Manaus (AM) – As articulações da direita no Amazonas para as eleições de 2026 seguem movimentando os bastidores da política local. Entre os nomes colocados em discussão está o da professora Maria do Carmo Seffair (PL), que tem se apresentado como pré-candidata ao governo do estado. Também tem sido ventilada, por aliados, a possível candidatura do Coronel Menezes, ex-filiado ao PL e atualmente, presidente municipal do Partido Progressistas (PP).

Diante das especulações sobre um possível racha no campo conservador, lideranças do PL negaram qualquer divisão interna e reforçaram o apoio à pré-candidatura de Maria do Carmo. Representantes do partido classificaram como infundadas as informações de que Menezes poderia assumir a cabeça de chapa nas eleições majoritárias.

“Atualmente, o Partido Liberal Amazonas segue firme em seu propósito de campanha ao governo com a professora Maria do Carmo. Qualquer avanço nas articulações da sigla será informado previamente”, declarou ao Em Tempo o presidente estadual do PL, Alfredo Nascimento.

O líder do Movimento Conservador Amazonas, Sérgio Kruke, também foi categórico ao negar qualquer divisão interna e reforçou o alinhamento do grupo à pré-candidata.

“Essa possibilidade é totalmente fora de cogitação. Ela [Maria do Carmo] está muito bem cotada e não existe essa chance de deixar de ser candidata, principalmente porque o próprio Alfredo, o Bolsonaro e a Michelle já deram apoio direto a ela”, afirmou.

Ao comentar diretamente os rumores envolvendo Alfredo Menezes, Kruke não poupou críticas.
“Esse movimento aí é só do Menezes e dos amigos dele, mais ninguém. Menezes é carta fora do baralho faz tempo”, disparou.

Segundo ele, o coronel está “esquecido” pelo eleitorado bolsonarista e não possui mais respaldo dentro do PL. Kruke também destacou que não há qualquer vínculo institucional entre Menezes e o partido desde sua saída. “Há apenas litígios judiciais. A filha dele ainda segue filiada e deve disputar a reeleição, apesar da situação delicada”, acrescentou.

Menezes diz que aguarda definição de Bolsonaro

Atualmente filiado ao Partido Progressistas (PP-AM), legenda de centro-direita que integra a base do governador Wilson Lima (União Brasil), Coronel Menezes rebateu as declarações e afirmou que o cenário político ainda está em construção. Para ele, embora o nome de Maria do Carmo esteja em evidência, ainda carece de fortalecimento interno e popular.

“A direita no Amazonas acompanha com atenção e cautela o cenário para o pleito de 2026. Embora o nome da professora Maria do Carmo Seffair tenha ganhado visibilidade como pré-candidata ao governo pelo Partido Liberal (PL), há uma percepção crescente de que ela ainda precisa consolidar sua base política, superar resistências internas na sigla e ampliar seu nível de conhecimento junto à população”, avaliou.

Ele também lembrou que já foi testado nas urnas, ao disputar o Senado em 2022, quando obteve mais de 737 mil votos. “Já coloquei meu nome à disposição da população e do grupo político ao qual pertenço, sempre com o compromisso de servir ao nosso Estado e defender os valores que acreditamos”, afirmou.

O compadre de Bolsonaro destacou que a decisão final sobre candidaturas caberá às lideranças nacionais da direita, sobretudo ao ex-presidente.

“Acredito que o candidato que estiver mais alinhado com Bolsonaro, por ser a maior expressão da direita no país, terá maior êxito na missão de representar o povo e os princípios da direita. Como um bom soldado, sigo aguardando o posicionamento do meu comandante”, concluiu.

Corrida pelo Senado

O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) é, até o momento, o nome escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para disputar uma das duas cadeiras do Amazonas no Senado Federal em 2026. Procurado pela equipe do Em Tempo, o parlamentar preferiu não comentar o assunto.

Apesar do silêncio, seu nome vem sendo politicamente trabalhado e fortalecido dentro do campo conservador. No entanto, a disputa promete ser acirrada, já que outros nomes de peso da política amazonense também demonstram interesse nas vagas.

Alberto Neto deve enfrentar os atuais senadores Eduardo Braga (MDB) e Plínio Valério (PSDB), que devem buscar a reeleição. Além deles, é possível que novas candidaturas sejam confirmadas até o prazo final de filiações, em abril de 2026 — entre elas, a do próprio governador Wilson Lima (União Brasil), que tem testado sua aceitação em diferentes regiões do estado.

Direita ainda enfrenta rachaduras internas

Segundo o analista político Afrânio Soares, o PL no Amazonas enfrenta, de fato, uma rachadura interna. Embora as principais lideranças do partido estejam tentando demonstrar unidade em torno da pré-candidatura de Maria do Carmo ao governo estadual, o especialista afirma que a direita no estado ainda está dividida e atravessa um processo de fragmentação, com disputas internas por espaço e protagonismo.

“O PL é um partido que representa a direita, sem dúvida, tanto que ele é do interesse até do governador Wilson Lima, que também se coloca como direita, digamos assim, mas hoje a direita no Amazonas tá fragmentada”, pontua.

Afrânio também observa que, embora Maria do Carmo tenha entrado no partido com a intenção de disputar o governo, a legenda trabalha para atender a outras ambições políticas, como o retorno de Alfredo Nascimento à Câmara dos Deputados e a candidatura de Alberto Neto ao Senado.

Sobre Coronel Menezes, Afrânio acredita que ele não deve entrar na disputa pelo governo do estado, apesar de seu nome ser ventilado por aliados.

“O Coronel Menezes, não creio que venha como candidato a governador, apesar do nome dele ser ventilado por aliados. Acho que deve disputar como deputado federal, o que seria mais viável para ele. Quanto à Maria do Carmo, tem um posicionamento muito autêntico e está interessada em vir como cabeça de chapa. As críticas ligadas a Parintins devem se acalmar com o tempo. Ainda está cedo, há muita especulação”, argumenta.

Na visão do cientista político Carlos Santiago, a direita no Amazonas está diretamente atrelada à figura de Jair Bolsonaro. Segundo ele, quem receber o apoio do ex-presidente terá mais força política e eleitoral no estado.

“As figuras que hoje se colocam como representantes da direita no Amazonas são, na verdade, adesistas ao bolsonarismo. Maria do Carmo, por exemplo, até pouco tempo era do PSDB. Já Alfredo Nascimento agora se declara de direita, mesmo tendo integrado governos petistas. Não existe uma direita autêntica, raiz, no Amazonas”, afirmou.

Santiago avalia ainda que, enquanto Bolsonaro não definir seu apoio para o governo e para o Senado em 2026, as articulações continuarão baseadas em especulações. “Sem Bolsonaro, essa direita adesista não vai muito longe. Isso já ficou evidente nas eleições de 2024, quando Alfredo Menezes, sem o respaldo direto de Bolsonaro, teve desempenho eleitoral fraco ao compor a chapa de Roberto Cidade (UB)”, concluiu.

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