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Homens têm 2,5 vezes mais chances de se eleger

Segundo levantamento do Observatório da Branquitude, os homens também são os que mais recebem recursos dos fundos eleitoral e partidário, sobretudo se for branco

A chance de um homem ser eleito é 2,5 vezes maior do que a de uma mulher. Os homens também são os que mais recebem recursos dos fundos eleitoral e partidário, sobretudo se for branco.

É o que mostra um estudo divulgado nesta segunda-feira (9) feito pelo Observatório da Branquitude, organização da sociedade civil que pesquisa a desigualdade no país.

O “think tank”, apoiado pelo Instituto Ibirapitanga e pela Open Society Foundation, analisou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre as eleições à Câmara dos Deputados de 2022 e 2018. Os dados mostram a desigualdade no financiamento das candidaturas quando se trata de gênero e raça/cor.

A discrepância se reflete no perfil dos parlamentares. Na eleição de 2022, a maioria dos eleitos foi de homens, representando 85% da Câmara. Significa que das 513 cadeiras da casa no Congresso Nacional 436 são ocupadas por homens. Enquanto as mulheres somam apenas 15% (isto é, 77 deputadas).

O desequilíbrio também é visto no recorte racial. Embora tenha havido um aumento da representação de pretos e pardos na Câmara de 2018 para 2022, a proporção ainda está longe de representar a sociedade brasileira. 

No último pleito para a casa legislativa, 107 deputados eleitos se autodeclaram pardos (20,8% do total) e 27 (5,6%), pretos. Já os brancos são 370 ou 72,12% do total.

A título de comparação, o Censo de 2022 mostra que pardos são 45,3% da população brasileira; pretos são 10,2% e brancos, 43,5%. Em relação a gênero, enquanto as mulheres são minoria na casa, elas representam mais da metade da população: 51,5% ante 48,5% de homens.

Segundo o levantamento do Observatório da Branquitude, quem recebe maior financiamento tem mais chances de ser eleito. Esse fenômeno foi visto tanto na eleição parlamentar de 2022 quanto na de 2018. 

De uma votação à outra, o impacto dos aportes às candidaturas aumentou: quem recebeu mais recursos dos partidos teve 6,6 vezes mais chances de ser eleito no último pleito. Há 6 anos, esse número era de 3,18 vezes.

Em ambas eleições, mais de 70% dos financiamentos se acumularam entre candidatos brancos, independentemente do gênero. Analisando só os dados de 2022, a divisão dos fundos partidário e eleitoral foi a seguinte: 71,56% da verba foi destinada para brancos; 22,79% para pardos; 4,6% para pretos; 1,03% para amarelos e 0% para indígenas.

Naquela eleição, o total de recursos distribuídos para candidatos foi de R$ 2,82 bilhões. Desse valor, 44% foram para homens brancos, o que significa uma cifra de pouco mais de R$ 1,24 bilhão. Mulheres brancas receberam 17,7% (R$ 485 milhões); homens negros, 23,4% (R$ 662 milhões) e mulheres negras, 14,3% (R$ 405 milhões).

O levantamento aponta que esse cenário de disparidade se manteve apesar das medidas eleitorais para aumentar a diversidade na política, como a quota mínima de 30% das candidaturas femininas e a emenda constitucional que estabelece contagem dobrada, para fins de distribuição de fundos, para candidatos negros e mulheres.

A coordenadora de pesquisa do Observatório da Branquitude, Carol Canegal, avalia que a desigualdade de financiamento e a discrepância de representação na política podem piorar ainda mais após a aprovação da PEC da Anistia, que perdoa a dívida dos partidos por descumprimento de cotas.

“Como num jogo de tabuleiro, estamos voltando algumas casas em relação à representatividade racial, sobretudo, e de gênero. E foi gritante perceber que a aprovação da PEC se deu numa grande união de todos os partidos”, diz Canegal. Ela continua: “Não importa se a sigla se posiciona à direita ou à esquerda, a distribuição de verba pública feita pelos partidos se concentra em candidatos brancos.”

É o que mostra o levantamento da organização. Mesmo estando em lados opostos, PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, têm perfis parecidos na Câmara. Em 2022, 73,91% dos petistas eleitos eram brancos; negros foram 23,19%, e indígenas, 2,9%. Já do lado bolsonarista, esses percentuais foram, na ordem, 73,74%, 25,25% e 1,01%.

*Com informações do site Valor Econômico

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