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Incêndios florestais

Explosão de queimadas no Amazonas preocupa ambientalista em período de pré-estiagem

Desde o início do mês, já foram registrados 3.113 focos de incêndio no AM

Foto: Alex Pazuello/Secom/Amazonas

O Amazonas teve 3.113 focos de incêndio desde o primeiro dia de julho até esta segunda-feira (29). O dado é do Programa de Queimadas BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e alerta sobre um problema que preocupa ambientalistas, já que o número é quase o dobro de julho de 2023 e a prática das queimadas afeta diretamente o aquecimento global e, em paralelo, a saúde dos amazonenses.

Comparando este mesmo período em relação ao ano passado, que registrou 1.621 casos, a diferença em números reais é de 1.492 ocorrências dessa natureza. Os dados chamam a atenção, já que nos próximos meses também é esperado que uma estiagem severa atinja o Amazonas.

“Ao queimar uma floresta, o carbono que era estocado na biomassa da mesma é liberado para a atmosfera e vai contribuir para acirrar o aquecimento global em curso. A fumaça e os gases emitidos são muitas vezes inalados por animais e pessoas, que sofrem efeitos devastadores para sua saúde”, explica o ambientalista Carlos Durigan.

Foto: Qualidade do ar em Manaus no último dia 21

Nas últimas semanas, alguns pontos de Manaus acordaram com resquícios de fumaça, mas de acordo com o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), a qualidade do ar ainda era considerada moderada.

Esses resquícios de fumaça fazem parte dos 3.113 focos de queimadas que foram registrados no Amazonas neste mês de julho, segundo dados do Inpe. O município de Apuí (1.122 quilômetros de Manaus) liderou o ranking, com 976 ocorrências. Em seguida, vem Lábrea (a 701 quilômetros de Manaus), com 788 focos; em terceiro lugar, Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus), com 255; Novo Aripuanã (a 228 quilômetros de Manaus) aparece em quarto lugar, com 238 ocorrências; e Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus) ocupa a quinta colocação com 225 focos.

Aquecimento global e queimadas

O monitoramento das queimadas é feito pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), em conjunto com a Defesa Civil do Amazonas, Corpo de Bombeiros e Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). Através dessa força tarefa, é possível mapear os locais que precisam de atenção do poder público para combater esses focos.

“As ações de campo seguem dados de monitoramento via satélite, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), instituição de excelência em questões como mudanças climáticas. Estes são analisados e disponibilizados diariamente por técnicos do Ipaam e da Sema. Equipes de diversos órgãos ambientais e de segurança fortalecem a força-tarefa em campo”, informou a Sema.

Para o ambientalista Carlos Durigan, os números atuais acendem um alerta, já que o período de seca se aproxima, e num futuro próximo, a atividade de contenção das queimadas se tornará mais difícil.

“Mesmo com todos os esforços para reduzir estes números eles continuam altos e estão diretamente relacionados à atividade humana. Infelizmente, estamos apenas iniciando o período de estiagem do verão amazônico e em geral os números tendem a crescer até os meses mais secos de setembro e outubro”, declarou o especialista.

Conscientização

De acordo com o Greenpeace, as queimadas na Amazônia são quase sempre causadas pelo ser humano, seja por ações como o garimpo ilegal, desmatamento, para limpar a terra da vegetação, ou para enfraquecer a própria floresta.

Na visão de Carlos Durigan, os amazonenses precisam entender seu papel e denunciar quem apoia a atividade das queimadas. Só assim, será possível diminuir a incidência de casos e preservar tanto a saúde humana, quanto o meio ambiente.

“Vivemos tempos difíceis com o aquecimento global e este é causado por nosso modo de viver e produzir. É preciso que tenhamos ações contundentes para redução de emissões de gases que estão gerando este cenário e também evitar o desmatamento e o uso do fogo, em especial quando queimadas são feitas sem controle nas atividades agropecuárias, só assim poderemos reverter o quadro trágico que vivemos. Se não houver comprometimento e engajamento de toda a população na causa climática, [iremos testemunhar] cenários ainda piores no futuro”, pontuou o ambientalista.

Nesse sentido, a Sema disse ao Em Tempo que a pasta atua para educar os amazonenses sobre o assunto.

“Como parte das ações de educação ambiental, a Sema conta com a campanha Floresta Faz A Diferença, com financiamento do projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia. O programa educativo explana sobre o aumento dos focos de calor e sensibilização quanto aos riscos ocasionados com as queimadas, as consequências da saúde, além dos impactos negativos ao meio ambiente, contribuindo assim na prevenção das queimadas e desmatamento no estado do Amazonas”, finalizou a secretaria.

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