Eduardo Bolsonaro volta a atacar Tarcísio e cobra anistia ao pai nas negociações com Trump
A cinco dias da entrada em vigor das tarifas americanas de 50% sobre produtos brasileiros, anunciadas pelo presidente Donald Trump, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reacendeu os ataques contra Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, por deixar a anistia de Jair Bolsonaro fora da pauta diplomática com os Estados Unidos.
Sem citar nomes, o deputado publicou nas redes:
“É hora dos homens tirarem os adultos da sala” — uma crítica direta à postura “moderada” de Tarcísio durante o evento Expert XP, onde o governador afirmou buscar soluções técnicas e discretas para o impasse comercial com o governo Trump.
Traição
Eduardo vê traição no silêncio. Ele sustenta que a raiz do problema não está apenas na economia, mas na “perseguição política” a Bolsonaro, citada nominalmente por Trump em carta recente. Para o deputado, não há como negociar com Washington sem tocar na questão da inelegibilidade e da crise institucional envolvendo o STF.
“Desconfie de quem finge se preocupar com tarifas, mas ignora os presos políticos e a carta de Trump”, escreveu. Em outro post, ironizou autoridades brasileiras: “Nos EUA e na Europa, Trump foi claro. Só no Brasil fingem que não entenderam”.
O governador do Paraná, Ratinho Júnior, também virou alvo. Ele havia dito que a tensão comercial com os EUA “não é sobre Bolsonaro”.
Eduardo rebateu com sarcasmo: “Quantas postagens e cartas Trump ainda precisa fazer para vocês entenderem que é, sim, sobre Bolsonaro e seus apoiadores?”
Bastidores da disputa na direita
Os ataques de Eduardo não são apenas ideológicos. Nos bastidores, a disputa é por protagonismo no campo da direita para 2026. Com Bolsonaro pai inelegível, Tarcísio e Ratinho despontam como presidenciáveis viáveis. Eduardo, exilado nos EUA e cada vez mais radicalizado, tenta manter sua fatia entre os ultrabolsonaristas.
A trégua entre ele e Tarcísio, costurada por aliados como Paulo Figueiredo, parece ter durado pouco. As falas do governador paulista sobre maturidade política e “botar a bola no chão” foram entendidas por Eduardo como indiretas — e, para ele, inadmissíveis diante do que chama de “caçada jurídica ao meu pai”.
A escalada de críticas de Eduardo Bolsonaro contra governadores de direita como Tarcísio e Ratinho Júnior revela um racha cada vez mais explícito no campo conservador. Com Jair Bolsonaro fora das urnas, o bolsonarismo enfrenta o dilema: disputar espaço com quem se afasta do extremismo ou manter-se fiel à retórica radical e arriscar o isolamento político.
Leia mais:
Eduardo Bolsonaro critica missão de senadores aos EUA para barrar tarifas
