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Candidaturas LGBTQIA+ representam menos 2% do total no Amazonas

Informações do painel Candidaturas, do TSE, mostram que apenas 33 candidatos são do movimento LGBTQIA+

No Amazonas, menos de 2% dos candidatos declararam fazer parte da comunidade LGBT+. Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 33 candidatos LGBTQI+ vão disputar o pleito esse ano.

Informações do painel candidaturas, do TSE, mostram que dos 2.506 (31,42%) candidatos que optaram por declarar sua orientação sexual, 13 (0,52%) candidaturas são de pessoas gays; 8 (0,32%) são de assexuais; 7 (0,28%) são de lésbicas; 4 (0,16%) são bissexuais e 1 (0,04%) não informou. Desse total, 2.473 (98,68%) declararam que são héteros.

O total de candidaturas foi 7.977 (100%) candidatos as eleições municipais no Amazonas e 5.741 (68,58%) optaram por não declarar sua orientação sexual.

No quesito identidade de gênero no Amazonas, 1.859 (23%) optaram por não declarar, enquanto 6.100 (76%) se declaram pessoas cis, dentre os candidatos que quiseram divulgar a identidade de gênero.

Apesar do crescimento de candidaturas LGBT+ no Brasil, os números no Amazonas ainda não são expressivos. O registro oficial de candidaturas LGBTQIA+ é uma conquista recente dos movimentos pela democratização da participação política.

O diretor-executivo da ONG VoteLGBT, Gui Mohallem, considera um dia histórico a divulgação de candidaturas LGBT+ pelo TSE. Desde 2014, a organização atua para aumentar a representatividade de pessoas LGBT+ nos espaços políticos.

“É um passo muito importante em direção à cidadania plena das pessoas LGBT+ nesse país. É a primeira vez que somos contados oficialmente por algum órgão público e é muito significativo que tenha sido o TSE, a partir de uma provocação da VOTELGBT, da ANTRA e de vários parlamentares da bancada LGBT+, como o senador Fabiano Contarato e as deputadas Daiana Santos, Duda Salabert e Erika Hilton. Para nós, ter acesso a esses números, a esses dados, é um sonho de muito tempo”, celebra.

Para Mohallem, entretanto, esse ainda é o primeiro passo.

“Conseguir entender quais desafios específicos essas lideranças LGBT enfrentam e como criar mecanismos para poder superar esses desafios, tanto desde um apoio da sociedade civil, quanto pensar políticas públicas de garantia de direitos. Como você protege essas lideranças políticas de violência, por exemplo? De cara, a gente começa com um número histórico de mais de três mil candidaturas e ainda deve aumentar. Então, é uma alegria muito grande saber que tem tanta gente nossa disposta a disputar a arena política. Sem diversidade, não há democracia”, afirma.

Para a pesquisadora, músico-educadora e compositora, Kely Guimarães, candidaturas de pessoas LGBT+ são importantes para abrangir as necessidades da comunidade.

“Em si tratando de políticas públicas de cidadania, é fundamental, a meu ver, que haja representantes LGBTQIA+ sim nas casas legislativas, pois essas pessoas podem conhecer mais intimamente as demandas e necessidades da classe que são muitas. Afinal, o poder público é em tese a representação do povo, não é?!”, explica a pesquisadora, músico-educadora e compositora, Kely Guimarães.

População LGBTQIA+ no Amazonas

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2022, ao menos 60 mil pessoas adultas no Amazonas se declararam homossexuais ou bissexuais. Mesmo assim, a pesquisadora, músico-educadora e compositora, Kely Guimarães, aponta que algumas discussões dentro das Casas Legislativas no Amazonas nem sequer consideram a população LGBTQIA+ como cidadãos.

“Em tese, o Estado é laico, entretanto, muitas das discussões que ocorrem dentro das casas legislativas no Amazonas e pelo Brasil sequer consideram a população LGBTQIA+ como cidadãos que pagam seus impostos e, portanto, requerem o mesmo respeito e equidade que os demais. Vê-se que raramente políticos têm tal consciência e respeito, infelizmente, não conseguem separar concepções religiosas, que são suas escolhas pessoais, com condições e tipos diversos de vida e de família”, argumenta.

No Amazonas, dos 2,6 milhões de habitantes de 18 anos ou mais, 2,5 milhões (94,1%) se declararam heterossexuais; 60 mil (2,3%) homossexuais ou bissexuais, e 97 mil pessoas (3,7%) não soube ou não quis responder sobre sua orientação sexual.

Em Manaus, entre 1,5 milhão de habitantes de 18 anos ou mais, 1,4 milhão (93,4%) se declararam heterossexuais; 46 mil (3,0%) homossexuais ou bissexuais, e 56 mil pessoas (3,6%) não soube ou não quis responder. A média nacional aponta que 1,8 da população adulta brasileira é homossexual ou bissexual.

Os dados sobre orientação sexual foram coletados, em 2019, no módulo da PNS que investigou a atividade sexual, destinado aos moradores de 18 anos ou mais.

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