Manaus (AM) – A Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) abriu investigação sobre a recorrente remarcação de cirurgias ortopédicas na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), em Manaus.
O problema, segundo a assessoria, tem sido atribuído à falta de insumos hospitalares, especialmente materiais estéreis, o que tem gerado transtornos para os pacientes.
A apuração ocorre no âmbito de um Procedimento Coletivo (PC), coordenado pelo Núcleo de Defesa da Saúde (Nudesa), com foco nas falhas do fluxo cirúrgico da unidade.
Segundo o defensor público Arlindo Gonçalves Neto, muitos pacientes têm seus procedimentos cancelados no momento da cirurgia.
Falta de insumos estéreis agrava problema
“Já recebemos denúncias sobre a ausência de material estéril, mas agora isso foi confirmado na reunião com a direção do hospital. Há casos em que os insumos, mesmo após passarem por esterilização, chegam impróprios para uso”, afirmou o defensor.
A situação se repete com frequência, afetando diretamente pacientes que esperam por anos para realizar o procedimento.
“O paciente é internado, se prepara para a cirurgia e, na hora, o procedimento é desmarcado. Isso é desumano”, completou Gonçalves.
Opera+ e os pedidos da Defensoria
A DPE-AM também solicitou esclarecimentos sobre o mutirão de cirurgias do programa “Opera+ Amazonas”, que prevê mais de 40 mil procedimentos entre junho e dezembro de 2025.
No ofício enviado à direção do hospital, a Defensoria pede:
- Lista dos procedimentos contemplados;
- Nomes dos pacientes atendidos;
- Relação dos que tiveram cirurgias canceladas ou suspensas;
- Detalhamento do estoque atual de insumos;
- Explicações sobre a recorrente ausência de materiais.
Resposta do Hospital
Segundo a FHAJ, os cancelamentos representariam 2% do total de cirurgias. A Defensoria busca agora confirmar esse dado para dimensionar o número real de pessoas prejudicadas.
“Vamos verificar qual o volume dessas ocorrências. Não sabemos dizer se são muitas, mas, segundo a direção do Hospital Adriano Jorge, isso acontece em 2% das cirurgias”, concluiu.
Sobre o Procedimento Coletivo
O Procedimento Coletivo é uma ferramenta administrativa usada pela Defensoria Pública para apurar irregularidades que afetam grupos sociais. Regido pela Resolução 023/2022-CSDPE/AM, o PC serve como etapa preparatória para eventual ação judicial.
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