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Prédios históricos

Edifícios históricos abandonados em Manaus despertam medo em pedestres

Além dos problemas da segurança de quem passa próximo aos imóveis abandonados, há a perda da memória histórica e cultural, conforme especialistas

Foto: Em Tempo

Manaus (AM) – Com os ciclos econômicos, culturais e sociais que marcaram a capital amazonense, muitos resquícios desses períodos históricos continuam presentes nas ruas de Manaus. Algumas edificações e construções de imóveis fazem parte do cartão postal da cidade, como o Teatro Amazonas. Porém, outros foram se desgastando e permaneceram abandonados e até mesmo esquecidos, o que desperta medo na população pelos riscos de desmoronamento.

Além dos problemas da segurança de quem passa próximo aos imóveis abandonados, há a perda da memória histórica e cultural, conforme especialistas.

Uma das pessoas que passa diariamente por um edifício histórico é a estudante de fisioterapia Marilane Costa, de 24 anos. Para ir ao trabalho, a estudante precisa transitar a pé nas ruas da esquina da avenida Getúlio Vargas com a avenida Leonardo Malcher, no centro de Manaus, onde há um antigo casarão em ruínas. Para Marilane, o imóvel abandonado é motivo de preocupação, visto que por estar deteriorado há a possibilidade de desmoronar.  

Antigo casarão localizado na esquina da avenida Getúlio Vargas com a avenida Leonardo Malcher

“É perigoso porque pode desmoronar a qualquer momento, porque a gente vê que já está quebrando e desmoronando por ser antigo. Então é perigoso para a gente que passa e ficamos à mercê. Tenho que passar pelo outro lado da rua para evitar um acidente. Acho que precisaria reformar ou fazer alguma reforma, porque é tão bonito”,

conta Marilane.

A dona de casa Jeane Fontes, de 37 anos, também percorre o mesmo trajeto que Marilene quase todos os dias. Para ela, além dos riscos de desmoronamento, também há o problema de criminosos que ocupam o local.

“Há o medo de que ele possa cair em cima da gente. Também vejo que é um lugar que por dentro há assaltantes, principalmente à noite. Então eu tenho um certo receio de passar por perto. Poderiam botar para alugar ou fazer uma reforma. Isso levaria mais emprego para as pessoas e ajudaria o trabalhador”, afirma Jeane.

Ações de preservação

Os edifícios históricos abandonados chegam a 119 imóveis na cidade, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Planejamento Urbano (Implurb). Para a arquiteta Melissa Toledo, a solução para evitar os acidentes que podem levar a morte de pedestres vai além da fiscalização.

Prédio histórico abandonado no centro de Manaus – Foto: Em Tempo

“Quando a gente vê alguns desabamentos que aconteceram aqui no Brasil e em Manaus, nesses últimos dois e três anos, a gente percebe que houve autuação, que houve fiscalização, que houve até três medidas de fiscalização com multa, mas que o proprietário não tomou as medidas cabíveis. Então a gente também precisa entender que o público e a cidade são nossa responsabilidade”, afirma Melissa Toledo.

Conforme o decreto Municipal 7.176/2004, há o Setor Especial de Interesse de Preservação, localizado no Centro Antigo de Manaus, onde estão cerca de 1.656 unidades de interesse de preservação histórica.

Nesse sentindo, conforme o Implurb, o poder público se responsabiliza em garantir que os imóveis históricos não sejam descaracterizados, por meio da fiscalização. Porém a manutenção, conservação e reforma cabe apenas aos proprietários das construções.

Ao mesmo tempo, a arquiteta enfatiza sobre a importância de existir políticas públicas que analisem as particularidades existentes nas construções arquitetônicas de Manaus.

“Tem que ter políticas públicas para que aquele proprietário possa revitalizar ou possa vender o imóvel. Além disso, deve se pensar em políticas públicas que pensem na revitalização desses imóveis e do Centro Histórico de Manaus a pequeno, médio e longo prazo, para que a gente tenha ao longo de 8 ou 12 anos, um novo Centro. Isso não vai acontecer em apenas dois anos”,

explica.

Para a arquiteta, a perda dos edifícios históricos, após anos de desgaste sem qualquer revitalização ou manutenção, também é uma perda histórica em Manaus

“Vamos perder historicidade, a materialização desses artefatos, e uma parte integrante de uma história nossa. A história é imbuída de vários aspectos materiais e a partir do momento que se destrói é uma perda irreparável que a gente vai ter duas, três gerações que não vão ter esse conhecimento”, afirma.

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