Manaus (AM) — A Zona Franca de Manaus (ZFM) ganhará um braço direito logístico em São Borja, no Rio Grande do Sul (RS). A instalação do entreposto somará investimentos de R$ 50 milhões, gerando cerca de 100 empregos diretos, segundo estimativa do prefeito da cidade do RS, Eduardo Bonotto. Mas como essa descentralização das atividades irá beneficiar o Polo Industrial de Manaus (PIM)?
Ao Em Tempo, economista Denise Kassama explica qual a funcionalidade do entreposto para o parque industrial que funciona em Manaus.
“Os entrepostos são importantes aqui para estender os produtos, criar canais logísticos melhores para os produtos da Zona Franca de Manaus. Hoje nós temos entrepostos em Resende (RJ), em Uberlândia (MG), Itajaí (SC), Pojuca (PE), e agora vem com essa proposta de ter mais um aqui em São Borja”,
disse a profissional.
Ampliação da logística
A construção do entreposto será feita pela empresa Ponta Negra Logística, vencedora da licitação. A expectativa é que o lugar já esteja em funcionamento em 120 dias. Assim que estiver pronto, o local poderá ser utilizado pelas empresas da Zona Franca de Manaus, que poderão passar os produtos pela fronteira oeste para enviar para países como Argentina e Uruguai, reduzindo custo logístico e agilizando entregas.
Na visão de Kassama, essa ampliação das atividades irá beneficiar tanto o Amazonas, quanto no Rio Grande do Sul, já que em ambos os estados, terá a solicitação de mão de obra.
“[Os entrepostos] Ajudam porque eles expandem, então, facilita para as indústrias aqui da Zona Franca escoarem seus produtos para as regiões potencialmente consumidoras ou exportadoras, e é lógico que, em volta disso, se cria toda uma cadeia de prestadores de serviços que operam na região desses entrepostos. Então, essa descentralização é benéfica para a Zona Franca. Vai expandir, vai dinamizar mais ainda o escoamento dos produtos aqui da ZFM e vai melhorar a economia amazonense”,
pontuou a economista.
Outro ponto levantado pelo prefeito Eduardo Bonotto é em relação à finalização desses produtos. Ele tem a esperança de que as indústrias do Polo Industrial de Manaus (Pim) também tragam outras etapas da produção para o RS. O município de São Borja também tem a expectativa de ampliar a parceria para a instalação de uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE), na qual as empresas podem fabricar itens para exportação com os mesmos benefícios fiscais que possuem na ZFM.
Estratégias
A instalação de mais um entreposto da Zona Franca de Manaus também é uma alternativa para prevenir futuras ocorrências, como a que aconteceu no último ano. A estiagem que atingiu o Amazonas em 2023 comprometeu a produção do PIM, uma vez que navios deixaram de atracar na cidade pela falta de condições. Sem material, algumas indústrias anteciparam as férias coletivas para até 15 mil trabalhadores, segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal).
Denise Kassama destaca que o entreposto vem em um bom momento, já que a expectativa para este ano é que a vazante de 2024 supere a de 2023.
“É importante principalmente porque, assim como hoje, por exemplo, a gente está vendo essa questão das chuvas, a gente já tem uma tragédia anunciada aqui para o fim do ano, que é a seca aqui na região amazônica. Então, se as empresas conseguem premeditar, antecipar suas produções e despachar para esses entrepostos, elas vão sofrer menos com a questão climática no fim do ano”,
finalizou.
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