O ressurgimento de ideologias associadas ao nazismo e à extrema direita tem se tornado uma preocupação crescente em diversas partes do mundo. Essa tendência, alimentada por discursos populistas, desinformação e crises econômicas e sociais, desafia diretamente os princípios democráticos e os direitos humanos. A ascensão de figuras públicas polêmicas como Steve Bannon e Elon Musk, envolvidas em recentes controvérsias, intensificou o debate sobre o avanço dessas ideologias.
Em fevereiro de 2025, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), nos Estados Unidos, Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, foi acusado de realizar um gesto associado ao nazismo em seu discurso. O gesto provocou reações imediatas, gerando condenações públicas e alimentando o debate sobre a presença de elementos extremistas em movimentos políticos contemporâneos. Este incidente evidenciou como símbolos outrora repudiados têm sido sutilmente reinseridos em espaços de destaque político, normalizando posturas antes vistas como inaceitáveis.
Semanas antes, Elon Musk, figura de destaque na tecnologia e CEO da Tesla e da SpaceX, esteve no centro de uma polêmica semelhante. Durante um evento comemorativo da posse de Donald Trump para seu segundo mandato, Musk fez um gesto interpretado por muitos como uma saudação nazista. A controvérsia gerou indignação internacional, levando líderes mundiais, como o chanceler alemão Olaf Scholz, a condenarem publicamente o ato. Esses episódios levantam questionamentos sobre o impacto das ações de figuras influentes na legitimação de discursos extremistas.
A ascensão da extrema direita não se restringe aos Estados Unidos. Na Europa, partidos ultranacionalistas e movimentos neofascistas têm obtido avanços significativos em nações como França, Alemanha, Itália, Hungria e Polônia. Na França, partidos como o Rassemblement National, liderado por Marine Le Pen, têm conquistado espaço no cenário político, enquanto na Alemanha, o partido Alternativa para a Alemanha (AfD) vem ganhando força em eleições regionais.
Na Itália, a ascensão de Giorgia Meloni, com um discurso nacionalista e conservador, exemplifica o fortalecimento da extrema direita em um país que já vivenciou o fascismo histórico. Na Hungria e na Polônia, governos têm sido criticados por restringir liberdades democráticas e promover políticas nacionalistas e anti-imigração.
Na América Latina, observa-se um aumento no apoio a líderes de perfil autoritário, que adotam discursos conservadores e se opõem a movimentos progressistas. No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro representou uma onda de conservadorismo e por muito pouco não desferiu um golpe de estado, enquanto em países como Argentina e Chile, a retórica nacionalista ganha espaço, alimentada por crises econômicas e descontentamento popular.
O crescimento da extrema direita está associado a uma combinação de fatores socioeconômicos e culturais. A globalização, embora tenha trazido benefícios econômicos, também gerou desigualdades, levando a um sentimento de perda de identidade e insegurança em muitas populações. A crise migratória europeia, por exemplo, foi explorada por partidos de extrema direita para alimentar o medo e o ressentimento contra estrangeiros.
Além disso, as redes sociais desempenham um papel fundamental na disseminação de desinformação e discursos de ódio. Plataformas como X (antigo Twitter), Facebook e Telegram são frequentemente utilizadas por grupos extremistas para mobilizar apoiadores, espalhar teorias conspiratórias e reforçar ideologias antidemocráticas.
A pandemia de COVID-19 também desempenhou um papel significativo, gerando desconfiança nas instituições, impulsionando teorias conspiratórias e aumentando a polarização política. A desinformação relacionada às vacinas e às medidas de contenção foram frequentemente utilizadas por grupos de extrema direita para reforçar sua base de apoio.
O fortalecimento da extrema direita representa uma ameaça significativa às democracias contemporâneas. Esses movimentos frequentemente atacam instituições democráticas, desafiam o estado de direito e promovem discursos que legitimam a intolerância e o autoritarismo. A normalização de símbolos e gestos associados a regimes totalitários, como o nazismo, pode levar a sociedade a se tornar menos sensível e a aceitar tais práticas discriminatórias e violentas.
O avanço da extrema direita também ameaça a liberdade de imprensa, os direitos das minorias e o pluralismo político. Em países onde esses movimentos alcançaram poder, observa-se um aumento da censura, da repressão a opositores políticos e da erosão dos direitos civis.
Diante do crescimento da extrema direita, torna-se essencial fortalecer as instituições democráticas e promover uma cultura de respeito aos direitos humanos. A educação cívica, a promoção do pensamento crítico e o combate à desinformação são fundamentais para proteger a democracia.
É necessário um esforço conjunto entre governos, sociedade civil e organizações internacionais para enfrentar essa ameaça crescente. O futuro da democracia global depende da capacidade das sociedades de resistirem ao avanço do extremismo e reafirmarem os valores de liberdade, igualdade e justiça.

*Farid Mendonça Júnior é advogado, economista, administrador e Assessor Parlamentar no Senado Federal
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