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Fusão do Podemos com o PSDB pode gerar riscos para siglas

Senador destaca fortalecimento da nova legenda no cenário nacional

Foto: Divulgação/PSDB

A fusão entre o Podemos e o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) é vista com risco, não somente no Amazonas, como em todas as federações. O motivo, seria a perda de identidade e ideologias que cada sigla tem desde o surgimento.

O cientista político Carlos Santiago explicou que a fusão entre partidos políticos é distinta tanto da federação quanto da incorporação. Enquanto a federação preserva a identidade ideológica de cada sigla e a incorporação elimina uma delas, a fusão cria um novo partido, com identidade própria.

“É uma fusão diferente de federação em que as siglas mantêm as suas autonomias de direção ideológica, diferente também da incorporação em que uma sigla incorpora uma outra que deixa de existir. No caso da fusão, duas ou mais siglas se juntam para criar uma terceira sigla”.

“E neste caso, há uma grande preocupação com relação à união de um partido como Podemos, que é um partido de direita declaradamente, com o partido que surgiu no Brasil que já elegeu duas vezes o presidente da república, que é o PSDB com uma proposta de social democracia, um partido de centro esquerda”, completou

Possíveis conflitos

Santiago demonstrou preocupação com as divergências ideológicas entre as duas legendas, que podem gerar instabilidade na nova formação. Para ele, a fusão pode funcionar como uma “tábua de salvação” para os políticos envolvidos, mas também representar o início de uma crise.

“No fundo, é uma busca de sobrevivência dos políticos hoje filiados ao PSDB e ao Podemos, mas pode não ser a solução, pois que esses dois partidos unidos podem criar conflitos internos no sentido da melhor postura ideológica, pois o PSDB é um partido de uma tradição social-democrata e o Podemos é um partido de direita”.

“Pode ser a salvação desses políticos, mas também pode ser o início de uma grande confusão e também uma derrocada para as duas siglas, já que pelo momento atual das direções partidárias, não se tem muita clareza que posicionamento político crítico, ideológico, será essa nova sigla fruto desta fusão”.

Realidade amazonense

No contexto local, Santiago avalia que não haverá grandes impactos com a mudança, uma vez que os representantes do PSDB e do Podemos no Amazonas têm perfil político semelhante, com inclinação à direita.

“No plano local, os filiados ao PSDB e ao Podemos, como Alessandra Campelo, como Plínio Valério, nos últimos anos, possuem posições bem de direita, bem conservadora, de uma linha política bem tradicional no estado do Amazonas. São políticos até que eu diria adesistas, por isso que para eles não vai fazer muita diferença estarem no Podemos, no PSDB ou em outra sigla fruto dessa fusão”.

Discurso oficial prega união e moderação

Em nota oficial, o Podemos demonstrou entusiasmo com a fusão. A presidente nacional do partido, deputada federal Renata Abreu (SP), afirmou que a união visa fortalecer um caminho de moderação no cenário político.

“A soma de forças entre nossas siglas representa não apenas o crescimento de nossas estruturas, mas, principalmente, a união de propósitos e valores que colocam o interesse público acima de disputas ideológicas e extremismos”.

“Essa sinalização fortalece o caminho que já vínhamos construindo, pautado pelo diálogo, respeito mútuo e pela busca de uma alternativa sólida para o Brasil — uma alternativa que una forças comprometidas com o centro democrático, a estabilidade institucional e o desenvolvimento sustentável do país”.

Atualmente, PSDB e Podemos somam 25 cadeiras na Câmara dos Deputados — 13 tucanos e 12 parlamentares do Podemos. No Senado, o Podemos tem quatro cadeiras e o PSDB, três. O PSDB governa dois estados no Executivo.

Avaliação

senador Plínio Valério (PSDB) avaliou nesta quarta-feira (30) ao Em Tempo, ser positiva a fusão entre PSDB e Podemos, destacando que a união fortalece a nova legenda no cenário nacional, especialmente em termos de estrutura partidária.

“Essa fusão é muito boa no aspecto que cria um partido forte, com o fundo partidário grande, com número de federais beirando 30, senadores 7 e tempo de televisão que dobra. O PSDB tinha pouco, o PDT tinha pouco juntando. Do ponto de vista nacional é muito bom. Nasce um partido que pode ter uma candidatura a presidente para se meter nessa polarização de lulismo e bolsonarismo”.

A executiva nacional do PSDB autorizou, em votação unânime, nesta terça-feira (29), o avanço das negociações para uma fusão com o Podemos. Os dirigentes também decidiram convocar uma convenção nacional, marcada para 5 de junho, para confirmar o arranjo.

A fusão, que também terá de ser aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dará origem a um novo partido — por ora, chamado de “PSDB+Podemos”. A expectativa é que o Podemos também convoque uma convenção em junho. Só após essas etapas o novo partido poderá ser registrado junto ao TSE.

Liderança assegurada

Plínio Valério afirmou que a nova configuração fortalece não apenas a legenda, mas também sua atuação política pessoal. O senador permanecerá como presidente da sigla no Amazonas, posição garantida por acordo entre os partidos.

“Do ponto de vista individual, eu, Plínio Valério Senador, muito bom para mim, que me dá o tempo de TV, que eu precisava ter, que era o único problema que eu tinha no PSDB. Vou continuar assim no PSDB, vou continuar presidente do partido, porque o acordo é onde tiver o senador, o senador comanda o partido. No caso do Amazonas, seremos nós. Claro, então permanecer e continuar buscando a reeleição”.

Contexto político

A deputada Alessandra Campêlo, o Comandante Dan Câmara e o Dr. Gomes são os deputados filiados ao Podemos no Amazonas. Alessandra é vice-líder do governador Wilson Lima (União), enquanto Dr. Gomes também integra a base aliada. O Comandante Dan Câmara, embora esteja na base do governo, tem atuação mais independente.

No plano local, Plínio e os demais parlamentares mantêm uma linha política conservadora e tradicional, o que deve suavizar o impacto da nova sigla.

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