indústria forte é o alicerce da cadeia econômica e um elo fundamental à malha laboral.
“Os trabalhadores de modo geral, não somente da indústria, são a base do sucesso do Polo Industrial de Manaus. Eles são o principal recurso produtivo do segmento. Sem recursos humanos capacitados e uma estrutura adequada, não há desenvolvimento econômico, trata-se de uma relação de dependência vital à dinâmica econômica”,
pontou o representante da FIEAM.
Antônio Silva atesta que a participação desses trabalhadores é fundamental para o fortalecimento da economia amazonense, principalmente no âmbito industrial.
“Merecem o nosso máximo reconhecimento. Como citado, a força produtiva advém, em grande parte, dos esforços empregados diariamente pelos nossos colaboradores, a quem devemos o total respeito e prestígio. As nossas indústrias trabalham fundamentadas nas melhores práticas no intuito de prover um ambiente saudável e de valorização profissional, objetivando, precipuamente, a construção de um cenário propício ao pleno desenvolvimento produtivo e humano”,
apontou o presidente.
O setor comercial também é um dos mais importante no contexto da ZFM, uma vez que todo o parque industrial é interligado. Responsável pela área, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio) ressaltou o trabalho exercido pelo órgão.
“O vetor da economia do Amazonas chama-se comércio e serviço, porque é quem mais arrecada em termos de tributo para o governo, é quem mais emprega diretamente, segundo os órgãos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), e tem uma participação expressiva no PIB do Estado do Amazonas”,
finalizou o Presidente da Fecomércio AM, Aderson Frota.
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