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semana santa

Caminhar, peregrinar

Na Semana Santa, seguimos com Cristo o caminho do amor, do despojamento e da esperança que brota da cruz e nos conduz à ressurreição

Foto: Reprodução

“Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está cima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu e na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Fl 7,6-11).

Jesus iniciou a sua missão na Galileia e chegou a Jerusalém. Chega ao fim do “caminho” começado: anunciou o novo Reino, curou, consolou, ofereceu palavras de esperança, reconciliou, apresentou a vida nova da fraternidade, reinseriu na vida social e na comunidade de fé os tomados pela lepra, visibilizou a paternidade de Deus, alimentou os famintos de pão e de justiça, revelou o Espírito capaz de transformação, de vida nova.

Em Jerusalém tudo chega ao ápice: irrompe a salvação de Deus! O último gesto é a entrega, o amor consumado até a morte. Do amor da cruz nasce o Reino da nova humanidade, livre, onde todos são irmãos e irmãs no amor. Da Cruz, lugar da entrega, do amor, do irromper da vida nova, os apóstolos, os seguidores e seguidoras de Jesus, anunciarão a instauração do novo Reino.

Com os ramos entramos com Jesus na cidade de Jerusalém: partilha do amor, da dor e da ressurreição! Caminhamos com Jesus na quaresma, agora entramos na espacialidade da participação de sua morte e ressurreição. Antes, nos sentaremos com ele à mesa, caminharemos até o Gólgota, o veremos crucificado, morto e entraremos na expectativa da Luz que nasce da Cruz. Com a celebração do fogo novo vislumbraremos a certeza de que fomos salvos nele, pois participamos da morte e da ressurreição.

Com a Semana Santa, Jesus indica outro caminho, o caminho santo que só Ele e o Pai conhecem: aquele que vai da “condição divina” à “condição de servo”. O caminho da humilhação na obediência “até à morte e morte de cruz” (Flp 2,6-8). Ele a visibilizar que a verdadeira vida se deve dar espaço a Deus. O espaço a Deus, vem pelo despojamento, o esvaziamento de si mesmo. Não entende, não compreende, mas permanece na fidelidade e confiança! Na cruz, não se pode negociar: abraça-se ou recusa-se. E, com a sua humilhação amorosa, Jesus abriu o caminho da fé, da esperança, do amor.

“Cristo não era Rei de Israel para impor tributos, nem para ter exércitos armados e guerrear visivelmente contra seus inimigos; era Rei de Israel para direcionar corações, dar conselhos de vida eterna, conduzir ao reino dos céus os que estavam cheios de fé, esperança e de amor” (cf. Santo Agostinho). Ao ingressar na cidade de Jerusalém, com a Semana Santa, podemos aclamar com São Paulo: “Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”!

Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo de Manaus

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