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Transtornos

Greve dos auditores trava a Zona Franca de Manaus

Continuidade da greve, sem solução imediata, coloca em risco um dos mais importantes polos industriais da Amazônia

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que causa prejuízos gigantescos desde novembro de 2024 ao país, tem provocado impactos cada vez mais graves no Polo Industrial da Zona Franca de Manaus.

A adoção da chamada operação-padrão levou a um represamento de mercadorias nos portos, aeroportos e terminais alfandegados da capital amazonense, afetando diretamente a produção das indústrias locais.

Empresas de ar-condicionado já enfrentam o risco de paralisar linhas inteiras de produção por falta de insumos essenciais, como o gás refrigerante. Segundo José Jorge Nascimento Júnior, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), a liberação de mercadorias tem demorado mais de 30 dias, comprometendo a continuidade das operações industriais e gerando apreensão generalizada no setor.

A situação se agravou ainda mais com o anúncio do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco Nacional), que informou a intensificação da operação-padrão para 100% das fiscalizações durante dois dias por semana nas unidades de fronteira.

Com isso, a média de atraso na liberação de cargas, que já gira entre 10 e 20 dias úteis, tende a aumentar substancialmente, podendo paralisar o fluxo logístico da Zona Franca de Manaus. O represamento logístico pode forçar inclusive a interrupção de atividades em setores estratégicos e a demissão de trabalhadores.

Demissões em massa

“O que está sendo priorizado hoje são mercadorias perecíveis e de primeira necessidade. Os insumos industriais ficam em segundo plano, gerando gargalos operacionais que ameaçam a sustentabilidade econômica do Polo”, alertou o presidente da FIEAM, Antônio Silva.

Segundo ele, algumas linhas de produção já foram interrompidas, e há risco concreto de demissões em massa caso a greve se estenda ainda mais.

A sobrecarga nos portos também é um fator crítico. O diretor-presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Ralph Assayag, afirmou que o prazo para liberação das cargas varia de 20 a 50 dias. Assayag criticou ainda a ausência de diálogo do Governo Federal, considerando que os prejuízos causados pela greve já superam os custos de qualquer reajuste salarial.

Outro setor em alerta é o comércio. Aderson Frota, presidente da Fecomércio-AM, destacou que os impactos da paralisação recaem sobre o consumidor final, especialmente os de menor renda.

Enquanto isso, os navios de carga continuam chegando aos portos de Manaus, aumentando o risco de colapso logístico. Em janeiro, o coordenador do Comando Nacional de Mobilização (CNM), Marcus Dantas, já alertava que o porto Chibatão e o SuperTerminais estavam próximos do estrangulamento.

Falta de compromisso

A greve dos auditores tenta pressionar o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) a cumprir um compromisso firmado em maio de 2024, que previa a regulamentação do bônus de eficiência e a recomposição salarial da categoria. O MGI, por sua vez, alegou que o acordo resultou em remuneração total para o topo da carreira de auditor fiscal de até R$ 42,7 mil.

Entidades como a Eletros, FIEAM e o CIEAM têm buscado diálogo com o Governo Federal para evitar um colapso na economia do Amazonas. A ZFM é um modelo estratégico de desenvolvimento para a Amazônia, gerando milhares de empregos e contribuindo para a preservação ambiental por meio de sua política de incentivos.

Preservar a operação regular da ZFM não é apenas uma questão econômica, mas um compromisso com a sustentabilidade e com o futuro da região. A continuidade da greve, sem solução imediata, coloca em risco um dos mais importantes polos industriais da Amazônia.

Juscelino Taketomi

¹Articulista do Portal Em Tempo, Juscelino Taketomi, é Jornalista. Há 28 anos é servidor da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam)

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