O juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, determinou a transferência imediata dos influenciadores Hytalo Santos e Israel Nata Vicente, conhecido como Euro, de São Paulo para a Paraíba. O casal é alvo de uma investigação que envolve exploração e exposição de menores, além de tráfico humano.

Na decisão, o juiz não fixou prazo, mas afirmou que a transferência deve ocorrer “o mais rápido possível”, já que o delegado responsável tem apenas 10 dias para concluir o inquérito, por se tratar de réus presos.

A ordem foi encaminhada às Secretarias de Segurança Pública da Paraíba e de São Paulo. Segundo o juiz, os custos da transferência devem ser arcados pelo Estado da Paraíba. Até o momento, nenhuma das secretarias respondeu aos questionamentos da imprensa.

Casal deixou cadeia em São Paulo chorando

Na tarde de segunda-feira (18), Hytalo Santos e Euro foram transferidos da cadeia pública de Carapicuíba, na Grande São Paulo, para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou que eles chegaram ao CDP I de Pinheiros por volta das 15h50. Ao deixarem a cadeia, os dois choraram.

Os influenciadores haviam sido presos na última sexta-feira (15), em Carapicuíba, após mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça da Paraíba. Inicialmente, ficaram detidos no 1º Distrito Policial da cidade.

Investigações envolvem crimes graves

Hytalo e Israel são investigados pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). As acusações incluem exploração sexual e exposição de menores em vídeos publicados nas redes sociais, além de suspeitas de tráfico humano.

A Justiça negou, no sábado (16), o pedido de liberdade apresentado pela defesa. Apesar de o casal já estar sob investigação há anos, a prisão preventiva só ocorreu após um vídeo publicado pelo influenciador Felca, com cerca de 50 minutos, viralizar na internet.

No vídeo, Felca expõe práticas envolvendo a erotização e adultização de crianças e adolescentes em conteúdos produzidos por Hytalo e outros influenciadores. As gravações ocorreriam em uma mansão comprada por Hytalo na Paraíba.

Tentativa de fuga e derrubada das redes sociais

Segundo o Ministério Público, após a divulgação do vídeo, Hytalo e Euro deixaram o imóvel e viajaram de carro até São Paulo, onde alugaram uma nova residência. A Justiça entendeu a mudança como tentativa de fuga e, a partir disso, decretou as prisões.

A Justiça também ordenou a derrubada das redes sociais dos investigados.

Defesa diz que prisão é “ilegal”

O advogado do casal, Felipe Cassimiro, classificou a decisão judicial como “ilegal”. Ele ainda não apresentou novos recursos até a última atualização desta reportagem.

Enquanto isso, Felca revelou que passou a receber ameaças de morte pelas redes sociais após as denúncias. A SSP-SP informou que pode investigar o caso, mas a vítima precisa registrar uma representação formal, o que ainda não foi feito.

A Justiça de São Paulo, a pedido dos advogados de Felca, determinou que o Google quebre o sigilo de uma conta de e-mail usada para enviar as ameaças ao influenciador.

Detalhes da investigação

As investigações foram iniciadas em 2024 e seguem conduzidas por duas promotorias distintas:

Promotoria de Bayeux

A promotora Ana Maria França investiga denúncias feitas por vizinhos do condomínio onde Hytalo morava. Segundo relatos, adolescentes faziam topless e participavam de festas com bebidas alcoólicas no local. A apuração começou no fim de 2024.

Promotoria de João Pessoa

O promotor João Arlindo conduz investigações sobre um possível esquema envolvendo a emancipação irregular de menores. Segundo ele, Hytalo oferecia presentes como celulares às famílias dos adolescentes em troca da autorização legal. O promotor afirmou que o relatório final da investigação será concluído na próxima semana.

Hytalo foi ouvido pelas autoridades e negou todas as acusações.

O que é emancipação?

A emancipação permite que adolescentes entre 16 e 18 anos adquiram a capacidade civil plena, podendo assinar contratos, comprar e vender bens, entre outros atos da vida civil, como se fossem maiores de idade.

(*) Com informações do G1
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